Fórum de Energia e Clima alerta para urgência de reciclar equipamentos eletrónicos
Por ocasião do Dia Mundial do Ambiente (5 de junho), o Fórum de Energia e Clima alerta para a urgência de Portugal implementar medidas que promovam uma reciclagem de equipamentos elétricos e eletrónicos mais eficiente.
“Atualmente muitos equipamentos elétricos e eletrónicos que já não funcionam ou obsoletos são descartados pelos consumidores para o lixo comum ou acumulados em gavetas, arrumos ou garagens sem qualquer uso. É urgente olhar para estes resíduos como os recursos do futuro. A eficiência dos sistemas de reciclagem bem como a adesão dos cidadãos a campanhas de recolha destes equipamentos deve ser mais promovida e vista como uma oportunidade de retornar os metais que estes equipamentos contêm à sua cadeia de valor”, afirma Francisco Veiga Simão, membro fundador do Fórum de Energia e Clima.
“Ao serem depositados em aterros/lixeiras ou queimados em incineradoras, estes resíduos libertam aditivos tóxicos e perigosos para o meio ambiente (como mercúrio e/ou (hidro)clorofluorcarbonetos). Por outro lado, a exportação deste passivo para países em desenvolvimento acarreta graves consequências ambientais, sociais e de saúde pública, uma vez que estes resíduos se acumulam em lixeiras ao ar livre”, acrescenta Francisco Veiga Simão.
De acordo com o responsável, Portugal precisa de melhorar os sistemas de reciclagem, bem como a adesão dos consumidores a campanhas de recolha mais frequentes e com transparência no uso final dado a estes equipamentos. “Por vezes as pessoas não se querem desfazer de telemóveis ou computadores por uma questão de ligação emocional ou de privacidade de dados. O destino final, reutilização ou a reciclagem, assim como a forma mais adequada de entregar estes equipamentos, precisam de ser mais transparentes por forma a garantir a adesão dos consumidores. Por outro lado, seria benéfico estabelecer um sistema de remunerações (ex: vouchers/créditos) mais otimizado caso os equipamentos ainda estejam em boas condições e possam ser reutilizados (lojas de segunda mão / lojas de equipamentos elétricos ou eletrónicos recondicionados)”, explica.
“É necessário retornar produtos ao mercado e maximizar o seu tempo de vida útil (reutilização), assim como retornar os metais presentes nesses equipamentos à sua cadeia de valores (reciclagem). Isto para que Portugal consiga concretizar as metas de recolha, tratamento e recuperação estabelecidas na Diretiva dos Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (WEEE Directive) e, ao mesmo tempo, minimizar a dependência da importação de metais críticos de mercados monopolizados que podem levar ao risco de fornecimento destes metais essenciais para o desenvolvimento económico da União Europeia”, acrescenta Francisco Veiga Simão.
De acordo com dados do estudo 'The Global E-Waste Monitor', realizado pela ONU em 2020, a produção de resíduos elétricos e eletrónicos (REEEs) tem registado grande crescimento mundial, estimando-se que em 2030 sejam produzidos 75 milhões de toneladas de REEEs.