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Artigo exclusivo para a revista O Instalador, publicado na edição n. 297 - maio 2021 da nossa revista

Envelhecimento e reparação de instalações fotovoltaicas (Parte 2)

Luís Fialho, Cátedra Energias Renováveis – Universidade de Évora

Francisco Martinez-Moreno, Instituto de Energia Solar - Universidade Politécnico da Madrid

Nikolay Tyutyundzhiev, Academia das Ciências da Bulgária

27/05/2021
Reparação on-site de módulos defeituosos
O projeto europeu GRECO (GA n.78729), do programa Horizonte 2020, que integra a Cátedra Energias Renováveis da Universidade de Évora (CER-UÉ), fez uma análise e caraterização das instalações fotovoltaicas com mais de 10 anos e propõe soluções de reparação on-site para alguns desses defeitos.
Na fase de caraterização das instalações fotovoltaicas, a equipa do GRECO inspecionou módulos expostos ao sol durante mais de uma década, compilando uma lista dos defeitos mais comuns que surgiram. Alguns, embora muito evidentes, como os snail trails e descoloração – amarelecimento – não revelaram até agora indícios de problemas na integridade dos módulos ou de redução da sua capacidade de produção. Mas outros têm um impacto drástico no funcionamento e/ou segurança, como vidros partidos, PID ou delaminações, e geralmente são difíceis de reparar. No entanto, alguns defeitos, se detetados a tempo, podem ser reparados, permitindo que o módulo continue a funcionar normalmente na instalação. Desta forma, a vida útil é prolongada e o retorno maior.
Figura 3a...

Figura 3a. Da esquerda para a direita: Díodos de bypass defeituosos com condução de corrente permanente; Módulo com díodos de bypass defeituosos e cuja potência produzida é reduzida em 2/3 (área à direita mais quente); Módulo com díodos de bypass sem falhas (todo o módulo apresenta aproximadamente a mesma temperatura).

Figura 3b. Ponto quente numa célula

Figura 3b. Ponto quente numa célula.

Figura 3c. Ponto quente numa soldadura

Figura 3c. Ponto quente numa soldadura.

Alguns defeitos que são suscetíveis de serem reparados na própria instalação são de três tipos:

  • Reduzem a potência fornecida pelos módulos, como acontece com díodos de bypass defeituosos que estão continuamente em condução (Figura 3a).
  • Representam um perigo para a integridade dos módulos, como pontos quentes (na célula – Figura 3b – ou numa soldadura – Figura 3c), que podem levar à falha permanente do módulo.
  • Ameaçam a segurança elétrica da instalação e obrigam à sua remoção, como os módulos com falhas de isolamento elétrico nas suas extremidades (Figura 3d).
Figura 3d. Falha de isolamento numa extremidade

Figura 3d. Falha de isolamento numa extremidade.

O interesse desta possível reparação, em vez da troca por um módulo novo saudável, justifica-se pela cada vez mais provável falta de módulos de substituição ao longo do tempo, uma vez que as caraterísticas mecânicas e elétricas dos módulos têm mais de uma década e são notavelmente diferentes daqueles apresentados pelos módulos atuais, como evidenciado pela Figura 4. O que se agrava em módulos com duas décadas ou mais.
Figura 4. Evolução dos módulos fotovoltaicos fabricados em décadas distintas

Figura 4. Evolução dos módulos fotovoltaicos fabricados em décadas distintas.

O projeto GRECO desenvolveu soluções para reparar módulos com alguns desses defeitos na própria instalação. O objetivo é reduzir significativamente o tempo e custo da reparação: as soluções propostas demoram apenas 1 ou 2 dias de trabalho, se forem efetuadas na própria instalação, enquanto que a duração destas tarefas de manutenção aumenta drasticamente se forem enviados para reparação num laboratório especializado (pelo menos entre 2 a 3 semanas, visto que os laboratórios estão normalmente bastante longe da localização das instalações fotovoltaicas). Se se solicitar a fabricação ad hoc de alguns exemplares, além do tempo, também o preço pode aumentar.

A investigação do GRECO estima que o custo médio de reparação de um destes defeitos num módulo rondará os 70€ se for efetuado nas próprias instalações (mão-de-obra para desmontar e reparar o módulo mais o preço predefinido dos materiais necessários à reparação); 95€ se for realizado num laboratório especializado (o acréscimo de 35% deve-se ao transporte; que na realidade deverá ter um custo superior, dada a logística acrescida em instalações fotovoltaicas em localizações remotas); e 230€ se for solicitado um módulo totalmente novo (o custo extra de 330% está associado ao preço do módulo, assumindo um custo de 0,7€/Wp, semelhante ao custo dos módulos atuais, embora a produção de um modelo de caraterísticas diferentes das linhas de produção implementadas hoje em fábrica encarecesse bastante o seu preço). Inclusive no caso mais otimista (sem custo extra para a fabricação de um módulo ad hoc), a economia de recorrer à reparação dos módulos, em vez da substituição, permite reduzir substancialmente os custos, além de aumentar o tempo de vida útil e rentabilidade da instalação fotovoltaica.

O projeto GRECO previa a dinamização de workshops para apresentar estes resultados e técnicas de reparação a técnicos e responsáveis pela operação e manutenção de instalações fotovoltaicas, com metodologias aplicadas a módulos reais e com debate sobre os problemas que podem ocorrer na reparação. Face à impossibilidade de realizar estas sessões, devido à pandemia de Covid-19, decidiu-se disponibilizar tutoriais em vídeo, em diferentes línguas, que mostram 'passo a passo' as técnicas de reparação propostas. Estes tutoriais podem ser consultados de forma totalmente gratuita no canal YouTube do projeto: https://www.youtube.com/channel/UC8GHEox39_lmkV_gB_BLMew.

Conclusões

Na investigação sobre o envelhecimento de módulos foram identificados alguns defeitos que podem ameaçar a fiabilidade, produtividade e segurança das instalações fotovoltaicas, que são suscetíveis de reparação na própria instalação.

A equipa do GRECO tem investigado possíveis técnicas de reparação desses defeitos e, como resultado, preparou vários tutoriais em vídeo, que podem ser consultados no canal do projeto no YouTube (reparação de pontos quentes em células; reparação de pontos quentes em soldaduras; reparação de díodos de bypass em curto-circuito permanente; perda de isolamento elétrico nas margens dos módulos).

Estas técnicas de reparação permitem prolongar a vida útil da instalação, evitando que estes defeitos evoluam para outros mais graves que ameacem a sua integridade (falha definitiva e irreversível do módulo), mas também podem permitir a recuperação de parte da capacidade produtiva perdida, em consequência desses defeitos. Com estas técnicas de reparação on-site é possível obter poupanças muito significativas face aos custos de operação e manutenção tradicionais, reduzindo também perdas e tempos de paragem.

Agradecimentos

A equipa do GRECO agradece a todas as pessoas que participaram desinteressadamente neste projeto, disponibilizando, de forma anónima, os dados de funcionamento das suas instalações fotovoltaicas e módulos com defeitos.

Este trabalho foi financiado pelo programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia, através do projeto Fostering a Next Generation of European Photovoltaic Society (GRECO), sob o contrato nº 787289. Este trabalho foi também apoiado pelo projeto MADRID-PV2 (P2018/EMT-4308), financiado pela Comunidade de Madrid, com apoio do FEDER.

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