OPINIÃO | ENERGIA 72 Europa - crescer outra vez Nuno José Ribeiro, Advogado e Pós-graduado em Direito de Energia* “Há algo de senil em mim Que já não me deixa lembrar Há quanto tempo foi o fim não sei cheguei a começar Mas sei que foi sempre assim Mais olhos que barriga Mais sono que fadiga Há sempre tempo para parar Saber se vale a pena Ou ficou por fazer REFRÃO: É só contar até 3 (1...2...3) Vou nascer outra vez Fechar os olhos (1...2...3) Vou nascer outra vez Respirar bem fundo (1...2...3) Vou nascer outra vez Começar de novo (1...2...3) Vou nascer outra vez Nunca foi boa escolha Ficar à espera para ver Por mais que a gente sofra Um dia havemos de morrer Mas sei que foi sempre assim Mais garganta que vontade Mais treta que verdade Há sempre tempo para pensar Mudar alguma coisa Ou me parto a loiça” Começo este artigo recuperando uma canção dos Ritual Tejo de 1996 cuja letra me pareceu apropriada a este momento de final de ano e de ciclo, propício a balanços. Porque motivo a Europa tem que crescer? Nos últimos 70 anos a Europa habituou-se a depender militarmente dos EUA e nos últimos 30 anos do fornecimento de energia da Rússia, o que levou à actual situação de dependência funcional de ambos por parte do Velho Continente. No Verão de 2022, a Euronews noticiava o seguinte, a propósito de um plano para a redução da dependência energética: “A Comissão Europeia apresentou um plano de ação, o REPowerEU, para tentar atingir este objectivo até 2027. Desde o início da guerra na Ucrânia, a União Europeia tem tentado urgentemente eliminar, de forma gradual, a utilização de combustíveis fósseis russos. A Comissão Europeia apresentou um plano de acção denominado REPowerEU para acabar com a dependência até 2027. O plano REPowerEU consiste em adaptar rapidamente a indústria e as infra-estruturas a diferentes fontes e fornecedores de energia. Isto inclui a ampliação e aceleração das energias renováveis para substituir os combustíveis fósseis nas casas, na indústria e na produção de energia. A Comissão Europeia estima que irá custar 210 mil milhões de euros. As circunstâncias actuais fazem com que a Europa tenha de, simultaneamente, cortar a dependência energética face à Rússia e a militar face aos EUA. * O autor escreve no antigo acordo ortográfico.
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