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Habitação: soluções passivas permitem conforto e poupança

Bruna Morais – Técnica especialista da iniciativa CLASSE+ da ADENE – Agência para a Energia12/04/2023
ADENE explica que medidas podem ser adotadas para assegurar o mínimo nível de conforto, ao mesmo tempo que se garante a sustentabilidade e poupanças nas faturas de eletricidade.
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Apesar do clima temperado, Portugal é um dos países da Europa onde as casas são muito frias no inverno e muito quentes no verão, com perto de 75% da população a assumir que tem dificuldades em manter o conforto térmico na sua habitação. O recurso a sistemas ativos para a climatização dos espaços resolve parte do problema, mas apresenta custos elevados na fatura energética. Este desafio leva-nos a reinventar a forma como vivemos nos edifícios, ao optar por soluções passivas que nos permitem alcançar o conforto, com poupança.
Os sistemas energéticos ativos, integrados nos edifícios, são responsáveis por uma parte significativa da fatura energética representando cerca de 24% do consumo de energia da habitação (Deco Proteste, 2022). Paralelamente, são também responsáveis pelas emissões de grandes quantidades de gases poluentes para a atmosfera, com destaque para a tecnologia HVAC (Heating, ventilating, and air conditioning) que leva à emissão de 1950 milhões de toneladas de CO2 anualmente (NREL, 2019).
Em Portugal, os aquecedores elétricos (radiadores a óleo ou termoventiladores) e as lareiras são os sistemas mais usados, embora sejam pouco eficientes. Alguns especialistas defendem que os aparelhos de ar condicionado (tecnologia bomba de calor) são uma solução mais eficiente comparando com os radiadores ou os termoventiladores. Um sistema HVAC, para a mesma produção de calor, consome três a quatro vezes menos energia e tem ainda a particularidade de arrefecer no verão. Por outro lado, existe a opção de colocar pavimento radiante que pode ser elétrico ou hidráulico (quando é um fluido que circula na Serpentina), sendo que distribui o calor de forma uniforme, tornando a casa mais confortável. Estes sistemas podem ser acoplados a bombas de calor, tornando-os mais eficientes do que o piso radiante elétrico. Perante todas as opções existentes no mercado, deve optar-se pelo equipamento mais eficiente e mesmo durante a sua utilização deverá procurar gastar-se o menos possível, para não aumentar a sua fatura de energia e não comprometer as metas de descarbonização.

Na verdade, grande parte dos consumos energéticos podem ser reduzidos através da implementação de medidas passivas e mais sustentáveis. Existe um conjunto de ações que idealmente devem constar logo na fase de projeto dos edifícios, entre as quais, a orientação da fachada, a inclusão de jardins verticais ou coberturas verdes, a projeção de saídas de ar amplas em todos os espaços, entre outras, que seriam..., que seriam igualmente eficazes para colmatar parte dessa necessidade, enquanto contribuem para a diminuição da fatura energética. Mas podemos ir ainda mais longe atuando diretamente nos elementos da construção, com a instalação de isolamento térmico, nas coberturas, paredes e até mesmo na canalização, a introdução de energias renováveis, como painéis solares, a pintura de fachadas com tons adequados ao clima, sem esquecer a substituição das janelas convencionais por janelas eficientes com corte térmico e vidro duplo (ou mesmo triplo). Estas adaptações têm um impacto muito positivo seja a nível ambiental, económico ou até mesmo na saúde dos ocupantes.

Sabia que as janelas são um dos elementos mais vulneráveis da construção das nossas casas e que as perdas de calor, nos meses de inverno, podem significar até 30% das necessidades reais de aquecimento?

Sabia ainda que o consumo de energia usado para arrefecer edifícios pode ser reduzido em mais de 27% em toda a Europa em 2050, através de uma adequada utilização do vidro das janelas? 1

[1] Glass For Europe, 2019

O potencial associado à substituição das janelas é extremamente significativo para garantir o conforto térmico, tendo em conta fatores como a orientação da fachada: se for a sul ou no quadrante sudeste-sudoeste irá promover ganhos solares no inverno e, com mecanismos de sombreamento, terá proteção da radiação solar no verão. Assim, é preponderante a escolha correta da caixilharia e do tipo de vidro para os vãos envidraçados no comportamento térmico do edifício.

Num cenário em que são instaladas janelas eficientes com classificação “A” ou superior e que o isolamento da casa como um todo é adequado, as poupanças energéticas podem variar, entre 200€ e 850€ por ano, dependendo da localização geográfica e da necessidade de climatização. Como exemplo, uma casa com janelas de correr em alumínio sem corte térmico e vidro simples com um consumo anual estimado em 325€ associado à climatização, após a instalação de janelas eficientes de abertura oscilo-batente, com corte térmico e vidro duplo apresentou um consumo anual estimado de 116€ (fonte: Portal Poupa Energia).

Neste contexto, a iniciativa CLASSE+ (www.classemais.pt), da ADENE - Agência para a Energia, surge com um instrumento essencial no apoio a escolhas mais informadas que permitam alavancar a mudança na direção de soluções mais eficientes nesta componente dos edifícios. Com a etiqueta energética CLASSE+ para as janelas, o consumidor consegue perceber facilmente que uma janela com um coeficiente de transmissão térmica (Uw) baixo é uma melhor escolha para fachadas com pouca exposição solar ou de edifícios localizados em climas mais frios; vidros com menor valor de fator solar (g) reduzem a entrada de radiação solar, ajudando a prevenir o sobreaquecimento. Fica disponível um conjunto de informações que possibilitam aos consumidores optar pelas melhores soluções.

Em 2023, o CLASSE+ assinala cinco anos e mantém-se firme na sua missão, focado em agilizar a mudança já em curso, disposto a ultrapassar os desafios, alcançar metas mais ambiciosas, agarrar oportunidades e ir cada vez mais longe, contribuindo para o crescimento, sustentabilidade e competitividade do setor das janelas e de outros produtos da envolvente dos edifícios.

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