Tema esteve em debate numa conferência na Agroglobal, organizada pela Federação Nacional de Regantes e Portugal (FENAREG) e pelo Centro de Competências para o Regadio Nacional (COTR).
Para aliviar tais custos, a FENAREG defende que as associações de regantes sejam contempladas com apoios públicos para a instalação de equipamentos de produção de energia solar e que sejam implementadas comunidades de energia renovável na agricultura para gerir os excedentes, atingir melhores condições de venda, reduzir custos e emissões de carbono.
Luís Mira Amaral, professor no Instituto Superior Técnico e ex-ministro da Indústria e Energia, orador principal da conferência, exortou os agricultores a tornarem-se especialistas de energia: "os agricultores têm de ser agentes ativos, investindo em produção própria de energia renovável, tornando-se energeticamente independentes da rede, através da produção em painéis fotovoltaicos ou associando-se entre si e constituindo comunidades locais de energia, em que uns produzem e outros consomem".
A Confederação dos Agricultores de Portugal prepara-se para assinar um protocolo com a EDP para instalação de painéis fotovoltaicos nas explorações agrícolas visando a produção de energia elétrica para autoconsumo e venda à rede.
"Este acordo permitirá aos agricultores constituírem-se como unidades produtoras de energia elétrica a partir de parques solares, com base em financiamento a 100% pela EDP, ou em alternativa pode ser a EDP a financiar-se na construção dos parques solares explorando esses parques, com a garantia de que o agricultor vai pagar uma eletricidade 30% a 40% mais barata do que atualmente", explicou o presidente da CAP, que pretende captar ajudas do Plano de Recuperação e Resiliência e do novo Quadro Plurianual de Apoio para operacionalizar a criação destes parques solares agrícolas.
Luís Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e Energia, durante a sua intervenção, deixou um repto aos agricultores: tornarem-se especialistas de energia.
Luís Mira Amaral lamentou que o Governo não tenha aliviado o imposto sobre os produtos petrolíferos num cenário de alta dos preços dos combustíveis e sugeriu que o Executivo invista as receitas das licenças de emissão de carbono, uma das principais fontes de financiamento do Fundo Ambiental, no abaixamento dos custos com a energia elétrica. "A receita de CO2 aumentou muito e, por isso, deve ser injetada para baixar os custos da energia", defendeu o ex-Ministro.
Rogério Ferreira, diretor-geral de Agricultura, afirmou que ao abrigo do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, a vigorar a partir de 2023, "importa apoiar os investimentos para a produção de energia renovável e menos onerosa, avaliar e considerar elegível as medidas associadas ao regadio público na construção de centrais fotovoltaicas para novos regadios e regadios existentes e criar as condições para se atingir o regadio sustentável".
Já o Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Mineiro Aires, alertou que é fundamental "acautelar a soberania do País" no que respeita ao armazenamento de água para a agricultura, indústria e consumo urbano. "Estamos numa encruzilhada em que temos todos que pensar em conjunto e encontrar as melhores soluções para resolver os nossos problemas em casa, porque se formos contar com os outros se calhar as coisas correm-nos mal", disse o engenheiro numa alusão à Convenção de Albufeira, acordo luso-espanhol sobre os rios internacionais.
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