BI333 - O Instalador

OPINIÃO | EDIFÍCIOS 76 “Esta é, por isso, uma trajectória incompleta e exposta a riscos futuros, tais como a contínua chantagem contra os países europeus que continuam a importar gás russo, o fim do acordo de circulação de gás ucraniano, uma eventual vitória de Trump nas presidenciais dos Estados Unidos, em Novembro, ou a elevada volatilidade que é típica do mercado de GNL”, aponta a análise. Antes da guerra na Ucrânia, mais de 40% do gás natural importado pela Europa vinha da Rússia, o seu maior fornecedor individual, sendo que alguns países europeus dependiam da Rússia para mais de 80% do seu aprovisionamento de gás, com a Alemanha como maior cliente de gás russo em termos de volume, importando quase o dobro do volume de Itália, o segundo maior. Em 2023, a Europa ainda importava, globalmente, 14,8% do seu abastecimento total de gás da Rússia, com 8,7% a chegar através de gasodutos e 6,1% sob a forma de GNL. O estudo alerta ainda para a necessidade de abordar questões políticas fundamentais, num futuro próximo: “quais devem ser os papéis dos mercados e dos governos na gestão da economia do gás e na distribuição de recursos escassos? Se a segurança do fornecimento de gás faz agora parte da postura da Europa face à segurança geral de um continente interdependente, aberto e globalizado, o que é que isso significa para o estatuto das infra-estruturas essenciais e das empresas energéticas? Que papel deverá a UE desempenhar na integração do mercado europeu do gás e na resolução das desigualdades de distribuição e das respostas de políticas fiscais protecionistas? E, finalmente, como é que tudo isto se insere na aliança transatlântica? A segurança energética deve fazer parte de uma estratégia de defesa europeia. Algumas medidas já foram tomadas, nomeadamente legislação para financiar a produção de munições através do orçamento da UE, bem como a criação de uma unidade de destacamento rápido, com cinco mil soldados de vários países, para missões de manutenção da paz no mundo.” ”Quando há uma guerra de agressão na Europa - contra a Ucrânia, - quando há uma guerra híbrida da Rússia contra os Estados-membros da UE, chegou o momento de diminuir o risco de uma agressão contra um de nós. Se não for agora, não sei quando é que a defesa europeia realmente começará a ser levada a sério", disse Nathalie Loiseau, eurodeputada liberal francesa que trabalha em políticas de defesa. Na recente revisão do orçamento da UE até 2027, foram acrescentados 1,5 mil milhões de euros para o Fundo Europeu de Defesa, a fim de aumentar a produção industrial de armamento.3 A dependência militar da Europa face aos EUA é fácil de entender quando se tem presente que depois da II Guerra Mundial, as forças militares americanas tornaram-se presença habitual neste continente, desde Portugal até à Turquia e foram ficando com base na conivência e na conveniência da Europa.

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