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A poluição luminosa desperdiça energia, prejudica o ambiente e a saúde humana. É preciso agir

Alberto Van Zeller, CEO da Auraicity21/12/2023

Fatores como uma pobre fotometria, níveis muito acima dos necessários à utilização, a altura dos pontos de luz, a localização e a distribuição dos mesmos, a inclinação da luminária e composição espectral da fonte, contribuem para a poluição luminosa.

Fonte Dark Sky Org
Fonte Dark Sky Org
A descoberta do domínio do fogo, há 400 mil anos, marca o início da história da iluminação e desde então, o homem tem vindo a alterar o ciclo da escuridão natural. E se as vantagens dessa descoberta não podem ser negadas e foram realmente transformadoras, a verdade é que a emissão de luz não é possível sem poluição luminosa, ou seja, sem impactos menores ou maiores, a vários níveis.
Importa assim referir que a poluição luminosa tornou-se um problema mais sério com a descoberta da lâmpada incandescente, em 1879 e nos últimos 10 anos, tem vindo a ser agravado com a introdução na iluminação artificial da tecnologia LED.
Podemos assim afirmar que a principal causa para este fenómeno é uma Iluminação pública mal selecionada, mal projetada ou mal instalada, em qualquer das suas vertentes, urbana ou viária, mas também a iluminação arquitetural, desportiva, os reclames luminosos, outdoors, canhões laser, montras iluminadas, luz interior derramada pelas janelas, entre outros.
Fatores como uma pobre fotometria, níveis muito acima dos necessários à utilização, a altura dos pontos de luz, a localização e a distribuição dos mesmos, a inclinação da luminária e composição espectral da fonte, contribuem para a poluição luminosa.

Para os menos familiarizados com este flagelo, refira-se que a poluição luminosa, segundo a International Dark Sky Association, é “qualquer efeito adverso da luz artificial, incluindo brilho do céu, encandeamento, luz intrusiva, luz desordenada, diminuição da visibilidade à noite e desperdício de energia“.

Mas não é só. Aliás, os seus maiores impactos, são as implicações na saúde, a perda de valores naturais e históricos, as alterações no meio ambiente e vida selvagem e, claro está, o desperdício de recursos.
Efeitos que têm vindo a ser referidos pela comunidade médica, com alertas constantes e fomentação de debates sobre os impactos da excessiva exposição à luz artificial nos seres humanos, com alterações do ritmo circadiano e com consequências graves na saúde, por via da alteração dos biomarcadores hormonais.
A tudo isto, somam-se os fenómenos de encandeamento, a luz intrusiva, através das janelas dos edifícios, que afeta sobretudo os mais idosos ou pessoas com problemas oculares, como são os casos de cataratas, glaucomas ou a simples miose (contração permanente das pupilas) senil.
Sobre o encandeamento, refira-se que não é mais que o excesso de luz na direção errada (ângulo de visão), é luminância, é brilho e tem duas vertentes: O encandeamento desconfortável, que é definido como a sensação desconfortável ou mesmo dolorosa que pode ser provocada por uma fonte de luz brilhante no campo de visão e o encandeamento incapacitante, normalmente apelidado de incremento limiar, definido como a redução da visibilidade, que causa uma fonte de luz brilhante, devido à dispersão de luz no olho e que reduz o contraste de luminância aparente dos objetos, no campo de visão. A luz dispersa no olho, estabelece um véu luminoso sobre a imagem da retina, reduzindo a acuidade visual. O encandeamento e a luz intrusiva são assim, dois conceitos intrinsecamente ligados à poluição luminosa. São dois fenómenos associados à iluminação artificial e motivo de críticas aos LEDs. Na iluminação pública, o encandeamento nas suas duas vertentes, é impossível de anular, mas pode ser minimizado através do design da luminária e das opções do projeto.
Vista de Londres, à noite, a parir do céu. Fonte Dark Sky Org
Vista de Londres, à noite, a parir do céu. Fonte Dark Sky Org
Note-se que atualmente, um cidadão passa em média, 93% de seu tempo sem exposição ao sol, dentro de edifícios ou em transportes, e na maioria das vezes, bastante exposto à luz artificial, sendo que a composição espectral da mesma é muito diferente da luz solar. Mas o problema é que essa exposição não se esgota na iluminação artificial dos edifícios ou na iluminação pública, e está também presente nos tablets, computadores, mupis, televisões e outros aparelhos eletrónicos.
Para a biodiversidade, os impactos da poluição luminosa são ainda mais devastadores, com consequências nos fluxos migratórios das espécies, nas ações predatórias, na reprodução, na alimentação, entre outros, atingindo sobretudo as aves marinhas e as tartarugas, que são das espécies mais ameaçadas de extinção no planeta.
Por outro lado, e sem que muitos se apercebam, estamos a perder, a uma escala sem precedentes, o céu natural noturno. E perante esta realidade, resta saber quantos de nós ou os nossos filhos, viram a Via Láctea? ou então que “The Starry Night” (A noite Estrelada), pintaria hoje Vincent Van Gogh?
Tudo o que atrás foi referido, são consequências do esplendor luminoso provocado pela luz artificial projetada para o céu.
Os últimos estudos da Artificial Light at Night: State of the Science 2022 e o projeto Globe at Night apresentam resultados preocupantes sobre a evolução da poluição luminosa, senão vejamos:

- O esplendor luminoso nos Estados Unidos e na Europa, cresceu 9,6% ao ano, entre 2011 e 2021(GAN).

- Cerca de 83% das pessoas, incluindo 99% dos europeus e americanos, vivem sob céus poluídos pela luz, que são aproximadamente 10% mais brilhantes do que a escuridão natural. 80% dos norte-americanos não conseguem ver a galáxia Via Láctea e 60% dos europeus também não.

- As previsões apontam para que uma criança que nasça hoje, aviste no céu aproximadamente 250 estrelas e quando fizer 18 anos apenas verá 100 estrelas.

- Dois terços das principais áreas de biodiversidade do mundo são afetadas pela poluição luminosa.

Fonte Dark Sky Org
Fonte Dark Sky Org
É um fato, que nos últimos 200 anos, a luz artificial contribuiu para o crescimento económico e social mundial, no entanto esse crescimento não pode continuar a ser insustentável.
Atualmente é possível iluminar de forma sustentável porque a tecnologia LED, a par de novas métricas, constituem excelentes ferramentas que podem reduzir significativamente, a poluição luminosa.
Por tudo o que foi exposto, conclui-se que o importante é combinar adequadamente os equipamentos de iluminação para cada situação, independentemente da tecnologia utilizada.

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