BI312 - O Instalador

64 MOBILIDADE ELÉTRICA última vertente, ao dia de hoje, a rede pública de carregamento de veículos elétricos supera os 2.800 postos e este número continua a aumentar. No entanto, com o crescimento exponencial do número de veículos elétricos (promovido por benefícios fiscais, entre outros), o acesso ao carregamento tenderá a tornar-se cada vez menos cómodo e demorado, exigindo-se por vezes, o carregamento durante a noite. Esta situação émenos atrativa, quando comparada com um abastecimento convencional com a duração média de 5 a 10 minutos num posto de abastecimento de combustíveis, no caso de um veículo a combustão interna. Adicionalmente, durante deslocações maiores, poderá haver a necessidade de efetuar o carregamento em postos de abastecimento em autoestrada, possivelmente requerendo um tempo de espera considerável (> 1 hora) no caso de existir menos elétricos do que o número de carros a necessitar de carregamento. TRANSPARÊNCIA NA ANÁLISE DE CICLO DE VIDA A grande diferença entre um veículo a combustão interna e um veículo elétrico está no uso de baterias no segundo caso e, no muito diferente impacto das emissões do combustível/ eletricidade durante a sua utilização. A exploração de metais para a produção de baterias, tais como o lítio, não tem uma transparência desejável ao longo da sua cadeia de valor, mas o seu impacte local é significativo com risco de poluição de lençóis freáticos e impactes no transporte e transformação das matérias-primas em baterias. No entanto, a bibliografia5 suporta que os veículos elétricos, apesar de apresentarem um maior impacte durante o seu fabrico, são responsáveis por menos emissões durante todo o seu ciclo de vida, ao se admitir uma matriz de produção elétrica semelhante ao caso português (em que a maioria da produção elétrica é de origem renovável). Espera-se, ainda, que os impactes ambientais dos veículos elétricos diminuam em mais de 70% até 2050. ANÁLISE Tal como acontece recorrentemente, a penetração de nova tecnologia no mercado não acontece a par e passo com o desenvolvimento da infraestrutura correspondente. A infraestrutura que atualmente existe não está ainda preparada para uma substituição plena da anterior tecnologia pela nova, esperando um uso com todas as conveniências atuais. No entanto, existe um forte dinamismo de mercado que tem impulsionado as vendas de veículos elétricos, também impulsionado por políticas nacionais, e esse aumento está necessariamente a incentivar o desenvolvimento da infraestrutura adequada. De facto, o número de postos de carregamento elétrico continua a aumentar, a rede elétrica está a ser renovada tanto em Portugal como na União Europeia e está a haver uma penetração crescente das tecnologias de produção renovável, centralizada e descentralizada, nomeadamente eólica e solar fotovoltaica. Adicionalmente, prevê-se que o custo de um veículo elétrico decresça significativamente, o que encorajará a sua aquisição. Numa análise geral, existe atualmente algum ceticismo relativamente à mobilidade elétrica, tecnologia ainda no seu estado inicial de integração no mercado, mas perspetiva-se, de facto, que a mobilidade elétrica irá substituir a mobilidade de base fóssil. Urge, no entanto, que se tenham em consideração todas as componentes da cadeia de valor do sistema energético para assegurar não só uma transição sustentável a nível ambiental, como sustentável a nível técnico. Também, uma estratégia política que impulsione medidas diversificadas de carregamento (domicílio/público, regime diurno através de produção decentralizada e noturna através de tarifas mais atrativas), bemcomo penalizações por emissões emitidas por distância percorrida, permitirá um crescimento sustentável nesta mobilidade elétrica. Em suma, a mobilidade elétrica é, de facto, um pilar na descarbonização da cadeia de valor de energia. No entanto, existem desafios ao dia de hoje que não podem ser ignorados, mas que estão a ser mitigados, promovendo, assim, a transição para a mobilidade elétrica. Face a tudo o exposto, verifica-se que o argumento financeiro, ao dia de hoje, pode não justificar a aquisição de um veículo elétrico em substituição de um veículo a gasóleo. No entanto, se aliado à necessidade de compra de um novo veículo e aliando a produção renovável já instalada ou a instalar no domicílio, poderá tornar mais rapidamente esta opção preferencial não apenas ao nível económico, mas também ambiental. n 1 https://www.deco.proteste.pt/auto/automoveis/noticias/carro-eletrico-compensa-carregar-casa 2 Preços obtidos para um Renault Clio a gasóleo e um Renault Zoe e-tech elétrico com autonomia de 52 kWh 3 https://www.publico.pt/2018/01/23/sociedade/noticia/quem-e-o-condutor-portugues-conduz-nove-mil-quilometros- -por-ano-tem-carro-com-uma-decada-e-usao-diariamente-1800028 4 https://datahub.ren.pt 5 European Environment Agency, 2022, Relatório EEA n.º 02/2022, Transport and environment report 2021 Decarbonising road transport — the role of vehicles, fuels and transport demand, ISBN: 978-92-9480-473-0

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