Artigo publicado na edição impressa n.º 306 da Revista O Instalador
Envolver diversos grupos geracionais e sociais, permitindo a passagem de conhecimento dos mais velhos para os mais novos, aproveitando a energia e motivação destes últimos, vai permitir não só um papel mais participativo de todos nas questões ambientais, como promover o respeito pela riqueza da experiência que os grupos etários mais avançados poderão oferecer, numa perspetiva alinhada com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Uma sociedade respeitadora é aquela que respeita o Próximo e o Planeta, sem relativizar o efeito que os seus comportamentos têm, quer do ponto de vista social, quer do ponto de vista ambiental, onde a Educação Ambiental atua como ferramenta de sensibilização, formação e promoção do comprometimento e da ação.
Assim, para atuar verdadeiramente na integração da circularidade na sociedade civil, temos que envolver todos os agentes que podem ser responsáveis pela mudança de comportamentos, e há organizações que têm um papel fundamental.
Nos últimos anos, o setor social tem assumido um papel fundamental no apoio à sociedade civil, em diferentes grupos etários, e neste período de pandemia e um conflito armado europeu, em que as pessoas mais carenciadas e frágeis ficaram sem respostas, ou viram-se obrigadas a sair das suas casas, foram estas instituições que estiveram na linha da frente.
Estas organizações, por outro lado, têm vindo a integrar alguns princípios de sustentabilidade nas suas atividades e gestão do quotidiano, com a recuperação e reutilização de materiais, separação dos resíduos e redução de consumos de recursos, introduzindo inclusive a temática ambiental em muitos conteúdos trabalhados com os diversos grupos e utentes. Algumas organizações já adotaram, inclusive, práticas de seleção de fornecedores, tendo em conta a proximidade e a sazonalidade.
Foi nesse sentido que a Quercus desenvolveu, com o apoio do Fundo Ambiental, o Projeto 'Eco-IPSS – GERAÇÕES CIRCULARES', com o intuito de analisar este canal de comunicação e educação ambiental, para estudar e definir um modelo que permita avaliar os requisitos e necessidades destas organizações, dotando-as de respostas e meios para que evoluam em prol do modelo circular, bem como da preparação dos seus gestores e colaboradores a integrar os critérios de sustentabilidade em todo o processo, desde a seleção de fornecedores, à gestão dos recursos e meios internos, bem como à promoção da redução, reutilização, recolha e reciclagem de resíduos.
A sociedade deverá evoluir neste modelo circular, mas não são apenas as empresas e os serviços que têm um papel importante. Cada vez mais teremos que tornar este conceito transversal em todas as organizações e gerações
A sociedade deverá evoluir neste modelo circular, mas não são apenas as empresas e os serviços que têm um papel importante. Cada vez mais teremos que tornar este conceito transversal em todas as organizações e gerações. É neste sentido que as IPSS têm um papel fundamental. Não só gerem e interferem com a vida de uma diversidade grande de grupos etários, como contribuem para a sua formação e mudança de comportamentos. Ora, se apoiarmos estas instituições, estamos a apoiar uma rede complementar às escolas, ou mesmo às estruturas residenciais para pessoas idosas, conduzindo-os ao caminho da mudança e da ação ambiental.
A rede de IPSS está distribuída a nível nacional e com capilaridade a nível social. Possui uma estrutura própria que fornece respostas em momentos de lazer ou apoio de serviços essenciais à vida. Se introduzirmos neste setor os conceitos da sustentabilidade, consumo sustentável, economia circular, recuperação, envolvendo todos os utentes neste modelo mais resiliente, teremos um envolvimento social grande.
Por outro lado, com o apoio das Confederações e Associações, será possível a divulgação dos modelos e experiências, conseguiremos replicar este exemplo em muitas outras instituições.
Estes canais, com respostas próprias, poderão igualmente ser um apoio importante nos canais de recolha de algumas fileiras e fluxos de resíduos, garantindo um auxílio às entidades gestoras, bem como um contributo para o cumprimento das metas nacionais em matéria de reciclagem de resíduos, como é o caso do projeto desenvolvido já pela Valorsul na zona de Lisboa e zona Oeste.
A possibilidade de replicação e continuidade do projeto após concluído o período de execução do mesmo, também nos estimula a participar num movimento que se quer crescente e que tenha um papel verdadeiramente importante na realidade portuguesa atual.
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