ENTREVISTA 43 simples, mas temos visto aumentar significativamente a utilização das coberturas deck, que são compostas por uma chapa metálica interior, uma camada de isolamento térmico e acústico, finalizadas por uma tela, asfáltica ou TPO/PVC. Aqui residem alguns problemas críticos, nomeadamente a distribuição de cargas, sendo crucial um trabalho exaustivo de análise dos fatores de risco de acordo com o Eurocódigo. As cargas dinâmicas do vento e da neve, com incidência no impacto direto dos pontos de carga, e a sua respetiva distribuição ao longo da superfície da cobertura, são cruciais. Que análise faz do mercado nacional? O mercado nacional tem-se mantido bastante estável, apesar do dinamismo do setor fotovoltaico. Nesta segunda metade do ano, vimos a reabertura do fundo ambiental que, de uma forma clara, veio trazer algum dinamismo ao setor residencial, dinamismo esse que causa muitas vezes confusão pela urgência associada ao prazo curto da primeira fase e que, nem sempre, traz a devida estabilidade ao setor. No setor comercial e industrial, continuamos a ver a tendência das empresas, indústria, comércio e serviços, em apostarem nesta transição energética. Penso que é um ponto sem retorno e ainda bem. Os nossos filhos e netos vão agradecer. Temos alguns apoios no setor que ajudam a esta transição, apesar de o processo de decisão estar lento fruto dos, já mais que debatidos, atrasos burocráticos. Alguns processos estão mais demorados devido ao facto do atual custo da energia não infligir uma urgência neste mesmo processo. A instalação de painéis fotovoltaicos anda é algo muito virado para grandes edifícios ou o mercado residencial já começa a adotar esta forma de produção de energia? Se sim, quais as suas principais preocupações e consequentes desafios aos instaladores? O setor residencial tem estado a crescer. Infelizmente, não ao ritmo que esta transição energética necessita. Os atuais custos de energia, apesar de tudo, bastante mais controlados do que em 2022, a inflação, com o custo generalizado de vida a aumentar exponencialmente e o crédito a habitação a atingir valores frequentemente incomportáveis pelas famílias, abrandam este crescimento. Apesar disso, estou convencido que estamos todos determinados a fazer parte da história desta transição. Com um pequeno empurrão estatal, como o que se viu, por exemplo, em Itália, acredito que esta transição será feita em larga escala pelas famílias, por todos nós. As nossas principais preocupações com este setor e com os outros setores deste mercado prendem-se com a qualidade das instalações fotovoltaicas que estão a ser feitas. A maioria das pessoas esquece-se que uma instalação fotovoltaica é feita tendo em conta uma vida útil de 25 ou 30 anos, o que nos deveria alertar para a necessidade de qualidade da instalação que fazemos em nossas casas e para a qualidade dos materiais e garantias associadas. Optamos muitas vezes pelo preço mais baixo sem ter em mente que, por vezes, o barato sai caro! Como vê a adoção do fotovoltaico em Portugal face aos congéneres europeus? Ao dia de hoje, o mercado europeu tem desafios enormes que devem ser enfrentados com a natural celeridade e assertividade que esta transição energética merece, e Portugal não foge a esta regra. Estes incluem, desde desafios burocráticos, capacidade da rede e capacidade humana de resposta, até à formação de mão-de-obra especializada e não especializada necessária para fazer este percurso. Todos nós, membros deste setor, temos como dever de proporcionar e divulgar informação fiável e de qualidade. O nosso Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) é ambicioso, assim como o de todos os nossos congéneres europeus. Estamos todos em linha com este desafio e com esta necessidade. Portugal arranca 2024 com a necessidade de instalar cerca de 2GW de potência anual, e Espanha cerca de 3GW, mas o desafio é igual para ambos.
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