BI294 - O Instalador
8 Covid-19: Manuel Gameiro desenvolve simulador que reduz risco de contágio no interior de edifícios O cientista Manuel Gameiro da Silva, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), desenvolveu um simulador capaz de prever a quantidade de vírus SARS-CoV-2 inalada pelas pessoas em ambientes no interior de edifícios. Considerando a intensidade da fonte, a dimensão do espaço, o caudal de ar existente – que possa atenuar a carga viral –, o uso ou não demáscara e o tempo de permanência previsto, omodelo informático consegue determinar a quantidade de vírus inalada no período de permanência nesse ambiente. De acordo com o catedrático da FCTUC, esta ferramenta pode ser muito útil para a gestão de edifícios (escolas, escri- tórios, etc.), "pois consegue prever os mais diversos cenários, possibilitando, assim, a adoção de medidas para evitar o risco de contágio. Imaginemos uma sala de aula: sabendo a dimensão da sala, os alunos que vão estar presentes, a duração da aula e o caudal de ar no espaço, o simulador permite prever o nível de exposição a que cada utilizador vai estar sujeito em cada momento, o que permite tomar medidas para mitigar o risco, por exemplo, abrir janelas para renovar o ar ou reduzir o tempo de permanência na sala de aula". A vantagem deste simulador, designado 'Covid-19 - calcu- lador da dose de exposição', reforça o investigador, "é que simula, simultaneamente, as evoluções das concentrações do vírus e do CO 2 metabólico, com base no conjunto dos fatores que são importantes na cadeia de transmissão da Covid-19, permitindo uma abordagemmais informada na tomada de decisões relacionadas com a gestão de edifícios e respetivos equipamentos". O investigador tenciona adaptar o modelo a uma App (aplicação informática) simples e intuitiva, de modo a que qualquer cidadão possa utilizar esta ferramenta. EDITORIAL A pobreza energética ganha ênfase todos os inver- nos, quando as temperaturas descem drasticamente no país. É um clássico, em jeito de martírio, sobretu- do, para milhares de famílias. Esta preocupação, que há muito devia ser perma- nente e não sazonal, é das mais prementes, já que Portugal continua a ocupar, nesta matéria, lugares pouco recomendáveis no contexto europeu. Definida como a situação em que as famílias não têm capaci- dade de aquecer ou arrefecer as suas casas adequa- damente ou de satisfazer outros serviços energéticos a um custo aceitável, a pobreza energética continua a marcar, e muito, o caminho imperativo de transfor- mar os cidadãos em agentes ativos da famigerada transição justa e verde. Diversos estudos evidenciam que a pobreza energé- tica tem consequências na saúde da população, nas suas condições de vida e de conforto, constituindo um fator fortemente associado às situações de po- breza e exclusão social. De acordo com dados recentes do Índice de Pobreza Energética Europeia, Portugal é o 25.º país (dos 28) no ranking de pobreza energética a nível doméstico na UE. Mais de 45% da população portuguesa não con- segue aquecer as suas casas. É dramático! A pandemia e os confinamentos daí resultantes ex- puseram as fragilidades do parque edificado mais antigo e por recuperar no país, e medidas como o Programa de Apoio a Edifícios mais Sustentáveis dão uma ajuda, mas sejamos realistas: não chega! É pre- ciso avançar com políticas públicas robustas e firmes, que coloquem o cidadão no papel ativo da mudan- ça, consciente e informado, no sentido de entender o que está em causa. É por isso que, nesta primeira edição de 2021, pode ler vários trabalhos sobre a Energia Solar Térmica e a sua importância no contexto não só das renováveis, como também do conforto térmico, eficiência e tran- sição energéticas. Também diretamente relacionado com o tema, leia a entrevista a Nuno Ribeiro da Silva, Presidente da En- desa Portugal, que reflete, entre outros assuntos, so- bre a importância de colocar o cidadão no centro da mudança energética. Combater a pobreza energética é não só uma obri- gação enquanto país, como também uma missão em jeito de paradigma: o caminho para uma Europa mais justa, mais verde e coesa também tem de pas- sar por isto. E, de uma vez por todas, sem igualda- de energética, não há caminho para uma sociedade mais justa! Pobreza energética
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