Portugal precisa de reforçar e reorganizar as suas cadeias de valor face à atual instabilidade internacional e afirma que as empresas sul-coreanas podem ser importantes parceiras, designadamente nas energias renováveis e semicondutores. Esta foi a afirmação de António Costa na véspera de uma visita de dois dias à Coreia do Sul, entre 11 e 12 de abril, que terá uma agenda sobretudo económica.
“A instabilidade que enfrentamos a nível global mostrou-nos que precisamos de reforçar e reorganizar as nossas cadeias de valor. Acreditamos que sul-coreanos e portugueses podem complementar-se e fortalecer-se mutuamente”, afirmou.
O primeiro-ministro português vai acompanhado dos ministros da Economia, António Costa Silva, da ministra da Ciência. Elvira Fortunato, do ministro das Infraestruturas, João Galamba e do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Francisco André.
António Costa considera que os dois países podem ser parceiros e que, no plano económico, há vários setores nacionais que podem despertar interesse às empresas sul-coreanas, nomeadamente as energias renováveis, semicondutores, matérias-primas críticas ou indústria automóvel.
“A área das energias renováveis é um domínio em que Portugal tem muita experiência e conhecimento. Há investimentos portugueses na República da Coreia e investimentos sul-coreanos em Portugal. Temos uma estratégia ambiciosa, já que prevemos investir 60 mil milhões de euros até 2030”, apontou, acrescentando que, por exemplo no caso da energia solar, Portugal pretende “aumentar significativamente a sua capacidade disponível, mais de nove gigawatts de incorporação até 2030”.
O primeiro-ministro lembrou ainda que há planos para “instalar dez gigawatts de capacidade para energia eólica 'offshore', cujo leilão será lançado ainda este ano. Os semicondutores são também uma área onde sentimos que Portugal tem condições para ser uma porta de entrada relevante para empresas sul-coreanas que pretendam aumentar a resiliência da cadeia de valor dos semicondutores como um todo”.
Já no caso do setor automóvel António Costa disse acreditar que as empresas coreanas “podem aproveitar a experiência de Portugal em inovação e mobilidade urbana verde”. Isto porque, defendeu, “o hidrogénio verde também tem muito potencial, porque a proximidade da água e os custos energéticos atrativos são ativos estratégicos que estão a atrair a atenção de múltiplos investidores, que procuram produzir hidrogénio a partir da energia solar e eólica, sobretudo em Sines”. Mesmo porque, lembrou, Portugal tem as maiores reservas de lítio da Europa e a oitava maior do mundo: “somos o sétimo maior produtor mundial de lítio e o primeiro da Europa. Em 2023, lançaremos seis concursos públicos para prospeção de lítio e queremos fomentar o desenvolvimento de cadeias de valor integradas para matérias-primas críticas”.
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