BI316 - O Instalador

73 DOSSIER ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS das temperaturas médias (podendo levar a ummaior consumo de energia para aquecer edifícios no Inverno e arrefece-los no Verão, ou até mesmo levando à deterioração dos materiais face à sua expansão e contração); pluviosidade elevada em curto espaço de tempo, provocando inundações e fragilizando construções e infraestruturas; ou tempestades mais frequentes e intensas que podem causar diversos danos às construções, inclusivamente estruturais e colocando em risco a sua funcionalidade. Com estas implicações reconhecidas, verifica-se que é fundamental serem aplicados os princípios de sustentabilidade no setor da construção, não só para reduzir as emissões, mas também para contribuir para a sua resiliência. Aqui, a sustentabilidade no setor da construção pode ser definida como a capacidade de obter construções eficientes do ponto de vista energético, promovendo uma boa habitabilidade aos seus ocupantes e minimizando os impactes no ambiente. Para tal, existem várias medidas que podem ser tomadas, incluindo a utilização de materiais sustentáveis, a melhoria da eficiência energética dos edifícios e a utilização de materiais e tecnologias de construção mais avançadas e eficientes. Adicionalmente, a adoção de princípios de economia circular é outro conceito importante, uma vez que este é um dos setores que mais consome recursos naturais e gera resíduos. Esta circularidade, para o setor da construção, pode ser definida como a capacidade de conceber, construir e utilizar as construções de modo a maximizar a eficiência dos recursos e a minimizar a quantidade de resíduos gerados e que no seu fim de vida os materiais utilizados possam voltar a ser usados. Tal aproximação poderá contribuir significativamente para que a biodiversidade não seja reduzida e, ao mesmo tempo, gerando menores emissões de gases de efeito de estufa. Para tal, existemdiversas medidas que poderão ser tomadas para melhorar a circularidade do setor, tais como: minimizar a utilização de materiais (através do design para a adaptabilidade e para a desmontagem commateriais com maior durabilidade); reutilizar materiais; utilizar materiais reciclados; ou implementar práticas de gestão de resíduos mais eficientes e que permitam a utilização de materiais locais obtidos noutras construções. Para que tudo isto seja possível, a digitalização surge como o principal enabler que poderá, de facto, ajudar a mitigar os impactes das alterações climáticas no setor da construção. Assim, a digitalização poderá ser utilizada para otimizar os processos de construção (p. ex. através de modularização e construção offsite que permitam a rápida adaptação das construções às condições climáticas), enquanto minimiza o consumo de recursos naturais, o desperdício e as emissões e reduz a dependência de energia. Adicionalmente, as tecnologias de digitalização (p. ex., o BIM - Building Information Modelling) poderão integrar a informação recolhida através de sensorização (usando a Internet of Things - IoT) num gêmeo digital que permita monitorizar o desempenho das construções, bem como utilizar sistemas de inteligência artificial para otimizar o uso de recursos (p. ex., otimizando as intervenções de manutenção) e o uso de robôs para automatização de tarefas. Adicionalmente, as ferramentas digitais existentes poderão suportar a simulação de diversos cenários para possibilitar que as diferentes construções exibam a resiliência necessária. Assim, a integração de todos estes conceitos de sustentabilidade, circularidade e de digitalização, muito em linha com a twin transition defendida pela Comissão Europeia e que é um dos princípios de atuação do BUILT CoLAB, surgem como elementos de suporte a uma maior resiliência e sustentabilidade do setor da construção quanto às alterações climáticas e fenómenos climáticos extremos. Este setor, com a aplicação destes conceitos, poderá assim contribuir para a diminuição das alterações climáticas (baixando as emissões de gases de efeito de estufa associados) mas também promover a adaptação das construções existentes e futuras para que apresentemmaior resiliência (através, p. ex., de projetos que permitam alterações rápidas de fachadas, emmódulos, para responder às solicitações climatéricas). n

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