OPINIÃO 75 desta natureza, que resultou em mais de 106.639 hectares de área ardida. Analisando estes números de acordo com os registos do ICNF e da sua investigação permite-nos verificar que a maioria destas ocorrências surgiram de forma não intencional e sem qualquer intenção criminal. Isto não significa que não existam atos de incendiarismo, muitos dos quais provocados por pessoas imputáveis. Na prática muitas das ocorrências são originadas por situações nas quais é perdido o controlo. Algumas destas situações resultam de queimadas de sobrantes agrícolas ou provenientes de limpezas de matos, queima ilegal de resíduos, mau uso de maquinarias e equipamentos elétricos, acidentes com transportes, queda de raios ou mesmo uma simples fogueira. Há uma errada sensação de que é possível controlar o fogo. Há uma falsa noção do risco do seu uso e das consequências quando se perde o controlo do mesmo, que podem ser catastróficos ou até mortais. Nos meses de junho, julho e agosto o risco de incêndio aumenta substancialmente. As amplitudes térmicas ao longo do dia podem ser grandes o que pode provocar o tal sentimento de “controlo”. Assim, quando se inicia qualquer uma das ações anteriormente descritas, num período de temperaturas reduzidas, o poder do controlo perde-se ao longo da atividade. Este descontrolo, aliado ao natural aumento da temperatura diária, conduz a que estas situações simples possam atingir uma magnitude calamitosa. A gestão florestal e a educação para o correto uso da floresta são fundamentais. Existem já várias campanhas de sensibilização que são veiculadas pelos meios de comunicação social e pelas redes sociais, mas um reforço da vigilância florestal é de extrema importância. Os vigilantes da floresta sempre foram, e deveriam voltar a ser, agentes de proteção deste património natural de extrema importância.
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