“Hoje, no nosso País, continuamos a consumir cerca de 30% mais de energia que aquela que precisamos. Na matriz energética mundial temos hoje 5% de energias renováveis, mas precisamos de ter 25% em 2030. É um investimento de 750 mil milhões de dólares nos próximos 10 anos. É uma década absolutamente decisiva para transformar tudo e a eficiência energética tem de ser um dos motores. Temos de olhar para a eficiência energética como uma espécie de revolução”, afirmou António Costa e Silva, CEO da Partex Oil & Gas, autor do Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 e professor no Instituto Superior Técnico, durante o último programa online 'Hora de Agir', transmitido em direto na página de Facebook do Fórum de Energia e Clima, no dia 27 de janeiro.
"A eficiência energética é a fonte de energia mais barata, porque é aquela em que não é necessário consumir. O nosso País tem feito avanços extraordinários na transformação da sua matriz energética. Há 10 anos dependíamos em 87% dos combustíveis fósseis. Nesta altura, dependemos cerca de 71%. As energias renováveis em Portugal já são responsáveis por mais de 56% da produção da eletricidade, o que é uma mudança extraordinária", afirmou António Costa e Silva que, ainda assim, defendeu haver "muito a fazer", sobretudo em relação à digitalização da energia.
Nomeado pelo Governo para delinear o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, que visa o relançamento da economia após a crise pandémica provocada pelo novo coronavírus, António Costa e Silva defende a aposta na modernização das estruturas físicas do País, como o investimento na rede ferroviária, a remodelação das infraestruturas portuárias e a qualificação do setor energético, considerando ser fulcral uma aceleração da transição para a era digital. Para o CEO da Partex Oil & Gas e engenheiro de minas, a mudança e a adoção das tecnologias digitais deve ser transversal a todos os setores da economia portuguesa, desde os serviços públicos às pequenas e médias empresas, o que resultará num impacto muito positivo na economia portuguesa.
António Costa e Silva considerou ainda que as gerações mais novas podem assumir um "papel transformacional na mudança da governação política e na mudança das prioridades".
"Não podemos pensar que esta sociedade do conhecimento pode ser governada com métodos antigos. Temos uma década decisiva pela frente. Nós continuamos a colocar na atmosfera, por ano, cerca de 34 mil milhões de toneladas de CO2 e o máximo que a atmosfera aguenta é 17 mil milhões de toneladas. Temos de agir agora e inverter este cenário", apelou Costa e Silva.
Sob o mote 'Transição Energética, Crise Climática e Lideranças', o programa 'Hora de Agir', promovido pelo Fórum de Energia e Clima, reuniu ainda Carlos Pimenta, antigo secretário de Estado do Ambiente em Portugal e engenheiro eletrotécnico, e Sérgio Besserman, ecologista e professor do departamento de Economia da Universidade Católica do Rio de Janeiro, para uma discussão em torno dos grandes desafios da humanidade na próxima década.
"Em Portugal, o setor das energias renováveis tem aberto milhares de novos postos de trabalho, com qualificações e salários superiores. As energias renováveis são uma área que apela a muitos saberes, nomeadamente de cientistas, mecânicos, eletricistas, gestores do sistema, entre tantos outros", sublinhou Carlos Pimenta, defendendo ser "necessário mudar de paradigma no que toca à eficiência".
"A Idade da Pedra não acabou porque as pedras acabaram. Logo, esta Idade dos combustíveis fósseis também não vai acabar porque acabam os combustíveis fósseis. Nós é que temos, realmente, de mudar de paradigma", realçou o antigo secretário de Estado do Ambiente.
Na mesma linha de pensamento, Sérgio Besserman defendeu que a crise climática exige uma mudança civilizacional. "A próxima década é crítica. Temos de ter a capacidade de fazer escolhas históricas muito relevantes. A questão da crise climática está no centro de todas as outras crises, seja dos oceanos, da água doce ou da biodiversidade. A crise climática é muito urgente, grave e profunda e exige uma mudança em termos civilizacionais", alertou o ecologista brasileiro.
"A eficiência energética é, de longe, o que há de mais importante a ser feito", disse Sérgio Besserman, apontando o teletrabalho como uma forma de "acelerar ainda mais esta eficiência". "O teletrabalho vai passar a integrar o sistema de trabalho de uma forma gigante e tem vindo a evidenciar muito em termos de eficiência energética. Até porque é um método de trabalho que reduz bastante a mobilidade".
A moderar o programa esteve Ricardo Campos, presidente do Fórum de Energia e Clima, que apontou a descarbonização da economia como "o grande desafio da humanidade até 2030". "É necessário tornar a economia mais circular, mais verde e mais sustentável. Estamos num tempo em que podemos assistir à maior mudança do nosso paradigma energético, uma mudança que nenhuma geração antes assistiu. Os próximos anos são críticos e decisivos, por isso, na transição energética, esta é também a hora de agir", afirmou Ricardo Campos.
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