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A importância de digitalizar e flexibilizar a rede de energia

Basílio Simões, Vice-chairman e cofundador da Cleanwatts08/09/2023
As vantagens das novas dinâmicas associadas à flexibilidade do lado da procura podem acelerar a transição energética, com abordagens inovadoras que visam a criação de novos mercados energéticos, mas também com múltiplos agentes e valorização de ativos existentes
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Transformação digital e sistema energético são indissociáveis. No plano europeu, falamos mesmo numa prioridade política, que está associada ao Pacto Ecológico Europeu e ao Programa Político para a Década Digital 2030. Tudo para tornar a transição energética uma realidade, de forma a atingirmos as metas a que nos propomos, mas que teimam em parecer longínquas ou até inalcançáveis.
Várias medidas estão em perspectiva: instalação de painéis solares fotovoltaicos em todos os telhados de edifícios comerciais e públicos até 2027 e em todos os novos edifícios residenciais até 2029, implantação de 10 milhões de bombas de calor nos próximos cinco anos e substituição de 30 milhões de automóveis movidos a combustíveis fósseis na estrada por veículos com emissões nulas até 2030.
Para cumprimos as metas, o sistema energético tem de se adaptar, isto é, tem de se digitalizar para se tornar mais inteligente e interativo. A Comissão Europeia é clara ao apontar o caminho, com a necessidade de existir investimento em tecnologia, como dispositivos e medidores inteligentes, conectividade 5G e 6G ou um espaço pan-europeu de dados energéticos alimentado por servidores de computação em nuvem.
De facto, a tecnologia tem inúmeras potencialidades, desde logo para monitorizar e otimizar os consumos em tempo real. Em termos práticos, pode ajudar a regular temperaturas em espaços interiores ou carregar veículos elétricos para aproveitar períodos do dia em que os preços da energia são mais baixos.
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Com redes elétricas inteligentes, cada equipamento – um ativo energético de produção, armazenamento ou consumo – poderá, de forma agregada, “negociar” com a rede a energia de que pode dispor e em que condições. Por exemplo, há que perceber qual o momento ideal para o funcionamento de uma bomba de calor ou para o carregamento de um veículo elétrico.
É aqui que entra a questão da flexibilidade. Ou melhor, o chamado mercado de flexibilidade. A Comissão Europeia tem procurado promover a existência de um quadro regulatório e diversos países estão a desenvolver os mesmos, sendo que Portugal apresenta um elevado potencial, existindo já um projeto-piloto promovido pela E-REDES com um parceiro internacional. Há, pois, que analisar os benefícios e promover novas dinâmicas de mercado, nomeadamente mercados locais de energia com a participação de múltiplos agentes, incluindo o consumidor final – uma forma de democratizar o sistema energético e – por que não? – criar uma espécie de cidadania energética.
Mas o que proporciona a flexibilidade? Quando a rede necessita de auxílio local, caso sejam verificados congestionamentos ou existindo a necessidade de estabilização de perturbações causadas pela variabilidade das fontes renováveis, pode ser solicitado o apoio de um agente de mercado, com capacidade de atuar nos equipamentos flexíveis de que dispõe. Se tomarmos como exemplo as Comunidades de Energia Renovável (CER), compostas por diversos membros que se juntam para produzir, consumir e até comercializar energia, o que pode acontecer é esta CER passar a ser um agente ativo do sistema elétrico, ao disponibilizar ao serviço da rede os seus ativos energéticos mediante um conjunto de preferências ou restrições de uso.
Não há dúvidas de que as vantagens das novas dinâmicas associadas à flexibilidade do lado da procura podem acelerar a transição energética, com abordagens inovadoras que visam a criação de novos mercados energéticos, mas também com múltiplos agentes e valorização de ativos existentes. Por outro lado, minimizam-se investimentos potencialmente mais elevados.
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No entanto, soluções como estas exigem vontade das autoridades públicas, do Governo ao regulador. Só assim será possível dispor de enquadramentos legais e regulatórios favoráveis, que facilitem o investimento para a digitalização e flexibilidade das redes elétricas. Não menos importante é o licenciamento e a urgência da sua aprovação, que em Portugal continua a ser moroso.
No caso das CER, anteriormente mencionadas, a sua implementação tem enfrentado enormes desafios por razões burocráticas. Como contornar o problema? Basta olhar para bons exemplos, como a Dinamarca, onde o Governo implementou um sistema one stop shop, que consolida o processo de licenciamento numa agência especializada, servindo como único ponto de contacto para os promotores durante todo o desenvolvimento do projeto.
Na sequência do Estado da União da Energia, voltou a ser referido que o consumo local de energias renováveis voláteis reduz a pressão sobre a rede. Contudo, tanto as CER como o autoconsumo coletivo continuam a desempenhar um papel menor nos sistemas energéticos da Europa.
A verdade é que os chamados prossumidores e as CER (com a participação de distribuidores de energia, administrações locais, empresários e cidadãos) podem conseguir o equilíbrio entre os recursos disponíveis e a procura de eletricidade nos seus agregados familiares, empresas e edifícios públicos, em especial mediante o desenvolvimento de tecnologias digitais e de armazenamento de energia. Por outro lado, contribuem para maior estabilidade da rede.

Um parecer do Comité Económico e Social Europeu, divulgado em maio, indicava que a Comissão Europeia tem ignorado a existência de entraves a estas formas de produção e consumo de energia. Além disso, sugeria que os europeus recebessem incentivos que acabem por convencê-los e incentivá-los a digitalizar todas as suas atividades relacionadas com a energia. Tudo porque estas formas de produção e consumo são consideradas um elemento crucial do sistema energético – não do futuro, mas do presente.

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