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Revista O Instalador foi media partner do evento que juntou em Lisboa 470 pessoas

Portugal Renewable Summit 2019: especialistas alertam para o urgente compromisso energético

Ana Clara | Jornalista e Diretora29/11/2019

A APREN - Associação de Energias Renováveis organizou, esta quinta-feira, 28 de novembro, a sua conferência anual, subordinada ao tema “Da transição ao compromisso energético”. O evento teve lugar na Fundação Oriente, em Lisboa.

Inês dos Santos Costa, secretária de Estado do Ambiente. Foto: Ana Clara

Inês dos Santos Costa, secretária de Estado do Ambiente. Foto: Ana Clara

O evento começou com a intervenção de Pedro Amaral Jorge, presidente da APREN, que realçou a importância do tema, lembrando que “as renováveis estão na ordem do dia e que o tema da contribuição das renováveis para a transição energética é cada vez mais notado”.

Vincou o “interesse enorme pela conferência este ano”, que contou com a participação de 470 pessoas”, o qual, esteve centrado em quatro grandes temas: ‘Cidadania na transição energética’, ‘Ferramentas de financiamento e decisões de investimento’, ‘PNEC – Plano Nacional de Energia e Clima’ e ‘Principais desafios do setor energético até 2030”.

Pedro Amaral Jorge deu ainda conta de uma novidade na edição deste ano: a oferta a todos os oradores de um certificado de plantação de 10 árvores a cada participante de espécies autóctones nas quais se incluem castanheiros, pinheiro manso, sobreiros, azinheiras.

“Esta é uma contribuição da nossa parte, indireta, para a preservação da Biodiversidade” no país, disse.

Inês dos Santos Costa, secretária de Estado do Ambiente, que fez a abertura da sessão, começou por dizer que acredita que “o objetivo de uma economia é garantir o bem-estar social da sua comunidade, dentro dos limites ecológicos e do sistema ambiental que os suporta”. “E ao contrário do que muitos economistas defendem, eu não acredito que a principal característica que nos define enquanto espécie seja o interesse pessoal mas sim a capacidade de colaborar e confiar no próximo para ultrapassar desafios e prosperar”, acrescentou.

A governante, começou a sua comunicação, com várias perguntas lançadas à plateia: “Se de hoje para amanhã a nossa produção de energia fosse 100% renovável, do ponto de vista ambiental, significa que eu posso ter a luz da minha casa sempre acesa? O meu carro sempre ligado? A fábrica sempre a produzir?”.

Nesta linha de interrogações, prosseguiu, dizendo que “existe entre muitos a ideia de que basta trocar combustíveis fósseis por energias renováveis para que todos os nossos problemas se resolvam e assim tenhamos energia limpa, acessível e abundante para as nossas necessidades”.

“Acontece que as energias renováveis são, por natureza, difusas, e por isso, terão sempre de ser faturadas através de estruturas materiais. E embora a energia seja, de facto, limpa, essas estruturas materiais podem não ser. Produzir de modo renovável a energia necessária para uma economia global até 2050 irá exigir, segundo estimativas do Banco Mundial, 34 milhões de toneladas de cobre, 40 milhões de toneladas de chumbo, 50 milhões de toneladas de zinco, 162 milhões de toneladas de alumínio e cinco mil milhões de toneladas de ferro. Isto, para não falar de outros metais críticos e preciosos”, sublinhou.

Inês dos Santos Costa recordou também que, hoje, “a ciência diz-nos que a taxa de uso de materiais já excede, em muito, o nível considerado como sustentável. É verdade que precisamos de uma transição energética o mais rapidamente possível, mas é fundamental ter presente quais os impactos sistémicos do modo como fazemos essa transição”, avisou.

“Em primeiro lugar uma transição de fóssil para renováveis não pode ser feita transferindo impactos para outros sistemas ambientais, seja para o nosso solo, água, ar ou para a biodiversidade. Afinal são 17 os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. E energia limpa e acessível é apenas um desses objetivos. É, pois, importante pensar de modo integrado ao longo de todo o sistema de valor das energias renováveis. Por exemplo, reduzir a pegada hídrica na extração dos minerais, saber extrair materiais e que usamos e desperdiçamos todos os dias. Falo do telemóvel que tenho no bolso e das baterias usadas”, afirmou, lembrando que “a única energia verdadeiramente limpa é a que não consumimos e não se trata apenas de um desafio tecnológico, de eficiência ou de inovação”.

"Precisamos de ser mais inteligentes com o uso dos nossos recursos"

A secretária de Estado do Ambiente sustentou que “Portugal é hoje mais eficiente do ponto de vista energético, e o consumo de energia por unidade de riqueza gerado tem vindo a decrescer. O mesmo podemos afirmar no que respeita à intensidade carbónica. Este é o resultado de processos mais eficientes, menos poluentes e uma mudança de produtos intensivos em materiais para serviços desmaterializados. Mas isso não significa que haja menos consumo”

Em Portugal, relembrou, o consumo interno bruto de energia de materiais cresceu desde 2014, acompanhando a retoma da economia. “E isto é também o que se verifica a nível global, como o relatório das Nações Unidas apontou esta semana. Crescem as emissões, cresce a extração e o processamento de materiais. E para um gás de efeito de estufa e para os recursos em termos gerais, o que acontece a nível global é determinante”.

Por fim, a governante frisou que “precisamos de ser mais inteligentes com o uso dos nossos recursos, sejam os mesmos renováveis ou não. Para isso não basta ser eficiente, temos também temos de ser eficazes e suficientes pensando de forma sistémica. Por exemplo, na União Europeia cerca de 100 a 150 milhões de toneladas de bio resíduos são desperdiçados anualmente. A maioria é colocada em aterro ou incineradoras, com óbvio impacto ambiental. É um desperdício de nutrientes, energia e matérias-primas. Por isso a UE apostou na recolha seletiva e está a orientar o próximo quadro de investimento para privilegiar formas mais eficazes de aproveitamento energético e renovável. Por tudo isto, é fundamental integrar uma visão sistémica e princípios de uma economia circular às nossas estratégicas, sejam elas políticas, tecnológicas ou de gestão. Precisamos de desenhar para zero poluição e regenerar o nosso capital natural”.

“Para mim é claro o nosso papel para introduzir uma economia circular de baixo carbono, na economia, na sociedade e na governança. Porque as contas certas devem ser feitas e têm de ser feitas com o Ambiente. E vamos traduzir esse compromisso em dez missões para os próximos anos, nas quais muitas destas medidas estão elencadas. Engels disse que «a história repete-se, pelo menos, duas vezes», Marx acrescentou que «a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa». Não podemos continuar a achar que iremos resolver os problemas do presente com modelos de negócio, de governança, de produção e de consumo e de cidadania do século passado. Se assim for estamos condenados a repetir os mesmos erros”, conclui, em jeito de alerta.

Alterações climáticas: a "realidade inegável"

Entre os vários oradores, destaque também para a comunicação de Júlia Seixas, professora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, sobre o tema das alterações climáticas.

Foto: Ana Clara
Foto: Ana Clara

A docente alertou para esta “realidade inegável” e para os efeitos que já está a ter em todo o mundo, desde o nível da subida do mar, e que “afetará em Portugal 800 mil pessoas”, grandes incêndios, desflorestação, entre outras realidades. Além disso, defende Júlia Seixas, “ao longo de todo este processo, a Natureza fica destruída e não se consegue regenerar”.

Também João Galamba, secretário de Estado da Energia, que participou no Portugal Renewable Summit 2019, analisou o tema da transição energética, deixando no ar a ideia de “reciclar” as centrais termoelétricas do Pego (concelho de Abrantes) e de Sines, cuja data de encerramento foi recentemente anunciada pelo Governo.

“É uma dúvida que tenho: não será também possível reciclar as centrais a carvão? Não sou engenheiro mas sei que, se queimam coisas, podem queimar outras. É um desafio que deixo: olhar para o Pego e para Sines e tentar perceber se, em vez de serem desmanteladas, podem vir a ser total ou parcialmente convertidas e reaproveitadas e, assim, beneficiar da descarbonização do setor do gás. Não tenho certezas sobre isto, mas deixo o desafio”.

Para João Galamba, “a eletricidade renovável pode dar um extraordinário contributo aos gases renováveis. No caso do hidrogénio, o baixo custo da produção de energia solar significa uma grande oportunidade para a produção de hidrogénio para injeção na rede de gás natural”. Esta é uma das intenções que consta do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) 2030 que o Executivo irá entregar em Bruxelas nas próximas semanas.

Durante todo o dia, foram discutidos, entre outros temas, os seguintes:

  • O papel da digitalização e do solar no lado da procura;
  • Desbloquear a regulação para adoção de novos modelos de negócio;
  • Financiar a produção de energia renovável em Portugal;
  • Investir em solar em Portugal;
  • Projeções de preços de eletricidade para 2030;
  • PNEC – Quais os principais desafios?
  • Mercados e regulamentação;
  • Adaptar as redes ao novo paradigma energético.

Paralelamente teve ainda lugar a cerimónia de atribuição do Prémio APREN 2019, uma iniciativa que visa divulgar dissertações académicas relacionadas com eletricidade de origem renovável.

A Revista O Instalador foi media partner do evento.

A nossa revista foi distribuída no Portugal Renewable Summit 2019. Foto: Ana Clara

A nossa revista foi distribuída no Portugal Renewable Summit 2019. Foto: Ana Clara

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