74 SMART CITIES A revolução das cidades inteligentes: dados e tecnologia ao serviço da população Para as smart cities atingirem o seu máximo potencial – o de melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e promover a redução de emissões – será preciso democratizar a adoção das tecnologias empregadas. Humberto Piccinini Program Manager, Nova SBE Innovation Ecosystem As cidades acolhem hoje, segundo o World Bank, cerca de 55% da população mundial. A rápida aceleração do crescimento das áreas urbanas, desde a Revolução Industrial aos mais recentes fluxos migratórios, impõe enormes pressões sobre os meios naturais e as infraestruturas que permitem a estas populações viver nas cidades, sem mencionar as tensões sociais oriundas destas interações. Neste contexto complexo, a utilização de dados e tecnologias pode melhorar a qualidade de vida nas cidades e torná-las mais responsivas e adaptáveis às constantes mudanças. As smart cities – cidades inteligentes – utilizam uma miríade de dados, provenientes de sensores e equipamentos eletrónicos, para apoiar a tomada de decisão pelo poder público e pela população. A iniciativa Europeia da criação e promoção de uma New European Bauhaus – assente na ideia da criação de um futuro europeu mais belo para os olhos, a mente e a alma – pressupõe novas formas de viver que vão além de mera funcionalidade, mas que promovem uma maior harmonia com a natureza e um diálogo entre diferentes culturas, géneros e faixas etárias. À iniciativa da criação da New European Bauhaus acresce o projeto European Green Deal, cujo objetivo é promover a Europa enquanto o primeiro continente carbon neutral até 2050. Já na década de 1970 as primeiras iniciativas orientadas para a criação de cidades mais inteligentes enfrentaram problemas como a falta de relevância e valor para os usuários. Hoje, com sistemas de recolha e análise de dados mais estruturados e respetivos enquadramentos legais, o ecossistema está pronto para atingir o seu máximo potencial. Alguns exemplos: a utilização de dados em tempo real de trânsito e localização de transportes públicos pode melhorar a experiência dos seus utilizadores – com maior previsibilidade de tempos de chegada e partida e duração das viagens -, promovendo a sua utilização, versus a utilização de carros. Na recolha de lixo, podem identificar o nível dos contentores e acionar equipas para esvaziá-los sempre que necessário, melhorando as condições de limpeza de bairros. Os postes de iluminação inteligentes conseguem identificar não só níveis de iluminação natural e adaptar a intensidade de forma automática, mas também padrões de utilização, ligando- -os apenas quando houver pedestres, níveis de poluição ou ruído. Ao mesmo tempo, plataformas colaborativas permitem que os moradores partilhem sugestões de melhoria, reportem situações que exijam atenção especial do poder público ou que tenham uma voz ativa - ainda que digital - nas tomadas de decisão. Estas iniciativas, que visam tornar as cidades mais democráticas e darem algum senso de comunidade são vitais – mesmo que careçam de ferramentas de supervisão para garantir a sua utilização para o bem de todos.
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