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Eficiência energética e ar saudável

Nuno Roque, Diretor-Geral da APIRAC06/06/2024

Com o atual enfoque nos custos energéticos, é tentador reduzir a ventilação como forma de poupar dinheiro. Mas isso pode ter consequências significativas para a saúde a longo prazo.

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Ventilar e limpar o ar nos edifícios é uma parte crucial para permitir a saúde e o bem-estar das pessoas, mas é muitas vezes ignorada ou mal compreendida, e normalmente só nos apercebemos quando há um problema.

Uma boa ventilação pode reduzir a exposição a poluentes atmosféricos e doenças infeciosas, ajudar-nos a ter um melhor desempenho e a ser mais produtivos, permitir-nos dormir melhor e reduzir o bolor e a humidade nos edifícios.

Uma boa ventilação faz parte da criação de um ambiente sustentável e com baixas emissões de carbono, através de uma boa utilização da tecnologia para equilibrar a qualidade do ar, a utilização de energia e o conforto.

Os edifícios podem ser ventilados de várias formas diferentes, consoante a idade, a conceção, a localização e a finalidade do edifício. A ventilação natural utiliza janelas, portas e outras aberturas para permitir o fluxo de ar através de um edifício, que é impulsionado pelas condições climatéricas - o vento ou as diferenças de temperatura. Esta possibilidade por si só traz vários inconvenientes, enquanto ponte térmica de arrefecimento e aquecimento descontrolado em função do ar exterior, constrangimentos de humidade e não filtragem do ar exterior, apenas para dar exemplos bem percecionados por todos.

A ventilação mecânica utiliza tecnologia para permitir fluxos de ar e varia desde um simples ventilador de extração, como numa casa de banho, até sistemas complexos de condutas que fornecem ar a todo um edifício. Para além da ventilação, há uma série de tecnologias para aquecer, arrefecer ou limpar o ar que também podem ser utilizadas para proporcionar bons ambientes interiores.

No entanto, com ventilação natural/mista, as perdas pela renovação do ar podem ser cerca de metade das perdas térmicas do edifício.

Aqui chegados, considera-se válido e consensual que a ventilação é apenas um elemento que permite que um edifício tenha um bom desempenho. A ventilação deve ser considerada a par do consumo de energia, das alterações climáticas, da poluição urbana, do ruído, do conforto e da segurança nos edifícios. Ao projetar edifícios para o futuro e ao modernizar os edifícios existentes para que sejam sustentáveis, saudáveis e seguros, há compromissos complexos a considerar.

Sistemas de ventilação com recuperação de calor, além de enormes vantagens para a saúde publica e dos edifícios, são definitivamente um veículo de importância relevante para assegurar a eficiência dos edifícios.

Considerando que nas habitações a transmissão de calor devido à ventilação pode ser responsável por mais de 50% das perdas térmicas no inverno, a adoção de sistemas para recondicionar e fazer circular o ar como parte de um sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado entronca com a função básica da UTA: receber o ar exterior, recondicioná-lo e fornecê-lo como ar fresco a um edifício. São concebidas para garantir uma elevada qualidade do ar interior em qualquer altura e em qualquer condição exterior durante todo o ano. Todo o ar de exaustão é removido, o que cria uma qualidade de ar interior aceitável. Dependendo da temperatura necessária do ar recondicionado, o ar fresco é aquecido por uma unidade de recuperação ou serpentina de aquecimento ou arrefecido por uma serpentina de arrefecimento.

Em edifícios onde os requisitos para a qualidade do ar são mais baixos, parte do ar das divisões pode ser recirculado através de uma câmara de mistura, o que pode resultar em poupanças de energia significativas. Um permutador de recuperação de calor/arrefecimento é normalmente instalado na UTA para poupança de energia e aumento da capacidade.

Com o atual enfoque nos custos energéticos é tentador reduzir a ventilação como forma de poupar dinheiro. Mas isso pode ter consequências significativas para a saúde a longo prazo. É fundamental que a importância de uma boa qualidade do ar interior esteja no centro das decisões sobre a conceção e o funcionamento dos edifícios.

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