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O papel dos biogases no futuro da matriz energética

Ana Rita Gomes, Board Member dos FELPT/APE

Bruno Henrique Santos, Board Member dos FELPT/APE

Vasco Zeferina, Member dos FELPT/APE

15/09/2022
Num momento em que se vislumbrava a saída da crise pandémica Covid-19, eis que surge a guerra na Ucrânia, expondo novas incertezas e fragilidades, especialmente no que toca à dependência energética da União Europeia (UE) face ao gás natural russo.
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Para minimizar o grau de dependência e com vista à aceleração das trajetórias rumo à neutralidade carbónica, a UE lançou em março de 2022 o plano 'REPowerEU', com o objetivo de aumentar a resiliência do sistema energético europeu, promovendo o aumento da poupança energética, a produção de energia de origem renovável e a diversificação das fontes de abastecimento.

Neste contexto, mais de 500 empresas da cadeia de valor da bioenergia reagiram ao anúncio do 'REPowerEU', dirigindo uma carta à Comissão Europeia apelando por uma abordagem holística na definição da estratégia para eliminar a dependência energética do gás natural russo. Esta carta lança o desafio de incluir a bioenergia como um dos vetores energéticos que, pela disponibilidade local, poderá contribuir para minimizar no curto prazo a crise da segurança energética.

No caminho para atingir o objetivo de emissões neutras até 2050, definido no European Green Deal, a bioenergia desempenhará um papel essencial não só na diversificação do setor energético, mas também na promoção da economia circular, dos ativos e das matérias-primas utilizadas, disseminando de forma efetiva esta fonte de energia pelos sistemas existentes. Recorrendo à captura e sequestro de carbono (CCS), a biomassa será o único vetor energético com potencial para apresentar emissões negativas de carbono, sendo, no entanto, essencial o controlo e a regulação da origem das matérias-primas utilizadas para garantir a sustentabilidade do ciclo.
A BP, em todos os cenários considerados no seu Energy Outlook de 2022, projeta um crescimento significativo de bioenergia moderna, onde se incluem os biogases. Estes gases de origem biológica serão um complemento ao hidrogénio verde em setores de difícil descarbonização. No caso do biometano, considera-se uma aplicabilidade abrangendo vários setores da economia, nomeadamente transportes, indústria e edifícios.
No contexto português, existem algumas particularidades que incrementam a relevância do estudo do potencial de utilização e do desenvolvimento da capacidade de produção de biogases: por um lado, adicionar valor à biomassa florestal, combatendo um outro desafio estrutural do país relacionado com estes resíduos, por outro valorizar os resíduos da agropecuária, como, por exemplo, da suinicultura, produção de azeite ou vinho. Também se revela fundamental capitalizar os resíduos urbanos para a produção de bioenergia avançada, promovendo a sua separação e aproveitamento. Muitas destas aplicações já há anos encontram concretização, mas dispersa. A produção em larga escala de biogases necessita de garantias de abastecimento de biomassa em volume e custo apropriados, o que potenciais investidores temem não estar assegurado.
No caso do biometano, este contribuirá para a descarbonização do Sistema Nacional de Gás (SNG), visto que é um gás intermutável com o de origem fóssil, descarbonizando diretamente mais de 1,6 milhões de consumidores, especialmente a indústria, responsável por mais de 80% do consumo do SNG em Portugal. A primeira injeção de biometano na rede do SNG já decorreu, tendo sido o projeto anunciado durante julho de 2022, em Mirandela. Noutras geografias como França, a estratégia energética e os quadros regulatórios incentivaram a produção doméstica de biometano, produzindo resultados numa escala considerável, reduzindo as emissões e importações de energia e dinamizando economias locais.
Em Portugal, os biogases utilizados na mobilidade são já uma realidade. Tanto o biometano como o bioGPL podem ser utilizados diretamente nos veículos pesados e ligeiros que atualmente circulam a Gás Natural Veicular (GNV) e a GPL Auto. No caso do GPL auto, mais conhecido por autogas, já se pode encontrar incorporação neste combustível rodoviário de bioGPL. Produzido em Portugal através de matérias-primas de origem biológica sustentável, o bioGPL permite uma redução entre 65% e 85% das emissões de CO2 comparativamente ao GPL de origem fóssil. Também o biogás proveniente da digestão anaeróbica da componente orgânica dos resíduos sólidos urbanos tem vindo a ter aproveitamento em veículos pesados de recolha e transporte de resíduos, após a sua purificação para biometano.
Em suma, os biogases, com tecnologia custo-eficaz, são um instrumento fundamental no processo de descarbonização da economia, numa perspetiva de pluralidade de soluções do mix energético, capitalizando ativos existentes e recursos endógenos para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa com vista à neutralidade carbónica e à redução das importações de energia. Neste contexto, Portugal tem um potencial de produção significativo que carece de maior desenvolvimento de políticas públicas de promoção e desenvolvimento, garantindo estabilidade para o investimento sustentável.

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