BI295 - O Instalador

A VOZ DA QUERCUS 48 Carmen Lima | Coordenadora do Centro de Informação de Resíduos da Quercus Os restos de comida não são lixo, vem aí o contentor castanho Não é tarefa fácil separar os resíduos, a diversidade de materiais, embalagens e equipamentos que possuímos em casa, compostos por uma gama muito variada de componentes, dificulta quando temos que tomar uma decisão para quando estes se transformam em “lixo” e lhes queremos dar uma solução. A cada dia que passa, cada Português produz, emmédia, 1,32 kg de resíduos urbanos, lixo que é produzido em nos- sas casas e que contribuiu para uma produção anual de 4,75 milhões de toneladas, para os quais temos que dar um destino. Nos tempos que enfrentamos, em pleno combate a uma pandemia, tem sido frequente recorrermos à aquisição dos produtos e alimentos embalados, através de compras online ou em takeaway , não promovendo a reutilização dos nossos resíduos. Em contra-corrente, temos as metas futuras no que concerne à prepara- ção para a reutilização e reciclagem, nomeadamente: 55% para 2025; 60% para 2030 e 65% para 2035. No caso da deposição de resíduos urba- nos em aterro, a meta está fixada nos 10% ou menos da quantidade total de resíduos urbanos produzidos, a atingir até 2035. Ora, o que nos espera, é um desafio sério na gestão destes resíduos, em conformidade com a hierarquia europeia de gestão de resíduos. Com estes dados, é possível consta- tar que, atualmente, estamos perante uma evolução desfavorável no que res- peita ao cumprimento da hierarquia de gestão dos resíduos, dado que se verifica um ligeiro aumento da depo- sição direta em aterro e, por outro lado, a estabilização da fração reco- lhida seletivamente para valorização material, face ao total de resíduos, o que contraria a estratégia comunitária e nacional para os resíduos urbanos. Existem igualmentemetas para a reco- lha seletiva de determinadas fileiras de resíduos urbanos, como os biore- síduos, através da implementação de um sistema de recolha de bioresíduos até 2023, uma tipologia de resíduos que requer muita atenção, dado que atualmente atingem os 46% do total depositado em aterros, muito aquém da meta de 35%, estabelecida para esta fileira de resíduos. Os bioresíduos, os resíduos biodegra- dáveis como restos de comida, cascas de fruta, chá ou café, desperdícios da preparação e confeção de refeições, na realidade não são “lixo” e podem ser recuperados e encaminhados para compostagem – doméstica, comuni- tária ou industrial. A compostagem é umprocesso bioló- gico, através do qual microrganismos (como bactérias, fungos e leveduras) transformammatéria orgânica (restos de folhas, comida, etc.), num produto rico em nutrientes e com aspeto de terra, chamado composto, que pode ser utilizado para melhorara as cara- terísticas físicas, físico-químicas e biológicas dos solos – agrícolas e/ou florestais.

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