OPINIÃO | EDIFÍCIOS 77 O mesmo se diga das forças militares da então URSS, nos países da chamada Cortina de Ferro e tudo isto no contexto de um conflito global não assumido directamente como foi a Guerra Fria. O continente estava devastado e exausto e, portanto, os recursos do lado ocidental que poderiam ser destinados a defesa foram canalizados para a reconstrução e o Estado Social. Sem esquecer que o momento político desde o pós-guerra até aos anos 80 não era nada propício a actividades bélicas na Europa ou promovidas por esta. Já no caso do bloco de Leste, tudo se passou de forma diferente, como sabemos. Aos EUA também convinha a situação porque a presença aqui ajudava a sua auto afirmação enquanto super potencia e mais ainda ao desenvolvimento da industria de defesa norte-americana. Todos ganhavam, aparentemente e nós Europeus, fomo-nos demitindo colectivamente das nossas responsabilidades. Até que chegamos ao quadro de hoje. A avaliar pelas primeiras informações, o novo mandato do Presidente Trump vai assentar em políticas protecionistas do mercado interno dos EUA. Vejam-se por exemplo a questão das sobre taxas sobre os bens importados para aquele país. Na verdade, “Trump prometeu nesta campanha eleitoral impor tarifas entre 10 e 20% sobre todos os produtos importados e 60% para os provenientes da China.”4 Trump está a recuperar duzentos anos depois a chamada doutrina de Monroe anunciada pelo presidente americano James Monroe (presidente de 1817 a 1825) em sua mensagem ao Congresso em 2 de Dezembro de 1823. “Julgamos propícia esta ocasião para afirmar, como um princípio que afecta os direitos e interesses dos Estados Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados, no futuro, como susceptíveis de colonização por nenhuma potência europeia […]” (Mensagem do Presidente James Monroe ao Congresso dos EUA, 1823) A frase que resume a doutrina é: “América para os americanos”. O seu pensamento consistia em três pontos: 1. A não criação de novas colónias nas Américas; 2. A não intervenção nos assuntos internos dos países americanos; 3. A não intervenção dos Estados Unidos em conflitos relacionados aos países europeus como guerras entre estes países e suas colónias. Acontece que o mundo e a economia de hoje nada têm a ver com o que se passava na década de 20 do Século XIX. Basta lembrar, por exemplo que a China é o maior credor do mundo
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