BI305 - O Instalador

76 QUALIDADE DO AR INTERIOR pois no caso dos cones o Inc1 que apresenta os piores resultados não é o maior. Estes resultados mostram assim que a composição do produto é igualmente relevante. Para avaliação do risco, para além do valor do TWA também se calculou o valor do pico de concentração de curta duração (do inglês STPC - short-term peak concentration), para comparação com os valores recomendados pela Organização Mundial de Saúde [6]. tabela 1, acima, mostra esses resultados. Considerando os valores de STPC, pode observar-se que os valores de benzeno são superiores aos valores recomendados entre cerca de 100 (Inc5) a 3600 vezes (Inc1). Isto representa um elevado fator de risco para cancro. Os valores obtidos para o formaldeído são também superiores aos valores recomendados entre cerca de 1.2 (Inc3) a 2.7 vezes (Inc1), só estando abaixo no caso dos Inc5 e Inc11. Os outros compostos estão abaixo dos valores-limite. Considerando os valores de TWA, pode observar-se que os valores de benzeno são superiores aos valores recomendados entre 3 (Inc5) a 85 vezes (Inc1). Os outros compostos estão abaixo do valor-limite. Destes resultados pode dizer-se que o Inc5 é o menos mau e o Inc1 representa o maior risco de exposição a compostos carcinogénicos. No geral, verificou-se que o benzeno e o formaldeído apresentaram níveis preocupantes na maior parte dos produtos, acima dos valores recomendados pela OMS [6] para o ar interior. Infelizmente não existem valores recomendados para todos os compostos objeto do estudo, mas este facto não deve isentar-nos de os medir e alertar os consumidores para a sua presença. Deste estudo, o acetaldeído, a acroleína, o furfural e o furano surgem como compostos com níveis de concentração que merecem atenção. Muitos compostos perigosos não são objeto de controlo, pois não são relatados com frequência e o estabelecimento de recomendações está focado em compostos normalmente encontrados no ambiente interior. Esta metodologia pode criar um círculo vicioso, pois os novos estudos tendem a focar-se em compostos com diretrizes estabelecidas, e outros compostos tendem a ser negligenciados. Com este estudo, esperamos também contribuir com dados sobre compostos que têm estado fora da preocupação dos legisladores. INVESTIGADORAS ALERTAM CONSUMIDORES Algumas pessoas acreditam que o incenso emite fragrâncias agradáveis, que aliviam o stress e facilitam a obtenção do equilíbrio físico, mental e espiritual, mas, como os resultados obtidos comprovam, estas fragrâncias podem representar um risco para a saúde. Para reduzir o risco, existem essencialmente duas estratégias: o controlo da fonte, onde a sua existência dentro de casa é removida, substituída ou moderada, e o controlo da exposição, através de ventilação adequada. A primeira estratégia é preferível porque a prevenção é melhor do que a mitigação. Outra forma de controlar a exposição é a restrição do tempo de permanência emdeterminado espaço contaminado e, como última solução, a diluição como aumento da ventilação, que pode ser implementada pelo consumidor. Atenção especial deve ser dada às pessoas vulneráveis, como crianças e pessoas com problemas de saúde (asma, COPD, etc.), que não deverão permanecer em espaços onde ocorra a queima de incenso. No caso de condições extremas, como altas temperaturas, altos níveis de ozono e altos níveis de material particulado, o uso de incenso deve ser evitado. Essas condições extremas podem potenciar níveis mais elevados de exposição, por exemplo, a poluentes secundários resultantes de reações químicas que não ocorreriam em situações normais. n REFERÊNCIAS [1] Silva, G.V.; Martins, A.O.; Martins, S.D.S. Indoor Air Quality: Assessment of Dangerous Substances in Incense Products. Int. J. Environ. Res. Public Health 2021, 18, 8086. https://doi.org/10.3390/ijerph18158086. [2] ISO 16000-9. Determination of the Emission of Volatile Organic Compounds from Building Products and Furnishing— Emission Test Chamber Method. 2006. Available online: https://www.iso.org/obp/ui/#iso:std:iso:16000:-9:ed-1:v2:en. [3] EN 16738. Emission Safety of Combustible Air Fresheners—Test Methods. 2015. Available online: https://standards. iteh.ai/ catalog/standards/cen/7504b3f2-ff64-4673-b5c9-1d0a38d30ef6/en-16738-2015. [4] ISO 16000-6. Determination of Volatile Organic Compounds in Indoor and Test Chamber Air by Active Sampling on Tenax TA Sorbent, Thermal Desorption and Gas Chromatography Using MS/FID. 2011. Available online: https://www. iso.org/standard/52213.html. [5] ISO 16000-3. Determination of Formaldehyde and Other Carbonyl Compounds—Active Sampling Method. 2011. Available online: https://www.iso.org/standard/51812.html. [6]World Health Organization. WHO Guidelines for Indoor Air Quality: Selected Pollutants; WHO Press, WHO Regional Office for Europe: Copenhagen, Denmark, 2010. Available online: https://www.euro.who.int/en/health-topics/environment-and-health/ air-quality/publications/2010/who-guidelines-for-indoor-air-quality-selected-pollutants.

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