64 RENOVÁVEIS Eólica Offshore em Portugal: o que falta? De acordo com a nova visão da União Europeia (UE) relativa à uma nova abordagem para uma economia azul sustentável na UE, intitulada ‘Transformar a economia azul da UE para assegurar um futuro sustentáveis’ e publicada em 2021, se a economia azul mundial fosse uma economia nacional, seria a sétima maior do mundo, e o oceano enquanto entidade económica seria membro do G7. É importante relembrar e refletir sobre a vasta abrangência e campo de ação dos oceanos. Estes acolhem 97% de toda a nossa água, 80% de todas as formas de vida do nosso planeta, asseguram metade do oxigénio que respiramos, produzem alimentação para quase metade da humanidade e geram recursos críticos para a saúde humana, para além de serem responsáveis por uma vasta rede de interações económicas. A economia azul na Europa assegura, já nos nossos dias, cerca de 4,5 milhões de empregos diretos, em áreas tão distintas como o transporte marítimo, pesca, produção de energia, portos e estaleiros navais, aquicultura terrestre, produção de algas e turismo. Estas e outras atividades económicas têm um impacto cumulativo no meio marinho com diversos efeitos nefastos nos diferentes ecossistemas que o integram. Por sua vez, as alterações climáticas têm impactos incalculáveis para os oceanos e zonas costeiras, que vão desde as alterações da temperatura da água até à sua acidificação, à subida do nível médio do mar e ao aumento, em número e intensidade, das inundações e da erosão. A comunicação da UE vem, assim, assumir que a 'economia azul' é indispensável para a transformação prevista no Pacto Ecológico Europeu e estabelece a necessidade de articular melhor as políticas verde e azul e, nomeadamente no que respeita à contribuição da economia azul para a mitigação das mudanças climáticas colocando como pilar o desenvolvimento da energia renovável offshore. Portugal apresenta uma localização invejável com uma linha de costa de cerca de 2500 km e uma das maiores zonas económicas exclusivas domundo com o 1,7 milhões de km2. Estamos, assim, numa posição privilegiada, mas de grande responsabilidade no nosso papel de integração da economia azul na transição energética. Não existindo dados mais recentes, sabe-se que, em 2018, a economia do mar em Portugal tinha um impacto direto e indireto em 5,1 % do PIB, 5 % Susana Serôdio | Departamento Técnico da APREN
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