BI335 - O Instalador

OPINIÃO 88 do custo de construção de um reactor nuclear são as taxas de juro inerentes ao financiamento até que a estrutura esteja operacional, a menor dimensão permite que o SMR entre em funcionamento mais cedo e, portanto, fica mais barato, pois começa a gerar rendimento mais cedo do que o LR. OPINIÃO PÚBLICA Outro aspecto do qual o novo programa energético nuclear italiano terá que se ocupar é a percepção pública sobre esta fonte energética. Com efeito, a opinião pública mostra regularmente preocupação com questões tais como os riscos tecnológicos inerentes, os elevados custos de construção e o desenvolvimento das infraestruturas, a falta nalguns países de uma cadeia de fornecimento nacional e o eterno problema dos resíduos. Recorde-se que os italianos já rejeitaram duas vezes, por referendo, a opção nuclear, em 1987 e 2011, respectivamente. Contudo, a Itália tem pelo menos, desde os anos 60, uma forte presença na indústria de produção de componentes para a energia nuclear. De facto, tem estado envolvida em projetos como, por exemplo, o ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor) vocacionado para a investigação em matéria de fusão nuclear. Curiosamente, os principais fornecedores tecnológicos do ITER são, por esta ordem, França e Itália. Uma grande parte destas empresas dedica-se ao fabrico de componentes fundamentais e de altíssima qualidade para as instalações nucleares como, por exemplo, vasos de pressão para LR’s, geradores de vapor, permutadores de calor, bombas de arrefecimento e ainda tanques. Além disso, também fornecem serviços complementares, tais como certificação e testes para componentes e sistemas nucleares. O regresso ao nuclear por parte de Itália, como dito atrás, prende-se com a necessidade de descarbonizar em menos tempo. Em termos comparativos, esta perspectiva é interessante. Vejamos, por exemplo, o caso da Alemanha, que investiu fortemente na última década nas energias renováveis, mas como o vento e o sol ainda são fontes de energia de certa forma intermitentes, o resultado dessa opção é a manutenção de uma enorme dependência de carvão e, até à guerra da Ucrânia, do gás russo. Para termos uma noção da dimensão da dependência da Alemanha do carvão, basta dizer que o seu consumo deste minério responde por um terço do consumo global da UE quando medida em terawatt/hora e reportado ao ano de 2023.[1] Já se juntarmos os consumos anuais de carvão de Itália e França e se os multiplicássemos por quatro, mesmo assim ficaríamos muito longe do consumo da Alemanha. Indo mais longe, França satisfaz 70% das suas necessidade energéticas através da energia nuclear, tendo anunciado, em fevereiro de 2022, a construção de seis novos reactores e está a considerar construir mais oito. O resultado é a França ser um dos maiores exportadores líquidos de

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