Forma de energia é essencial não só para a descarbonização da indústria como para setores como a aviação e mesmo o transporte de mercadorias de longo curso. E Portugal está numa situação privilegiada, como produtor, mas também como exportador.
A resposta, para a APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis – é a de que o país reúne todas as condições necessárias para desempenhar um papel importante na cadeia do hidrogénio a nível europeu. Isto porque definiu metas ambiciosas desde cedo.
A isto, Maria Santos, da Associação Zero, acrescenta que “Portugal e a Península Ibérica geograficamente falando estão num local muito estratégico no que diz respeito a todas as questões do hidrogénio, tanto pelo seu potencial da energia solar como da eólica”, o que leva a ambientalista a acreditar que “Portugal e Espanha poderão vir a fornecer preços muito competitivos de produção de hidrogénio verde, fruto deste potencial de energias renováveis”.
Na mesma linha, a APREN lembra que, a nível geográfico, o país tem ainda a seu favor rotas de transporte marítimo que podem assegurar o transporte do hidrogénio para países com elevadas necessidades energéticas como França e Alemanha, e que as relações geopolíticas são estáveis para que a exportação exista.
A verdade é que Maria Santos aponta que o país cedo percebeu este potencial e “tem-se posicionado como um player estratégico importante no que é a estratégia europeia do hidrogénio e, claramente, a tentar assumir um papel exportador de hidrogénio para os outros países europeus”. E isso é visível na Estratégia Nacional para o Hidrogénio, em que “Portugal foi um dos primeiros países a desenvolver uma estratégia que consagra especificamente, e bem, Portugal como um produtor de hidrogénio verde”, aponta a ambientalista, acrescentando que na estratégia definida pelo governo português não há referência a outros tipos de hidrogénio.
Num mundo que se quer cada vez mais verde – diga-se sustentável – quais as vantagens e desvantagens da utilização desta forma de energia? Sobre isto a posição da APREN é muito firme. A associação defende que a transição energética necessária para assegurar o cumprimento da meta de descarbonização estabelecida para 2050 não é possível sem a participação do hidrogénio verde no mix energético. “Além da emergência que vivemos em termos de alterações climáticas, urgem atualmente soluções que eliminem a dependência energética e garantam a segurança do abastecimento”, afirma a APREN, acrescentando que a invasão da Ucrânia pela Rússia veio evidenciar a fragilidade da Europa face à dependência de matérias-primas essenciais ao mercado atual, e a necessidade na aposta em recursos endógenos e no fortalecimento da indústria europeia.
E é precisamente (também) por isso que devemos usar a tecnologia do hidrogénio verde. Porque, “neste momento, temos o know-how e capacidade de produção necessária, pelo que é essencial aproveitar e expandir este potencial”.
A APREN defende que a transição energética necessária para assegurar o cumprimento da meta de descarbonização estabelecida para 2050 não é possível sem a participação do hidrogénio verde no mix energético
As baterias são um bom exemplo. Como lembra a ambientalista da Zero a sua produção implica a extração e utilização do lítio. Acontece que “no hidrogénio verde também poderemos vir a ter o problema das chamadas matérias-primas críticas”.
Maria Santos questiona se teremos matérias-primas suficientes para dar conta da procura. Veja-se a questão da água. Para se produzir um quilo de hidrogénio são precisos cerca de 9 litros de água. Acontece que, convém não esquecer, Portugal sofre, sucessivamente, de períodos de seca extrema. Por fim, acrescenta Maria Santos, a principal consequência, e que não é tão clara, é a forma como a procura de hidrogénio poderá condicionar a transição energética e eletrificação de setores prioritários, como por exemplo, o setor residencial. “A eletricidade de energia renovável já é um recurso escasso para atender aquilo que são as necessidades numa ótica de uma economia eletrificada e descarbonizada”, aponta Maria Santos, acrescentando que, neste momento, não temos a capacidade de produção renovável instalada suficiente para dar conta desse procura, pelo que “estarmos a acrescentar mais um ponto de procura poderá desviar essa eletricidade para a produção de hidrogénio”. Para que isso não aconteça a Zero defende que para cada novo projeto de produção de hidrogénio verde o mesmo deve ser acompanhado de capacidade adicional de produção de energias renováveis.
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