Os resultados do investimento no hidrogénio já se começam a sentir no dia a dia das pessoas. Por exemplo, no que respeita aos postos de abastecimento, em 2021, a UE dispunha apenas de 136 postos de abastecimento de hidrogénio, mas está se a trabalhar para que haja pelo menos um posto de abastecimento de hidrogénio a cada 100 km ao longo das principais estradas da UE até 2028. Sem esquecer que também ajudaria em muito que as chamadas indústrias da mobilidade (automóvel, naval e aeronáutica) investissem seriamente no desenvolvimento tecnológico de motores e veículos com os mesmos níveis de fiabilidade daqueles movidos por motores térmicos. E já agora, porque não o nuclear. Sobre isto recorda-se apenas dois pontos. Portugal já sente os efeitos da produção de energia nuclear proveniente de Espanha, nomeadamente a central nuclear de Almaraz, que se deverá manter em funcionamento pelomenos até 2035, e que é arrefecida pelo Tejo. Portanto se já temomenos bomdeveria ter também o bom. E o nuclear responde por 20% da produção de electricidade em Espanha. Sem esquecer que a produção de energia nuclear não contribui para o aquecimento global porque não gera gases causadores do efeito de estufa e é muitíssimo mais eficiente porque compouco combustível gera enormes quantidades de energia. Claro que não é isenta de desvantagens, mas estas têm sido diminuídas por via do desenvolvimento tecnológico. Basta comparar uma central da primeira geração com uma da quarta geração, sendo que, por exemplo, na Bélgica já se faz reciclagemde resíduos nucleares, o que responde a uma das criticas recorrentes ao nuclear. Recentemente, Thierry Breton, comissário europeudoMercado Interno, afirmou que a Europa deve investir massivamente na construção de novas centrais de produção de energia nuclear. Em entrevista ao Journal du Dimanche, Breton disse que, até 2050, a União Europeia (UE) investirá mais de 500 mil milhões de euros nesse sentido. Amais curto prazo, omontante será de 50 mil milhões de euros, para modernizar as centrais nucleares que já estão em funcionamento. A UE prepara-se para rotular esta energia, bem como o gás natural, como energia verde até 2035. Alémdisso Portugal é pioneiro na investigação de energia nuclear, ainda que a nível experimental com a criação já em 1954, há quase 70 anos, da Junta de Investigação Nuclear, e que se veio a extinguir no final dos anos 70, fruto das circunstâncias da época e em especial das opções energéticas dos governos desse período. O seu reactor que era o único do tipo existente em Portugal foi desmantelado e enviado para os EUA em 2019. Assim as conclusões a retirar serão as seguintes: • A ideia de impedir a guerra pela indisponibilidade das suas matérias primas não alcançou esse objectivo • O efeito prático dessa indisponibilidade foi a perda da independência energética e, por essa via, da soberania nacional • A única forma de alterar esse estado de coisas é aumentar a produção nacional de energia por via das fontes disponíveis ou senão nacional no espaço físico da União Europeia. • Ao mesmo tempo deve ser incentivado o desenvolvimento tecnológico das fontes de produção energética não fósseis a fimde diminuir a dependência destes e criar alternativas viáveis comercialmente à escala actual de utilização humana. • Sendo duas dessas alternativas o hidrogénio verde e a energianuclear. n O autor escreve no antigo acordo ortográfico. 76 ENERGIA
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