O Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL) foi uma das escolas galardoadas com a Bandeira Verde do programa Eco-Escolas 2019-2020. A pretexto da sustentabilidade e objetivos da instituição, a Revista O Instalador falou com Fernando Miguel Seabra e Margarida Piteira, ambos docentes no ISCAL, e membros do Conselho Eco-Escolas.
O ISCAL, enquanto instituto de ensino superior público, aposta num conjunto de princípios que promovam as boas práticas, tais como a inclusão, igualdade, diversidade, a abertura e participação da população académica na responsabilidade social, assim como a sustentabilidade e o respeito pelo meio ambiente.
É neste enquadramento que, preocupado com o desenvolvimento sustentável dos estudantes, funcionários e docentes, foi promovido um conjunto de iniciativas inseridas no Programa Eco-Escolas, que incentivam à redução do consumo de água, à gestão eficiente da energia, à reutilização, à redução do consumo de plástico, à reciclagem e à separação do lixo, como pequenos contributos para ajudar a melhorar o ambiente e a qualidade de vida de toda a comunidade ISCAL.
Para a obtenção do prémio, o ISCAL teve de introduzir o programa Eco-Escolas no seu campus e na vida diária de toda a sua comunidade. A implementação deste programa, obrigada à execução de uma metodologia de sete passos, visa garantir a participação de todos na tomada de decisões, envolvendo-os assim na construção de um instituto e de uma comunidade mais sustentáveis. Os sete passos são: a formalização de um Conselho Eco-Escola; a realização de uma Auditoria Ambiental; a construção de um Plano de Ação; a Monitorização e Avaliação; o Trabalho Curricular; a Informação e Envolvimento da Escola e da Comunidade Local; e o Eco-Código.
É neste contexto que falámos com dois responsáveis do ISCAL sobre a importância da Bandeira Verde (Ver Caixa).
Em primeiro lugar, gostava que me falasse um pouco da política de sustentabilidade do ISCAL e em que iniciativas e projetos tem a instituição trabalhado nesta matéria?
Fernando Miguel Seabra - O ISCAL tem desenvolvido um conjunto de ações na área da responsabilidade social, das quais se destacam: subscrição da Carta da Diversidade; cooperação com o GRACE – Empresas Responsáveis, no Projeto Uni.Network; participação na REDE RSO PT; colaboração com a Associação Portuguesa de Ética Empresarial (APEE), incluindo a participação na Comissões Técnicas de Responsabilidade Social e de Ética nas Organizações; dinamização dos Objetivos dos Desenvolvimento Sustentável (ODS) enquanto organização aderente da Aliança ODS Portugal, entidade na qual integramos o Board. Recentemente, o ISCAL assinou o 'call to action anticorrupção', iniciativa anticorrupção da APEE e da Global Compact Network Portugal. Organizamos diversos eventos técnicos e científicos, abertos à comunidade em geral, que visam promover e disseminar a temática da sustentabilidade. Em suma, estamos a percorrer um caminho com passos firmes, que nos permite afirmar a responsabilidade social como um fator transversal a toda a comunidade académica e demais parceiros.
Fale-me da importância da bandeira verde com que foram premiados no âmbito da iniciativa Eco-Instituiçãos Programa Eco-Escolas. Como começou, que medidas foram implementadas e que impacto tem para o ISCAL?
Fernando Miguel Seabra - Estamos no início de um processo de criação de uma consciência coletiva para uma cidadania ecológica. A bandeira verde representa o seu começo. Com esta iniciativa, tencionamos traçar uma aprendizagem para sermos uma Eco-Instituição, mais 'verde' e mais sustentável. O desafio em aderir a esta iniciativa da ABAE surgiu, de certa forma, por pertencermos a um conjunto de instituições que estão a abraçar a causa. Em boa hora, acedemos contribuir para esta estratégia coletiva, em que temos a oportunidade de beneficiar de um ambiente colaborativo muito proveitoso, no âmbito do grupo de instituições do Instituto Politécnico de Lisboa. A par disto, estamos em contínuo trabalho para angariar parceiros externos (nacionais e internacionais) que nos possam enriquecer, com o seu conhecimento e experiências, ajudando-nos a concretizar ações. Esperamos que, a médio prazo, os impactos sejam não só ao nível das condições ambientais e de sustentabilidade da Instituição mas, sobretudo, para a consolidação de uma cultura ecológica e de responsabilidade social e ambiental.
Como foi o envolvimento de toda a comunidade académica nesta estratégia?
Margarida Piteira - Há um conjunto de pessoas, bem identificado, que se está a mobilizar neste sentido, funcionando como drivers de influência na nossa comunidade - os membros do Conselho Eco Escolas ISCAL e, sublinhe-se, que no grupo de alunos encontramos alguns dos conselheiros mais pró-ativos para a causa ambiental. O destaque ao papel dos alunos é essencial, dado que a adesão ao programa eco-escolas pressupõe uma ampla participação dos mesmos.
A nível do edifício, que mais-valias e/ou necessidades de adaptação foram necessárias?
Margarida Piteira - A questão do edifício é para nós um dos principais desafios, uma vez que este não foi concebido para albergar uma instituição de ensino. Somos muitos em pouco espaço. Findámos o ano passado a identificação dos problemas relacionados com a eficiência energética, o consumo de água e a gestão de resíduos. Futuramente o objetivo será trabalhar ações que otimizem a intervenção nestas áreas. Começámos agora, havendo muito trabalho para fazer. Não obstante termos um projeto que passa pela mitigação dos problemas enumerados, continuamos a pressionar a tutela para que possamos, finalmente, ter umas instalações que nos permitam melhorar as condições de estudo, de trabalho e fomentar o bem-estar de toda a comunidade académica.
A pandemia foi um fator que, decerto, não ajudou. Como a contornaram nas ações?
Margarida Piteira - Os consumos de água e de energia reduziram, bem como os resíduos, infelizmente, pela situação pandémica. Algumas das ações foram desenvolvidas, tendo em conta o cenário doméstico dos conselheiros do Conselho Eco-Escolas ISCAL. Ações que seriam realizadas na instituição foram desenvolvidas em casa/a partir de casa, tais como a separação de resíduos ou a gestão de compras de produtos mais ecológicos. Houve uma transposição das ações da instituição para as nossas casas. A tal consciência para a cidadania ecológica não tem espaço, nem tempo, para ser trabalhada. E as sessões online vieram facilitar este trabalho colaborativo.
Como analisa a educação para a sustentabilidade em Portugal, no contexto universitário? Que desafios ainda existem e que constrangimentos é preciso também ultrapassar?
Fernando Miguel Seabra - Ao longo da última década as instituições de Ensino Superior em Portugal têm assumido a sustentabilidade como um vértice importante da sua estratégia. Decorrente deste facto, a educação para a sustentabilidade tem passado por um processo de enraizamento que poderá, num futuro próximo, trazer resultados palpáveis. Os desafios existentes são aqueles que decorrem da necessidade de mudança de paradigma e de abordagem relativamente a estas questões que, muitas vezes, se encontram associados a traços culturais, o que implica uma maior morosidade no processo. Ao nível das instituições de ensino superior com oferta formativa na área das ciências empresarias, como é o caso do ISCAL, é fundamental estar consciente da importância do debate da temática da sustentabilidade e da responsabilidade social junto dos alunos, quer em fóruns especializados quer em diferentes unidades curriculares. Fortalecer a economia portuguesa e o tecido empresarial português também passa pela formação de decisores empresariais nestes domínios em interligação às ciências empresariais.
Por fim, como encara o futuro da instituição a nível de responsabilidade social, consciência ambiental e despertar de mentalidades para a eficiência e melhor gestão de recursos?
Fernando Miguel Seabra - O galardão da bandeira verde é o começo de uma nova fase. Estamos certos que é bastante importante para o despertar de consciências, sendo que um dos nossos objetivos é mobilizar toda a comunidade para esta causa. Neste momento estamos a elaborar o Eco-código, que terá a tónica destes valores. A responsabilidade social é algo intrínseco ao serviço que uma instituição pública oferece à sociedade. Neste sentido, percorrer o caminho da responsabilidade social e ambiental é também uma obrigação que assumimos.
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