BI313 - O Instalador

73 RENOVÁVEIS | EÓLICA Ao nível mundial, o crescimento desta tecnologia tem também sido muito relevante, sendo que a capacidade instalada aumentou de 181 GW em 2010 para 830 GW em 2021, um crescimento de 360%. Por sua vez, a energia elétrica produzida de fonte eólica cresceu no mesmo período de 343 TWh para 1870 TWh, um crescimento de 446%. O superior aumento de energia produzida em relação ao aumento da capacidade disponível está relacionado com o aumento do fator de utilização global, que passou de 21.6% para 25.7%. Até 2030, a Agência Internacional de Energia (IEA) estima que globalmente se chegará a uma capacidade instalada de 3106 GW, umaumento de 274% em relação ao verificado em 2021, equivalente a 250 GW de nova capacidade a cada ano. Uma grande parte deste aumento será alcançado como crescimento da tecnologia offshore, onde as velocidades dos ventos são maiores e sobretudo mais regulares, o que leva a que. em geral, o fator de utilização de instalações offshore seja superior ao de instalações onshore. Por isso mesmo, a IEA perspetiva que o fator de utilização global da capacidade instalada cresça até aos 29.15% em 2030. De forma a evidenciar o desafio associado com ao crescimento estimado pela IEA, é importante notar que o maior crescimento de capacidade instalada alguma vez verificado num ano, foi de cerca de 110 GW, no ano de 2020. Na atualidade, vários fatores dificultam ummaior desenvolvimento de projetos eólicos, nomeadamente: a morosidade na obtenção de licenças, as disrupções das cadeias de abastecimento de matérias-primas, a incerteza da remuneração da energia fornecida, e os constrangimentos da rede elétrica. A IEA alerta também para que a taxa de crescimento de projetos de energia renovável deve desacelerar no próximo ano, pela primeira vez na última década. O retorno financeiro de novos projetos será reduzido, devido aos crescentes custos de mão-de-obra e transporte, que levama umaumento dos custos de produção e de instalação, assim como ao aumento e incerteza do custo e disponibilidade das matérias-primas. Por outro lado, existem também muitos riscos associados à incerteza no preço pago pela energia produzida ao longo da vida destes projetos e às potenciais limitações de injetar toda a energia elétrica produzida nas redes de transmissão ou de distribuição. No entanto, num contexto de elevados preços nos mercados de eletricidade, devido aos elevados preços dos combustíveis fósseis, a remuneração da energia elétrica renovável pode ser bastante atrativa, ainda que tambémos custos associados às renováveis sejam crescentes. A adaptação a este novo paradigma poderá levar a uma desaceleração da implantação de novos projetos de energia eólica, tal como a IEA estima para o próximo ano. Assim, é necessário encontrar soluções para reduzir a volatilidade e incerteza associadas aos novos projetos eólicos, para que, de facto, se possa verificar um significativo e sustentável crescimento da energia eólica na próxima década. Para concluir, é importante frisar que a transição energética e a mitigação das alterações climáticas requerem níveis de ambição elevados para a integração de mais capacidade eólica, como é projetado pelo IEA e se discutiu acima. O presente contexto de elevados preços de energia elétrica, combustíveis fósseis e matérias-primas torna esse objetivo desafiante, mas também oferece oportunidades para o desenvolvimento e implementação de novas instalações de capacidade eólica. Para que esse elevado crescimento se verifique, será necessário que a tecnologia eólica consiga atingir maiores taxas de utilização, que a indústria consiga garantir maiores taxas de produção e instalação, e que a remuneração da energia elétrica produzida seja estabilizada e a sua utilização seja assegurada. n

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