BI333 - O Instalador

OPINIÃO | EDIFÍCIOS 75 e manteve-se relativamente estável em 2023. Em dezembro de 2023, um megawatt/hora (MWh) de gás custava 34 euros – quase nove vezes menos do que no pico da crise, quando o preço de um MWh ultrapassou os 300 euros. Além disso, as medidas da UE traduziram-se nos seguintes resultados: • Redução da dependência em relação à Rússia: a UE diversificou rapidamente as importações de energia para não ficar dependente da Rússia. A percentagem global de gás russo (gás natural liquefeito GNL e gás natural conduzido) nas importações de gás da UE diminuiu de 45% nos anos anteriores à crise para 18% em Agosto de 2024 • Redução da procura de energia: os países da UE cooperaram no sentido de reduzir a procura de energia. O consumo de gás diminuiu 18% entre Agosto de 2022 e Maio de 2024, em comparação com os cinco anos anteriores • Segurança do aprovisionamento: o nível de enchimento das instalações de armazenamento de gás situava- -se em mais de 99% em Outubro de 2023 e em mais de 90% em Outubro de 2024, o que assegurou uma abundância de reservas antes de cada estação fria • Promoção das energias renováveis: a UE acelerou a implantação das energias renováveis. O ano de 2023 assinalou um novo recorde para a energia solar, com 56 gigawatts de nova capacidade fotovoltaica instalada, ou seja, mais 60% do que em 2021 (26 GW). Em Maio de 2022, pela primeira vez, foi produzida mais eletricidade na UE a partir de energia eólica e solar do que a partir de combustíveis fósseis.” A relevância da dependência energética da Europa face à Rússia decorre do facto de que “a UE é um importador líquido de energia. Em 2020, 58% da energia disponível na UE tinha sido produzida fora dos Estados-Membros da UE. Em 2020, a taxa de dependência da UE no seu conjunto face à Rússia foi de 57,5%. A situação variou consideravelmente entre os Estados-Membros: a Estónia registou uma taxa de dependência de 10,5%, a Alemanha de 63,7%, a Grécia de 81,4% e Malta de mais de 97%.”2 Lamentavelmente, “a dependência energética da Europa em relação à Rússia mantém-se, mais de dois anos após a invasão da Ucrânia, com diferenças regionais no acesso à energia e nas medidas", concluíram a Fundação Francisco Manuel dos Santos e a Brookings. Esta é a conclusão do estudo “O atribulado divórcio do gás russo na Europa”, da autoria de Samantha Gross, especialista em política externa, energia e política climática, e de Constanze Stelzenmüller, directora do Centro de Estudos da Europa e dos EUA da Brookings Institution, resultado de uma parceria entre a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) e aquela instituição norte-americana, com a colaboração da Fundação LusoAmericana para o Desenvolvimento (FLAD). Para as autoras, “a Europa continua, por enquanto, largamente dependente do gás importado, tendo-se limitado a diversificar os seus fornecedores e a aumentar a sua dependência relativa do GNL [gás natural liquefeito], que é mais caro”. O estudo refere que a resposta da Europa, após a invasão russa da Ucrânia, em Fevereiro de 2022, foi rápida “e inimaginável antes do conflito”, mas esconde diferenças regionais no acesso à energia e nas medidas tomadas, que dificultarão uma resposta política unificada no futuro. Adicionalmente, as autoras apontam que a redução da procura e substituição por GNL tem representado graves prejuízos para as indústrias de uso intensivo de energia, subsídios controversos, políticas protecionistas e o aumento de tensões políticas entre países europeus.

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