BI297 - O Instalador

A VOZ DA QUERCUS 58 Carmen Lima | Coordenadora do Centro de Informação de Resíduos da Quercus Um ano de Covid-19: o impacte ambiental da pandemia será assim tão provisório? Todos pensámos há um ano, quando surgiram as primeiras avaliações do efeito da pandemia no Mundo, de que o facto das atividades humanas e industriais terem abrandado de forma significativa, poderia ser positivo para o Planeta. Mas nem tudo parece ter sido positivo e o Planeta irá sofrer os efeitos deste período pandémico. Um estudo levado a cabo pela AISBL ACR+, que pretendia avaliar os efeitos da pandemia na gestão dos resíduos concluiu que, no geral, houve uma redução da recolha de resíduos para tratamento, resultado provavelmente da diminuição da atividade comer- cial, que tiveram que encerrar durante períodos temporais, levando a que a população concentrasse a sua pro- dução de lixo nas suas habitações. Por outro lado, a interrupção dos servi- ços de recolha diferenciada de resíduos, como por exemplo o porta-a-porta, ou a diminuição das rotas e/ou fre- quência de recolha nos ecopontos disponíveis na via pública, ou mesmo de outros pontos de recolha seletiva como o caso dos resíduos volumosos, relacionado com a falta de pessoal ou medidas de segurança e proteção da saúde, tiveram um grande impacto sobre a própria recolha seletiva. Os números apresentados em2020 não mostram uma diminuição da quanti- dade de resíduos encaminhados para reciclagem, mas a Quercus acredita que isso possa estar relacionado com uma transferência de produção de resíduos do canal comercial/industrial para o canal doméstico, não signifi- cando essa situação que não tenha existido um contributo para três ques- tões importantes e impactantes: 1. Aumento da colocação de resí- duos recicláveis no contentor do lixo comum; 2. Abandono das práticas de recolha seletiva; 3. Contaminação dos resíduos coloca- dos nos ecopontos com materiais descartáveis comomáscaras e luvas, não passíveis de reciclagem. De acordo com a análise realizada por esta organização, os sistemas de recolha de resíduos que melhor se adaptaram à primeira onda de Covid-19 (aproximadamente março- -maio de 2020) foramos que operaram através da prestação de serviços 'busi- ness-as-usual', ou seja, com a recolha a ecopontos e com uma frequência ajustada à produção, fornecendo à população uma resposta constante na recolha do seu lixo.