De acordo com o Estudo ‘Impacto da Energia Renovável’, realizado pela Deloitte para a APREN, é provável que cheguemos em final de 2020 com uma contribuição para PIB de cerca de 3,8 mil milhões de euros, 55 mil empregos diretos e indiretos gerados e uma redução na fatura energética de 1,2 mil milhões de euros devido às importações evitadas em termos de combustíveis fósseis. O setor da eletricidade renovável foi até à data o que mais contribuiu para a descarbonização da economia, sendo responsável em 2020 por evitar 17,1 Mt de emissões de CO2eq, e continuará a ser o centro da transição climática até 2030.
O ano de 2020, apesar de fortemente marcado pela crise pandémica, é caraterizado por importantes avanços que vêm fortalecer o posicionamento do setor, sendo mesmo um ano de alavancagem e de oportunidades para o futuro do setor renovável
A nível nacional foram aprovados três planos de grande relevo e foi realizado o segundo leilão de capacidade renovável para solar fotovoltaico:
No entanto, em termos de capacidade renovável instalada, Portugal ficou aquém do esperado, principalmente tendo em consideração a meta estabelecida no PNEC para 2030 (27,6 GW). Até ao final de 2020, estavam previstos 14,8 GW de capacidade instalada e, neste momento, verifica-se um total acumulado de 14,5 GW, maioritariamente suportado pela tecnologia eólica. Esta questão é de grande relevância, tendo em conta a ambição e necessidade de implementar a transição climática. No que diz respeito à comparticipação renovável na geração de eletricidade, verificou-se o valor mais alto gerado nos últimos cinco anos, 30,9 TWh, o correspondente a 60,8%, em valores reais não normalizados, maioritariamente suportados pela tecnologia hídrica (27,3%) e eólica (24%).
Neste sentido, há ainda um longo caminho a percorrer para atingirmos as metas a que nos propusemos. Se por um lado, foram dados passos relevantes no sentido da promoção das energias renováveis, com um impacto macroeconómico muito relevante e com o conjunto de planos já mencionados, a verdade é que no ano de 2020 foram instalados somente 139 MW de potência renovável, um aumento de 0,9 % face a 2019, num setor que tem visto um crescimento médio anual, em capacidade, de cerca de 6 %. Para além disto, prevalecem entraves relacionados com o licenciamento de projetos, em que se verificam prazos cada vez mais morosos, situação que se agravou com o volume de novos pedidos e uma falta generalizada de recursos humanos nas entidades envolvidas no processo. Por último, reforça-se a falta de capacidade de rede para o desenvolvimento de novos projetos, que agregada à falta de uma visibilidade e calendarização no curto e médio prazo de como será atribuída capacidade até 2030, tem contribuído significativamente para a pressão e instabilidade no tecido empresarial que suporta e promove o desenvolvimento do setor.
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