Trata-se do novo autocarro Caetano elétrico a hidrogénio que contribui para uma sociedade descarbonizada, sem comprometer os requisitos operacionais.
Recorrendo a câmaras climáticas de grandes dimensões, e para determinar o funcionamento efetivo do equipamento nas condições mais desfavoráveis, o LEE avaliou durante vários dias as temperaturas exteriores às quais o veículo pode estar sujeito, entre -25 °C e 45 °C. Foi ainda solicitada a implementação de sistemas de carga térmica no interior dos veículos e monitorização de mais de 80 pontos de temperatura.
É o elemento mais abundante do Universo e lembramo-nos de o encontrar no topo da tabela periódica. Das aulas de química, recordamos que, por ter só um eletrão, junta-se com facilidade aos outros elementos. Ficámos também a saber que não é possível encontrá-lo isolado no nosso planeta, não sendo, portanto, uma fonte primária, mas sim um transportador de energia tal como a eletricidade, o que exige consumo de energia para o obter isolado. Trata-se do hidrogénio, que é um gás muito leve à temperatura e pressão normal e que tem o menor conteúdo em energia por volume mas o maior conteúdo em energia por peso, comparado com os combustíveis mais comuns.
Recentemente, o cenário mudou. Surgiu uma nova forma, considerada revolucionária por alguns, de utilizar o enorme potencial energético do hidrogénio, desta vez sem estar associado ao carbono. Esse potencial permite dar resposta às necessidades básicas da humanidade, produzir calor ou, aproveitando a energia resultante da separação do eletrão na molécula do hidrogénio, utilizar como eletricidade para os fins de mobilidade, aquecimento, mas também para a nova necessidade humana de conectividade, entre outras.
Trata-se de uma forma de utilização que coloca desafios bem definidos, mas perfeitamente ao alcance do conhecimento técnico e das diversas ferramentas de que atualmente dispomos.
Outra forma bem conhecida de utilização do hidrogénio é para obtenção de amoníaco, neste caso unindo o hidrogénio ao azoto (o ar que respiramos é composto por cerca de 79% de azoto). Este é utilizado atualmente em muitas indústrias: na farmacêutica, na agricultura como fertilizante, como fluido refrigerante em refrigeração industrial, no fabrico da pasta do papel substituindo o cálcio, nos processos de obtenção de semicondutores, entre outras.
O hidrogénio é ainda muito importante na redução da quantidade de enxofre durante a refinação do petróleo para obtenção dos combustíveis de origem fóssil que ainda utilizamos.
Percebe-se, assim, que o hidrogénio é um elemento que o engenho humano foi adaptando às suas necessidades, usando-o de muitas e variadas formas, mas sempre associado a outros elementos. Daí que os principais desafios técnicos colocados a esta nova utilização do hidrogénio como combustível sejam desafios para os quais existem já diversas metodologias, experimentadas em diferentes indústrias e aplicações. No entanto, será necessário gerir bem esta mudança.
O ISQ participou já em projetos de investigação para a utilização do hidrogénio, como o projeto Naturalhy e o projeto SyM. Além disso, o ISQ integra o laboratório colaborativo para o hidrogénio verde (HyLAB), em que participam os principais players nacionais neste tema. Tem também experiência na realização de diversos serviços de inspeção e de engenharia com vista à avaliação da integridade nos equipamentos que utilizam, armazenam e transportam hidrogénio ou os seus compostos mais comuns antes referidos em ambiente industrial.
Para contribuir para as soluções que será necessário colocar ao dispor dos operadores e utilizadores em condições adequadas e seguras, promovendo e explorando as sinergias existentes ou a desenvolver pelas diferentes entidades, o ISQ dispõe de competências e conhecimento adquiridos ao longo dos anos no apoio aos diversos players na indústria da energia. Estes passam pelo know-how em matéria de sustentabilidade, materiais e fiabilidade, sensorização e algoritmos, tratamento de dados, metodologias de garantia de qualidade para a enorme quantidade de dados que os novos sistemas irão gerar e que terão de ser analisados.
O ISQ dispõe também de competências em avaliação de risco e segurança, formação e qualificação, garantia e controlo de qualidade, suporte regulamentar e aos licenciamentos, entre outras áreas técnicas de engenharia, como a aplicação de metodologias de fiabilidade (por exemplo, a gestão da mudança), que permitem maximizar a disponibilidade das instalações e dos sistemas na abordagem às alterações necessárias que terão de ocorrer nas mais diversas instalações.
É claro que a utilização em larga escala e para variadas aplicações do hidrogénio exige que sejam testadas e experimentadas todas as novas condições em que este vai ser usado. Será também necessário antecipar todas as situações mais perigosas que possam surgir, prevenindo-as, e desenvolver soluções para mitigar os efeitos e as potenciais consequências da sua operação e utilização. Será um campo de aplicação por excelência das metodologias de melhoria contínua e de gestão da mudança, de forma que se defina inequivocamente as condições rigorosas que a mudança terá de respeitar, para que todo o processo decorra com normalidade, segurança e com o envolvimento de todos os intervenientes e de todas as partes interessadas.
Existe um grande esforço internacional na Europa, na América do Norte e na Oceânia para aproveitar os conhecimentos sobre materiais e processos operacionais adquiridos ao longo das últimas décadas e desenvolvê-los, estendendo-os às aplicações do hidrogénio no curto e médio prazo. É um esforço que se pretende rápido e para o qual se junta o domínio de diversos especialistas de todo o mundo. Em Portugal, conta-se com a participação do ISQ, através da Comissão Técnica do IPQ n.º 203 — 'Gás natural, biometano, hidrogénio, outros gases de origem renovável e suas misturas', cujo âmbito é a qualidade do gás natural, as suas misturas com os gases renováveis e as tecnologias associadas, para a gestão da integridade e segurança nas diferentes infraestruturas, tendo como objetivo a adaptação às alterações climáticas”.
Na Europa, existem diversos grupos de trabalho que interessa acompanhar, pois reúnem muito conhecimento e determinarão alguns dos principais requisitos para as infraestruturas do hidrogénio. Destacam-se o 'CEN/CLC/JTC 6 — Hydrogen in energy systems' e o 'CEN/TC 234 — Gas infrastrtucture', embora haja outros que, de forma mais discreta, vão adicionando conhecimento e experiência sobre a utilização do hidrogénio nas infraestruturas existentes.
É possível que o principal desafio seja orientar e congregar todo o conhecimento existente para que seja disponibilizado à comunidade e utilizado exaustivamente para rapidamente podermos utilizar o hidrogénio e melhorar o ambiente na nossa casa comum.
O ISQ participou no projeto NATURALHY, que investigou os efeitos da introdução de misturas de hidrogénio com gás natural para transporte na rede europeia de gás natural. Este programa teve especial incidência nas componentes de avaliação de materiais, metodologias de inspeção, de análise de risco na sua utilização, de avaliação do ciclo de vida e da adequação das instalações existentes à introdução de misturas de gás natural com hidrogénio. Tendo decorrido entre 2004 e 2009, contou com 39 entidades, importantes operadores energéticos (Gasunie, Gaz de France, Total) e diversos parceiros tecnológicos europeus.
A importância de armazenar hidrogénio
A capacidade de armazenar energia é um fator da maior relevância para a sustentabilidade de um sistema energético, tornando-o mais eficiente. Só desta forma conseguimos anular a intermitência e a imprevisibilidade das fontes de energia renovável. Poderemos dizer que está ao mesmo nível de importância da própria geração.
Existem, neste momento, várias tecnologias para o executar (ver gráfico, Joakim Andersson / Stefan Grönkvist). Este armazenamento pode ser feito pela liquefação do hidrogénio, pelo arrefecimento, pela compressão, adsorção ou armazenagem química (hidretos). Além disso, o hidrogénio pode ser armazenado por longos períodos, existindo assim a possibilidade de termos grandes quantidades de energia disponíveis nas fases de maior necessidade.
A investigação em tecnologias menos comuns (adsorção e hidretos) é de grande importância para o sucesso na utilização das renováveis e para se poder atingir os objetivos “verdes” pretendidos.
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