Artigo exclusivo Revista O Instalador
Economia Circular e os Equipamentos Elétricos e Eletrónicos
Os recursos naturais disponíveis no planeta Terra são cada vez mais escassos, escassez esta que se deve, em grande medida, ao aumento exponencial da atividade industrial a nível mundial.
Por sua vez, o crescimento tecnológico acelerado observado nos últimos anos tem contribuído para um consequente desenvolvimento da indústria de produtos elétricos e eletrónicos. Neste cenário, do ponto de vista ambiental, torna-se alarmante e urgente a mudança de hábitos no processo de fabrico por parte das indústrias desta área, assim como é cada vez mais imperativo incutir à sociedade em geral da necessidade de criarmos hábitos de menor consumo, incentivando práticas circulares.
Na verdade, uma das medidas fundamentais a desenvolver no futuro próximo passa por adotar práticas de Economia Circular por parte das empresas produtoras de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (EEE). Isto vai contribuir para uma alteração da forma como os produtos são fabricados e utilizados, cumprindo o objetivo de os tornar ambientalmente mais amigáveis (diminuição dos recursos naturais consumidos e das emissões poluentes) e com ciclos de vida mais longos.
Na indústria dos EEE, as empresas podem e devem adotar determinadas ações de melhoria, nomeadamente ao nível do design do produto. Para isso, os equipamentos devem ser concebidos de forma a facilitar o seu posterior desmantelamento, na ocorrência de terem necessidade de ser reparados ou recuperados para reutilização. Ou caso contrário, quando estes passam à categoria de resíduos, são enviados para reciclagem, tornando a recuperação e valorização dos seus componentes e materiais mais facilitada e eficaz.
Além disso, não devemos esquecer que os produtos fabricados devem ser sustentáveis no que toca à eficiência no uso dos recursos utilizados no processo produtivo, redução de produtos químicos perigosos utilizados, maior durabilidade, capacidade de atualização, processo e produto energeticamente eficientes, incorporação de materiais reciclados na sua composição, entre muitas outras ações possíveis para a implementação de práticas de maior circularidade.
A este respeito importa salientar que o diploma legal DL n.º 152-D/2017, de 11 de dezembro, UNILEX, alterado pelo novo DL n.º 102-D/2020, de 10 de dezembro, em vigor desde 1 de julho de 2021, já vem reforçar a adoção deste conceito fundamental no que toca à melhoria da sustentabilidade da indústria dos EEE em Portugal. Estas melhorias são ilustradas no artigo 55.º do referido documento legislativo, onde são abordados os 'Princípios de conceção e gestão dos Equipamentos Elétricos Eletrónicos'.
Concluindo, apenas com ações suficientemente impactantes como a adoção de uma economia mais sustentável e preocupada com o ambiente, será possível alcançar a mudança necessária que urge acontecer em pleno século XXI nas indústrias, conseguindo deste modo um planeta mais limpo, seguro e sustentável.