75 SMART CITIES Os avanços tecnológicos nos últimos anos, com a implementação de redes 5G, o boom de plataformas de inteligência artificial e a expansão de edge computing, prometem alavancar as smart cities para outro patamar. Hoje, não só é possível captar mais dados e com maior precisão, mas também – e talvez mais importante – é possível analisá-los com maior rapidez, permitindo uma melhor e mais precisa tomada de decisão. Para as smart cities atingirem o seu máximo potencial – o de melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e promover a redução de emissões – será preciso democratizar a adoção das tecnologias empregadas. A experiência europeia – bem como a norte-americana e a de alguns países asiáticos – deve servir de exemplo e catalisador para outras regiões menos favorecidas, mas que ainda assim podem beneficiar enormemente da utilização de dados para a tomada de decisão nas cidades. Em Singapura, por exemplo a gestão das águas – para consumo, pluvial e dos esgotos - é feita em tempo real, o que permite otimizar a operação e reduzir desperdícios. Já Amsterdão criou uma plataforma on-line para a partilha de dados e de iniciativas por qualquer cidadão interessado em promover discussões ou melhorias concretas na cidade. É, portanto, imprescindível a criação de ecossistemas abertos e colaborativos de troca de dados, tornando-os acessíveis e inteligíveis pelas empresas e pelas populações. Sem a criação de processos legais e burocráticos ágeis, que permitam a partilha de informações, e vontade política, os dados coletados ficam sem valor. Estas ideias são o pano de fundo para o programa Future Cities, Future Communities Innovation Accelerator, desenvolvido pelo Nova SBE Innovation Ecosystem, e que procurou encontrar soluções inovadoras e alinhadas com a visão de futuro para a Europa em três grandes temáticas: Neutralidade Carbónica & Zet Zero; Vida Urbana, Proximidade e Serviços Comunitários; e Construção, Infraestrutura & Arquitetura. As soluções – oriundas de start-ups, PMEs, alunos, empreendedores early-stage, académicos, e sociedade civil – mostram a relevância do tema e o potencial que o setor público e empresas privadas têm para explorar e implementar. A experiência do programa mostra que há ainda muito por explorar nas áreas de construção, infraestrutura e arquitetura - setores ainda muito tradicionais e com alguma resistência na adoção de tecnologias e na utilização de dados para a tomada de decisão. Soluções ligadas a Neutralidade Carbónica & Net Zero mostram-se focadas na captura e análise de dados, principalmente para relatórios ligados a ESG – havendo aqui uma tendência para soluções do tipo dashboard, com informações e dados sobre a operação das empresas. Por último, e talvez por ser o tema mais abrangente, quando nos focamos na Vida Urbana, Proximidade e Serviços Comunitários, vemos soluções tão diversas quanto uma plataforma para micro mobilidade; outra de gameficação da recolha de lixo; ou ainda uma que cria comunidades locais para trabalharem em problemas reais dos bairros. Se as tendências atuais continuarem, em 2050, 70% da população mundial estará a viver em cidades. Se queremos garantir que estas pessoas possam viver com qualidade e conforto, ao mesmo tempo que atingimos as metas das emissões, será preciso que as cidades adotem tecnologias que deem suporte a estas ambições. n Para as smart cities atingirem o seu máximo potencial – o de melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e promover a redução de emissões – sera preciso democratizar a adoção das tecnologias empregadas
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