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Solução europeia passa obrigatoriamente pelas energias renováveis

Alexandra Costa24/05/2022
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Na semana passada, mais precisamente no dia 18, a Comissão Europeia aprovou uma nova estratégia, a REPowerEU, que veio reafirmar a importância de apostar nas energias renováveis.
Se o foco da Europa, e mais precisamente da Comissão Europeia se centrava na transição e eficiência energética, a guerra na Ucrânia veio acelerar essa importância e antecipar algumas das metas definidas.

Nos últimos tempos o preço da energia tem estado excecionalmente alto e a tendência não indica qualquer redução. Cenário que levou a Comissão Europeia a tomar medidas de emergência. Em comunicado a Comissão refere que estas têm como objetivo “lutar contra os elevados preços da energia e fazer face a eventuais perturbações de aprovisionamento por parte da Rússia”.

Mas, mais do que apenas ser uma reação a uma situação específica, a Comissão aproveitou para rever as suas metas e antecipá-las, encarando as medidas como opções de melhoria a longo prazo, nomeadamente no que concerne ao abandono dos combustíveis fósseis e à adoção das energias renováveis.

Sobre isso a comissária da Energia, Kadri Simson, declarou: “A UE criou um mercado da energia operacional e interconectado, que continua a garantir um aprovisionamento energético fiável na situação difícil com que nos deparamos atualmente. Mas tempos excecionais exigem medidas excecionais, pelo que apresentamos hoje medidas suplementares que os Estados-Membros podem adotar para combater os preços elevados. Num momento em que a Rússia prossegue a sua guerra não provocada contra a Ucrânia, devemos igualmente preparar-nos para perturbações do aprovisionamento de gás, bem como para as suas repercussões, adotando medidas de solidariedade e decidindo eventuais intervenções a nível dos preços. Paralelamente, o trabalho está a avançar para melhorar o mercado da eletricidade, a fim de assegurar uma melhor proteção dos consumidores, reduzir a instabilidade e continuar a apoiar a transição ecológica.”

O que diz a APREN

As reações não demoraram. A APREN aplaudiu a decisão da Comissão e destacou a aposta nas energias e gases renováveis, como o hidrogénio verde. A associação afirma mesmo que “o REPowerEU, apresentado a 18 de maio, consiste num pacote de medidas com o objetivo de reduzir a dependência europeia de combustíveis fósseis, particularmente os oriundos da Rússia. O plano permitirá reduzir em um terço a importação de gás natural russo antes do próximo inverno, e na totalidade em 2027”.

“Acelerar a fundo o consumo de energias renováveis é a única forma de garantir independência energética e segurança de abastecimento, assegurando ao mesmo tempo que se coloca um travão nas alterações climáticas”, realça o CEO da APREN, Pedro Amaral Jorge, que se congratula com o facto de a Comissão Europeia ter colocado as renováveis no centro de um plano de segurança energética europeu.

Uma das metas (agora) definidas é a de aumentar para 2030 em matéria de consumo final de energia a partir de fontes renováveis, dos atuais 40%, previstos no pacote FIT for 55, para os 45%. Aumento que, na opinião da APREN, criará o enquadramento para outras iniciativas, nomeadamente a estratégia específica da União Europeia para a energia solar que pretende duplicar a capacidade instalada de energia fotovoltaica até 2025 e atingir 750 GW até 2030.

Um caso específico contemplado é a produção de energia solar nos telhados. Sobre a qual a Zero tece algumas críticas. A associação ambiental aplaude a obrigatoriedade, mas aponta que é necessário, rapidamente, solarizar os existentes, sendo, por isso, fundamental os colegisladores introduzirem uma “política de consentimento pelo silêncio” em toda a UE para aqueles que desejam instalar energia solar nos seus telhados. Mas a Zero coloca uma ressalva: os edifícios patrimoniais e centros históricos deverão estar isentos de qualquer procedimento simplificado de licenciamento solar.

Por outro lado, e ainda na opinião da Zero, as baterias, as tecnologias solares térmicas e as tecnologias inteligentes devem igualmente ser promovidas em conjunto com a energia fotovoltaica para facilitar a instalação em zonas rurais onde as redes são mais fracas.

Já no que toca à energia eólica, a União Europeia quer subir dos 190 GW de potência instalados atualmente para 480 GW nos próximos oito anos.

Para a APREN a nova estratégia europeia promete eliminar as barreiras que estavam a travar o avanço da expansão das centrais solares e eólicas, já que a nova lei consagrará o princípio de que a instalação de projetos renováveis, tais como centros electroprodutores centralizados e distribuídos, eletrolisadores, sistemas de armazenamento de energia, bem como infraestrutura de rede elétrica, passem a ser projetos de interesse público.

Mas talvez, para Portugal, pelo menos, uma das medidas definidas pela Comissão Europeia mais importantes, seja o simplificar dos processos e o encurtar dos prazos de licenciamento em áreas que venham a ser indicadas pelos Estados-Membros como preferenciais para as renováveis. “A ambição destes objetivos tem obrigatoriamente de ser acompanhada de uma simplificação dos procedimentos”, apela Pedro Amaral Jorge, que sublinha, no entanto, que o aumento de potência terá que acautelar a proteção da biodiversidade e envolver as comunidades locais na linha do que tem sido a prática nos projetos renováveis.

Uma outra nota positiva é a atenção dada ao hidrogénio verde. A Comissão Europeia fixou como meta a produção interna de 10 milhões de toneladas de hidrogénio renovável e de importação de 10 milhões de toneladas até 2030, a fim de substituir o gás natural, o carvão e o petróleo em setores industriais e dos transportes difíceis de descarbonizar, são outros pontos da estratégia. Esta poderá ser a solução ara alguns setores, como a indústria intensiva ou os transportes, que têm mais dificuldades na descarbonização.

A tudo isto a APREN realça ainda que a nova estratégia da Comissão Europeia além da implantação acelerada de energias renováveis, para substituir os combustíveis fósseis nas habitações, na indústria e na produção de eletricidade, as medidas do plano REPowerEU preveem ainda o reforço da eficiência energética, aumentando a meta na Diretiva da Eficiência Energética entre os 9% e os 13% até 2030, bem como a diversificação do abastecimento de gás natural.

A prova está que a REPowerEU propõe desbloquear financiamentos europeus, nomeadamente através da do fundo que financia os Projetos de Recuperação e Resiliência. “Está previsto um investimento de 10 mil milhões de euros destinado a interligações em falta nas infraestruturas de gás natura”, constata a APREN.

A associação conclui que, com as medidas do novo plano a Europa põe fim à dependência dos combustíveis fósseis russos, “usados como arma e que custam aos contribuintes europeus cerca de 100 mil milhões de euros por ano, contribuindo ao mesmo tempo para a causa climática”, sublinha Pedro Amaral Jorge.

Os pontos menos positivos da REPowerEU

Mas nem tudo são notas positivas. A Zero refere que “sob o pretexto de licenças renováveis de avaliação rápida, o pacote de ontem inclui propostas para diluir as principais salvaguardas ambientais através da porta dos fundos”. Por outras palavras, “a Comissão Europeia propõe uma isenção geral das avaliações definidas na Diretiva de Avaliação de Impacte Ambiental e nas Diretivas Aves e Habitats para projetos de energias renováveis em áreas go-to que serão definidas exclusivamente pelos Estados-Membros”. O que isto implica? A Zero explica: esta decisão corre o risco de trazer graves efeitos nocivos à natureza como resultado de um mau planeamento. A legislação ambiental não é um obstáculo para a implantação de energias renováveis. No meio da crise da biodiversidade, não há justificação para descartar as principais avaliações ambientais e estabelecer um precedente perigoso, a menos que haja uma avaliação estratégica e uma concertação antecipada preparada pelos intervenientes, incluindo as organizações não-governamentais de ambiente, no sentido de traçar balizas claras para os projetos em causa. Os pedidos de licença podem ser acelerados com mais capacidade de pessoal, abordagens simplificadas e participação pública real, sem prejudicar a natureza fundamental e as salvaguardas da biodiversidade. Se tal não for feito, trata-se de um retrocesso da regulamentação ambiental que é injustificável de qualquer ponto de vista e põe em risco o Pacto Ecológico Europeu. Além dessa regressão, declarar que todas as energias renováveis são de “interesse público primordial” para contornar mecanismos e salvaguardas ambientais cria um precedente perigoso para outros desenvolvimentos. Tal pode ser usado da mesma forma no futuro para diluir a legislação/procedimentos existentes quando se trata de matérias-primas ou outras questões.

Por outro lado a Zero refere ainda que, segundo um novo relatório que compara políticas e práticas à escala europeia no que diz respeito à energia solar fotovoltaica em telhados residenciais os resultados nacionais não são muito favoráveis. Pelo contrário. O trabalho, elaborado pela Rede de Ação Climática Europeia (CAN-E) com a colaboração da ZERO e de outras organizações não-governamentais europeias, revela a falta de um enquadramento regulamentar adequado e a existência de barreiras administrativas, políticas e económicas a dificultar o progresso desta peça vital na transição energética, onde os cidadãos e comunidades devem ser atores ativos.

Só para se ter uma ideia, o relatório avalia o desempenho de cada um dos países, examinando seis áreas-chave na implantação do solar fotovoltaico em telhados: orientação política, incentivos e apoios, licenciamento, partilha de energia e autoconsumo coletivo, comunidades energéticas e outras medidas. Nas seis categorias avaliadas, Portugal tem uma classificação medíocre: numa escala de 0 a 5, obteve em quatro uma pontuação de 2 e em duas uma pontuação de 3.

As principais medidas da REPowerEU:

  • Impulsionar a eficiência energética, aumentando a meta na Diretiva da Eficiência Energética entre 9% e 13% até 2030, bem como a diversificação do abastecimento de gás natural;
  • Acelerar a implementação de energias renováveis, aumentando a meta de incorporação no consumo final de energia uma componente renovável estipulada para 2030 de 40% para 45%;
  • Acelerando o processo de licenciamento;
  • Diversificar o fornecimento de energia e unir esforços por meio de compras centralizadas comuns de gás, GNL e hidrogénio;
  • Desbloquear financiamentos, nomeadamente através do Mecanismo de Recuperação e Resiliência. Um investimento de 10 mil milhões de euros destina-se a interligações em falta nas infraestruturas de gás natural. A componente dos fundos e do financiamento a disponibilizar pela União Europeia que irá para a transição energética limpa, corresponderá a 95% da totalidade dos mesmos;
  • Orientações sobre medidas de curto prazo para lidar com os altos preços atuais no setor energético e propostas iniciais sobre reformas estruturais do mercado de energia.

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