BI303- O Instalador

70 RENOVÁVEIS Declaração de interesses, excecional- mente, numa notícia. Sou abrantina, e passei metade daminha vida na cidade ancorada no rio Tejo. Do alto dela, com vista privilegiada do Castelo e do seu jardim, avista-se, lá ao longe, a emblemática central termoelé- trica, na localidade do Pego. A imagemvai percorrer-me a vida inteira porque faz parte da paisagem desde 1993 (era eu uma miúda), ano em que começou a operar, ao abrigo de um contrato de aquisição de energia, que garantia, até 2021, a venda de toda a sua eletricidade à rede com receitas pré-definidas. Falamos de um encerramento inevi- tável, sobretudo quando o abandono dos combustíveis fósseis passou a ser uma urgência, mas que acarreta, todavia, várias nuances, nem sempre fáceis de resolver: a nível social, com o despedimento de trabalhadores à vista, mas também no que respeita à transição energética. O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, já garantiu que o Governo tudo fará para man- ter os postos de trabalho, mas ainda assim, a incerteza continua a pairar no ar, com sindicatos e trabalhadores, nas últimas semanas, a intensificarem os seus receios, em forma de protestos. Em marcha está o concurso lançado pelo Governo, em setembro passado (e que decorre até dia 17 de janeiro de 2022), para a reconversão da central. O concurso irápermitir a injeçãode energia (que pertence até agora à Tejo Energia). Mas há obrigatoriedades a cumprir em cima damesa, fruto da aposta nacional nas renováveis: quem vencer a explora- ção terá de trabalhar unicamente com recurso a fontes de energia renovável e terá de dar garantias da manutenção dos postos de trabalho. Mas o processo entre os acionistas não tem sido pacífico. Tanto a Trustenergy, acionista maioritária da Tejo Energia, como a Endesa, que tem participa- ção minoritária, assumiram propostas diferentes para a transição: desde a aposta da Biomassa, hidrogénio, energia solar, entre outras energias alternativas. Até janeiro, ainda muito debate público haverá, num processo Central Termoelétrica do Pego estava em funcionamento desde 1993. Encerrou a atividade a 19 de novembro. Foto: Ana Clara. Portugal encerra ciclo do carvão 19 de novembro de 2021 é o dia que fica para a história da produção de eletricidade no País. Marca o momento em que a central do Pego, no concelho de Abrantes, deixou de queimar carvão. Ana Clara

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