Das alternativas aos combustíveis fósseis, a energia eólica assume já hoje de entre as energias renováveis, especial destaque pela contribuição de 8 869 GWh, no espectro de energia elétrica produzida, a que corresponde entre janeiro e setembro de 2022 uma cota de 28,4%, segundo o Balanço da Produção de Eletricidade de Portugal Continental, publicado pela APREN (Associação de Energias Renováveis).
Entre janeiro e setembro de 2022 foram gerados 31 225 GWh de eletricidade em Portugal Continental, dos quais 54,5 % foram de origem renovável. Fonte: REN
Quando implantados no mar (offshore), onde a área disponível é grande, mesmo considerando as restrições geográficas do local (áreas protegidas, zonas de pescas, navegação, etc.), aproveitam os recursos presentes em zonas marítimas.
i. Aerogeradores interligados por cabos e rede de monotorização;
ii. Posto de Transformação ou Subestação e casa de comando;
iii. Anemómetro;
iv. Caminhos de acesso no parque e entre Aerogeradores;
v. Rede elétrica de ligação à rede de distribuição;
Os aerogeradores podem ser de:
i. Eixo vertical ou VAWT (Vertical Axis Wind Turbine), quando as suas pás giram em torno de um eixo central vertical;
ii. Eixo horizontal ou HAWT (Horizontal Axis Wind Turbine) no caso em que as pás giram na direção perpendicular à velocidade do vento, isto é, em torno de um eixo horizontal;
De modo a obviar falhas e deficiências, por exemplo na definição das técnicas, métodos de trabalho, programação e coordenação dos trabalhos, bem como os equipamentos necessários à execução da obra e a organização do estaleiro, a coordenação de segurança em obra, visa, em simultâneo com as entidades envolvidas, assegurar condições de trabalho, adequadas para construir com qualidade e de modo seguro, no cumprimento dos requisitos legislativos.
Para a construção e posicionamento dos aerogeradores, é necessário analisar os pontos-chave do projeto e contrabalançar condicionantes, as suas consequências em termos de prevenção de riscos laborais para os trabalhadores que irão trabalhar no parque:
A. O layout do ‘site’ (estaleiro), as acessibilidades (qualidade das estradas e caminhos);
B. Impactos ambientais na fauna e flora.
C. As condições meteorológicas, temperaturas (calor e frio) e ventos predominantes,
D. Locais de implantação e trabalho (morfologia, modelação, terraplenagens, e escavações do solo), obstáculos e a proximidade aos aerogeradores (circulação de posicionamento de máquinas e equipamentos);
E. O posto de transformação ou subestação e a ligação à rede;
F. O risco elétrico (presença de energia e contacto direto ou indireto com peças em tensão ou vizinhança);
G. Equipamentos e aerogeradores (caraterísticas técnicas, modelação de peças, transporte excecional, elevação e montagem).
Na segregação e no dimensionamento das instalações de apoio à obra são aspetos a considerar:
i. A duração da execução do projeto de construção, a intervenção de várias empresas em coatividade, os recursos de equipamentos, armazenamento de produtos, incluindo os perigosos, guarda de materiais e ferramentas, o parqueamento dos equipamentos, máquinas e viaturas;
ii. O controlo de acessos, número de trabalhadores envolvidos, instalações socias, técnicas e administrativas de estaleiro;
iii. A sinalização do 'site', as redes técnicas de serviço, o parque de resíduos, de materiais perigosos, a circulação de pessoas, equipamentos e viaturas, serão dimensionados consoante as condições específicas do estaleiro, em função do tipo de obra e intervenção, sendo importantes, terão aspetos diferentes a considerar e por isso especificados por adequação a cada projeto.
iv. Outros aspetos contemplados na legislação em vigor, nomeadamente a que respeita a estaleiros de apoio, à construção e aos locais de trabalho seguros e saudáveis.
De resto, a legislação é nesse aspeto boa, não oferece dúvidas quantos aos requisitos.
Impactos na flora: identificação de espécies, em especial as protegidas que a circulação de veículos e pessoas na zona do parque eólico, devem ser preservadas ou a minorados os efeitos por construção do parque.
Impactos na fauna: a circulação de veículos e pessoas na zona do parque pode afetar as populações existentes, nesse sentido devem ser identificadas as espécies ameaçadas, não só nos seus habitats, como nas rotas migratórias. A colisão e morte de aves com os aerogeradores e a eletrocução em linhas elétricas pode e deve ser ponderada.
Áreas de interesse paisagístico, reserva ecológica perímetros florestais, servidões aeronáuticas e de telecomunicações, não identificadas com permissão de intervenção podem constituir condicionantes à implantação e desenvolvimento de trabalhos. Inserir a avaliação e a declaração de impacto ambiental (DIA), e a monotonizarão de acompanhamento ambiental são um instrumento de trabalho para a redução de riscos ambientais.
As diferenças de temperatura são uma constante nos locais de trabalho, quer estes e situem a céu aberto ou em ambiente fechado. O desconforto térmico constitui um risco ocupacional a controlar.
Como fatores ambientais do local podemos considerar a temperatura, a humidade e a velocidade do ar.
A condição ambiental ideal – ambiente neutro - para um local de trabalho situa-se (Dec. Lei 243/86):
a) Temperatura entre os 18°C e os 22°C, podendo em condições especiais atingir os 25°C;
b) Humidade relativa do ar entre 50% e 70%
c) Velocidade do ar de aproximadamente 0,12m/s, em ventilação natural e/ou artificial não poluída.
Calor ou frio em excesso e mudanças repentinas de um ambiente térmico quente para frio e vice-versa são condições inseguras que prejudicam a saúde.
Os efeitos de sobrecarga térmica dependem de fatores de ordem climática ambiental do posto de trabalho e das caraterísticas individuais de cada trabalhador, tais como a idade, o peso, a condição física e especialmente o aparelho circulatório.
A regulação calórica do corpo humano procura mantê-lo a uma temperatura constante de 37°C. através da ação da circulação sanguínea na pele e nos tecidos subcutâneos.
Por sua vez, a temperatura sanguínea provém da energia libertada pelas células, a estabilidade dos fatores como por exemplo o pH, a pressão arterial, a hidratação e outros são essenciais para assegurar a atividade normal num indivíduo e contribuir para a saúde.
i. Exposição ocupacional ao calor
Quando exposto a calor ambiental excessivo – ambiente quente - o organismo produz mais calor, que usa para manter e regular a temperatura corporal.
Quando submetido diariamente a altas temperaturas, o organismo procura adaptar-se por transformações fisiológicas, na busca de equilibrar a temperatura do corpo, a elevação do ritmo cardíaco.
Os riscos de exposição a temperaturas elevadas aumentam com o teor de humidade, o que diminui o efeito refrescante, ou com o esforço físico prolongado, que aumenta o calor produzido pelos músculos.
A exposição prolongada a temperatura elevada pode causar um aumento da irritabilidade, dor de cabeça, incapacidade de concentração, ansiedade, fraqueza e depressão. Com maior gravidade podem ainda ocorrer alterações físicas como desidratação, doenças de pele e hipertermia.
ii. Exposição ocupacional ao frio
A habilidade manual relacionada com o tato, pela movimentação dos pequenos músculos das mãos e flexibilidade das articulações, expostas ao frio reduzem a atividade motora, a destreza e a força.
O tremor pelo frio condiciona muito o desempenho articular e a movimentação delicada dos músculos, leva a que cada indivíduo interrompa o trabalho frequentemente, para reaquecer suas mãos, tornando-o mais lento o que aumenta a margem de erros e acidentes.
O primeiro sinal de lesão por exposição ao frio é uma sensação de pontada aguda, adormecimento e anestesia dos tecidos atingidos.
A necrose por frio pode produzir desde uma lesão superficial com mudança da cor da pele, anestesia transitória, até ao congelamento de tecidos profundos com isquemia persistente, trombose, cianose profunda e gangrena.
A hipotermia e resfriamento do corpo até uma temperatura potencialmente perigosa atinge principalmente as pessoas mais idosas ou muito jovens, expostas ao ar frio ou imersão em água fria. Os sintomas são graduais e subtis, ocorrendo movimentos lentos e desordenados, confusão mental, alucinações, perda da consciência e até a morte por paragem cardiorrespiratória.
Partes da pele podem congelar, sofrer lesões superficiais, ficar brancas, firmes e dolorosas e posteriormente escamar.
iii. Recomendações para trabalho em locais com temperaturas altas e baixas:
Em ambiente quente
a) Reorganizar as práticas de trabalho e disponibilizar informação aos trabalhadores sobre o risco da exposição ao calor, consequências, e medidas e comportamentos preventivos;
b) Monitorização continuada das condições ambientais de trabalho;
c) Reposição hídrica adequada – beber quantidades de líquido frequentemente (água potável);
d) Adaptar o horário de trabalho para os períodos de menor calor;
e) Pausas para repouso e redução do tempo de exposição ao calor;
f) Evitar trabalho isolado;
Comportamentos de autoproteção recomendados
a) Usar roupa fresca, proteção da cabeça e óculos adequados no caso de calor por radiação;
b) Abster-se de ingerir bebidas alcoólicas;
c) Não fumar nem foguear;
d) Manter uma condição física saudável e evitar o trabalho sob efeito de fármacos incompatíveis;
e) Em caso de mal-estar reportar de imediato os sintomas e solicitar ajuda e não manipular equipamentos ou conduzir veículos.
Em ambiente frio
a) Reorganizar as práticas de trabalho e disponibilizar informação aos trabalhadores sobre o risco da exposição ao frio consequências, e medidas e comportamentos preventivos;
b) Adaptar o horário de trabalho para os períodos menos frios;
c) Adaptar o horário de trabalho para os períodos de menos agressivos por frio ou reduzir o tempo de exposição;
d) Evitar trabalho solitário em ambientes frios;
e) Evitar sobrecarga de trabalho cuja sudação humedeça vestuário;
f) Avaliação ambiental, tendo em conta a temperatura do ar, a velocidade do vento e a atividade física e determinar a temperatura de esfriamento equivalente;
g) Disponibilizar equipamentos de proteção individual adequados aos riscos identificados e avaliados;
h) Uso de luvas e/ou mitenes em função da temperatura de exposição/contato e grau de destreza manual;
i) Para atividades na água ou com roupa molhada, com exposição a temperatura inferiores 2°C efetuar troca de roupa frequente;
j) Usar roupa impermeável exteriormente em ambientes húmidos e trocar frequente de meias e/ou palmilhas.
k) Para trabalhadores expostos a muito baixas temperaturas, disponibilizar espaços aquecidos autónomos para recuperação térmica;
l) Interromper o trabalho sempre que por insuficiência de roupa se constate hipotermia em algum trabalhador e disponibilizar primeiros socorros;
m) Em trabalhos prolongados recomenda-se uma boa alimentação rica em calorias e roupas quentes.
n) Evitar contacto e/ou isolar partes metálicas e comandos manuais para temperaturas inferiores a -1°C;
o) Em ambiente frio evitar o uso de assentos metálicos ou cadeiras desprotegidas para desenvolver atividade laboral;
p) Promover a automação do trabalho para diminuição do trabalho manual sobretudo usando as extremidades (mão e dedos);
Comportamentos de autoproteção recomendados
a) Considerar acomodação gradual à nova temperatura promovendo transição gradual para a temperatura de trabalho;
b) Em caso alteração mental ou motora por exposição a baixa temperaturas disponibilizar primeiros socorros;
c) Usar vestuário de agasalho de lã, resguardo e pescoço, proteção da cabeça (gorro), dos olhos e calçado de proteção do frio e humidade;
d) Beber bebidas, sopa e alimentos quentes;
e) Não ingerir bebidas alcoólicas; não fumar;
f) Em caso de esfriamento não usar fontes de calor direto sobre a pele;
g) Manter uma condição física saudável e evitar o trabalho sob efeito de fármacos que possam interferir na temperatura corporal;
h) Em caso de mal-estar reportar de imediato os sintomas e solicitar ajuda sem manipular equipamentos ou conduzir veículos;
i) Evitar a exposição à situação de enregelamentos;
j) Evitar caminhar se os dedos do pé foram acometidos pelo frio.
Continua no próximo número…
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