BI298 - O Instalador

A VOZ DA QUERCUS 39 sões de GEE (Gases com Efeitos de Estufa) provenientes da deposição ou queima do lixo. Por ano, estima-se ser necessária uma área de aterro equivalente a cerca de 10 campos de futebol para encaminhar todos os resíduos à quantidade que são depositados atualmente. Portugal dispõe atualmente de 33 aterros. Estes têm de momento uma capacidade de sete anos 3 . Ameta europeia adotada por Portugal previa uma redução em 10% na pro- dução até 2020 e o que conseguimos foi perto de nada. Talvez o cenário não tenha sido pior porque atraves- sámos uma crise económica em 2011 que levou à redução da produção do lixo durante os anos que se seguiram. Para além desta, a metas de recicla- gem não foram, na sua generalidade, cumpridas e a acumulação de resíduos urbanos em aterro é muito elevada, representando cerca de 57% do total de lixo produzido. Uma grande parte dos RU são compostos por resíduos orgânicos. O desvio de orgânicos dos aterros para posterior valorização tem sido um investimento através dos sistemas de tratamento mecânico e biológico para onde são atualmente encaminhados cerca de 38% dos resí- duos recolhidos. Mas apenas 13% são efetivamente valorizados, sendo o res- tante encaminhado para aterro. O erro começa logo quando começamos a comparar-nos com outras regiões ou países e realidades completamente diferentes das nossas. No entanto, como podemos abrir caminho sem pormos os dados em cima da mesa? O Mundo gera anualmente 2,01 mil milhões de toneladas de resíduos sóli- dos urbanos. Os resíduos gerados por pessoa têmhoje uma média de 0,74kg em tendência crescente, mas as dife- renças entre as regiões do mundo são grandes. Em Portugal gerámos, em 2019, cerca de 1,4kg de resíduos por pessoa por dia 1 , ligeiramente acima da média europeia. Pior que a Europa neste ranking só a América do Norte com uma produção de mais de 2kg em média por pessoa 2 . Embora a Europa se tenha compro- metido com a redução da produção de resíduos, as projeções apontam para uma tendência crescente em todo o Mundo. As metas europeias são cada vez mais exigentes e Portugal já se comprometeu com a implemen- tação de novos sistemas de recolha seletiva para os biorresíduos, têxteis e pequenas quantidades de resíduos perigosos, entre 2024 e 2025. Com isto, pretende-se desviar grande parte dos orgânicos para valorização e aliviar a carga de resíduos envia- dos para aterro. Ainda assim é preciso reforçar a reciclagem dos resíduos já existentes, principalmente as emba- lagens e os resíduos eletrónicos, com taxas atuais de recolha diferenciada a rondar os 48 e 33%, respetivamente. Em Portugal continental, a recicla- gem de resíduos de embalagem é insatisfatória nas redes de tratamento e gestão e mediana nos serviços de recolha 3 , porque as metas estabele- cidas são diferentes para cada região do País, de acordo com o Despacho nº 3350/2015, de 1 de abril de 2015. Figura 3. Produção de Resíduos Urbanos na Europa e no Mundo. urostat rupo do Banco Mundial, What a Waste 2.0: A global Snapshot of Solid Waste Management to 2050 RSAR, Relatório anual dos serviços de água e resíduos em Portugal 2020 PA, National Inventory repo t 2021 PA, Estudo prévio sobre a implementação da recolha seletiva em Portugal, em especial, o fluxo dos biorresíduos, 2019 Figura 3 – Produção de Resíduos Urbanos na Europa e no Mundo 1 Eurostat 2 Grupo do Banco Mundial, What a Waste 2.0: A global Snapshot of Solid Waste Management to 2050 3 ERSAR, Relatório anual d s serviços de água e resíduos em Portugal 2020 4 APA, National Inventory report 2021 5 APA, Estudo prévio sobre a implementação da recolha seletiva em Portugal, em especial, o fluxo dos biorresíduos, 2019 Figura 3 – Produção de Resíduos Urbanos na Europa e no Mundo

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