BI294 - O Instalador

RENOVÁVEIS | SOLAR TÉRMICO 61 Este consumo pode dividir-se essen- cialmente em dois grandes grupos de processos: térmicos – calor de processo – associados aos consumos de petróleo, carvão, gás natural, biocombustíveis e resíduos, geotermia e calor de coge- ração, que correspondem a 73% do FEC total do setor; ou elétricos, asso- ciados ao consumo de eletricidade, por exemplo emmotores, iluminação ou fornos elétricos, que correspondem a 27% do FEC do setor. Não se apresentando metas concre- tas de redução de emissões para a indústria no Plano Nacional Integrado Energia e Clima (PNEC 2030), refere- -se no Roteiro para a Neutralidade Carbónica (RNC 2050) um objetivo de redução da intensidade carbónica do setor industrial de 40% a 42% em 2030 e de 72% a 88% em 2050, rela- tivamente aos níveis de 2000. A capacidade de renováveis no setor eletroprodutor representará, em 2030, cerca de 90% da capacidade total instalada (ca. 30 GW, PNEC 2030) e, em 2050, a eletricidade representará dois terços do FEC nacional (RNC 2050). Esta crescente penetração de reno- váveis, com destaque para a hídrica (8,7 GW), eólica (8,8 a 9,2 GW) e solar fotovoltaico (7,8 a 9,3 GW), assenta já em condições de concorrência direta com fontes de energia primária de origem fóssil decorrentes das atuais condições de mercado. A eletrificação de processos térmicos na indústria representa, assim, uma estratégia evi- dente para a descarbonização do setor. Esta estratégia apresenta, contudo, algumas barreiras tecnológicas e finan- ceiras: se a eletrificação de processos térmicos de baixa temperatura pode ser conseguida através do uso de bombas de calor sem alteração de processos, a eletrificaçãodeprocessos demédia tem- peratura implicamuito provavelmente alterações importantes aos processos e equipamentos de produção, manten- do-se a necessidade de combustíveis líquidos ou gasosos em processos de alta temperatura e alta intensidade energética assentes na combustão. Uma análise aos consumos energéticos na indústria por setor e nível de tem- peratura revela que o FEC associado a calor de processo representa 3,2 Mtep, 30% dos quais em processos de baixa temperatura (T<100ºC), 30% emmédia temperatura (100ºC<T<400ºC) 1 e 40% em alta temperatura (T>400ºC), sendo os maiores consumidores as indústrias do papel e dos minerais não metálicos – cimento, vidro e cerâmica. Considerando as tecnologias já dis- poníveis no mercado, a energia solar apresenta soluções tecnológicas para as diferentes gamas de temperatura e setores, nomeadamente: solar foto- voltaico associado a bombas de calor ou coletores solares térmicos esta- cionários para a baixa temperatura; concentradores solares de foco linear para a média temperatura; produção de hidrogénio eletrolítico ou termo- químico com solar fotovoltaico ou concentradores solares de foco pontual na produção de combustíveis líquidos ou gasosos para a alta temperatura. Em linha com a sua missão no desen- volvimento de investigação aplicada para o uso da energia solar na des- carbonização de diferentes setores da economia, a Cátedra Energias 1 Considerando a aplicação de solar térmico nas gamas da baixa e média temperatura, cerca de 60% do total de calor de processo, este potencial representa triplicar a atual capacidade instalada de solar térmico no país, ca. 1,2 milhões de m 2 . Fig.1. Necessidades de calor na indústria por (a) setor e nível de temperatura e (b) total por nível de temperatura (valores absolutos na tabela (ktep/ano) para Portugal em 2018 (in Horta et al. , 2020).

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