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Educar, ventilar e avaliar: palavras de ordem para promover a Qualidade do Ar Interior

Marta Gabriel

Investigadora do INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial na área da Qualidade do Ar Interior

27/05/2022
Os edifícios devem ser concebidos e mantidos de forma a proteger-nos de condições exteriores adversas, e promover um ambiente interior saudável e adequado para as atividades a que se destinam. Contudo, evidências crescentes têm demonstrado a existência de condições que afetam adversamente a qualidade do ar nos espaços interiores e, por conseguinte, a saúde e bem-estar dos seus ocupantes.
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Estudos realizados a nível nacional, nomeadamente alguns levados a cabo pelo INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial, têm vindo a elencar a necessidade de implementação de medidas efetivas para prevenir e mitigar riscos associados a uma má Qualidade do Ar Interior (QAI) observada em edifícios, nomeadamente escolares e de habitação1,2. Apesar do volume de evidências existentes em fatores de riscos, fontes de poluição, e oportunidade de melhoria que têm vindo a ser inequivocamente identificadas, continua a existir uma grande dificuldade em passar da evidência científica à ação! Uma das barreiras para que isto aconteça, além da escassa e pouco clara regulamentação existente, é a falta de literacia da população em saúde ambiental, e em particular em questões associadas à QAI.

A aposta em atividades de sensibilização e de educação em QAI na população em geral, mas fundamentalmente entre os responsáveis da gestão e manutenção de edifícios com elevada ocupação (escolas, edifícios de serviços, etc.) e instaladores, será crucial para promover a literacia em QAI e a aceitação e adoção de medidas corretivas recomendadas, bem como para facilitar mudanças comportamentais benéficas. Em particular, comunicar de forma clara sobre como podemos no nosso dia a dia evitar a introdução de fontes de poluição e mitigar, tanto quanto possível, as emissões das fontes existentes permitirá capacitar a população a tomar decisões informadas que potenciem a promoção de níveis de qualidade do ar saudáveis no interior dos edifícios.

Num edifício, as fontes de poluição do ar podem estar por toda parte, desde materiais de construção, equipamentos eletrónicos a produtos de limpeza! Devido à sua presença generalizada, muitas das fontes de poluição são extremamente difíceis de evitar. Contudo, existem critérios de escolha que podem fazer a diferença. Alguns exemplos são os seguintes:

i) Procurar materiais ou produtos alternativos menos poluentes, através da leitura dos rótulos ou da procura de informação junto dos fornecedores questionando sobre a existência de certificação para as emissões;

ii) Adequar o uso e as quantidades às necessidades e evitar misturar produtos químicos (como por exemplo produtos de limpeza);

iii) Evitar o uso de fontes de poluição não essenciais, tais como incenso, ambientadores e velas perfumadas que podem aportar níveis de agentes químicos e material particulado ao ambiente interior e impactar a saúde e bem-estar dos ocupantes, principalmente quando utilizados em locais com pouca ventilação;

iv) Realizar atividades emissoras (por exemplo as que impliquem o uso de tintas ou vernizes) em locais bem ventilados.

Para reduzir o impacto das emissões resultantes das fontes de poluição que não são de todo evitáveis é muito importante que se promovam níveis de ventilação adequados e se garanta o correto funcionamento dos sistemas de exaustão, e, se aplicável, de ventilação, existentes. Desta forma promover-se-á a eliminação dos poluentes gerados no interior.

A atual pandemia veio também reforçar que o risco de transmissão de agentes infeciosos causadores de doenças respiratórias, como a Covid-19, está particularmente aumentado em ambientes interiores com uma má qualidade do ar, e que a ventilação tem um papel central na redução desse risco.

Chegou o momento de aplicar as lições aprendidas com a pandemia Covid-19 no âmbito da QAI, e de se dar prioridade a medidas de melhoria das condições de ventilação e da QAI, como forma de travar a propagação de doenças infeciosas como a Covid-19, mas também o desenvolvimento de outros problemas de saúde, como os associados à síndrome do edifício doente.

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A melhor forma de garantir que a qualidade do ar no interior de um edifício é adequada, é avaliar

Medir, em condições representativas, os níveis dos principais poluentes, como o material particulado em suspensão (PM2.5 e PM10), compostos orgânicos voláteis, formaldeído e do dióxido de carbono (CO2, indicador de condições de ventilação em espaços fechados ocupados), é fundamental para assegurarmos que os limiares de proteção estabelecidos são cumpridos. Além disso, estas avaliações permitem identificar, de forma inequívoca, a necessidade de implementação de medidas corretivas, e avaliar a efetividade da sua implementação.

Educar a população, ventilar adequadamente os espaços interiores e avaliar a QAI são medidas fundamentais para reduzir o risco de doença associada a uma pobre qualidade do ar, reduzir o risco de doenças respiratórias infeciosas e os respetivos impactos sociais e económicos.

Referências

1. Gabriel M, Paciência I, Felgueiras F, et al. Environmental quality in primary schools and related health effects in children. An overview of assessments conducted in the Northern Portugal. Energy Build. July 2021:111305. doi:10.1016/J.ENBUILD.2021.111305

2. Gabriel MF, Felgueiras F, Batista R, et al. Indoor environmental quality in households of families with infant twins under 1 year of age living in Porto. Environ Res. 2021;198:110477. doi:10.1016/j.envres.2020.110477

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