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Os SACE e a eficiência energética

António Vieira, diretor-geral da Geoterme04/12/2024

Os SACE suportam a digitalização dos edifícios e a entrada das novas tecnologias sustentadas na IA (inteligência artificial) orientadas para a eficiência energética (e hídrica).

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Os SACE (Sistemas de Automatização e Controlo do Edifício) são atualmente a peça fundamental na eficiência energética dos edifícios porque permitem dentro desse ecossistema: centralizar todos os sistemas técnicos, desenvolver algoritmos para um funcionamento automático e mais otimizado e, trabalhar a informação recolhida para melhorar a tomada de decisão e a interação com o exterior, quer sejam as redes energéticas ou serviços de otimização e apoio, que podem estar localizados remotamente.

Em suma, podemos considerar que os SACE suportam a digitalização dos edifícios e a entrada das novas tecnologias sustentadas na IA (inteligência artificial) orientadas para a eficiência energética (e hídrica).

Um futuro mais digital é uma realidade para a qual os edifícios têm de responder. As redes de energia, a integração com a mobilidade elétrica e as renováveis, por exemplo, exigem soluções que comuniquem com todos os restantes sistemas inteligentes de automação e controlo. A melhoria dos desempenhos energéticos, a eficiência energética dos sistemas e equipamentos e a redução da pegada carbónica dos edifícios dependem desta conectividade e desta inteligência.

Cientes desta realidade, os principais agentes de normalização e de produção legislativa, têm vindo a incorporar os SACE como um pilar fundamental para a transformação dos edifícios. Exemplos disso são a norma EN52120, que estabelece requisitos e classifica os sistemas SACE, e a EPBD, a diretiva europeia para a eficiência energética de edifícios, que teve uma nova revisão neste ano de 2024 incorporando uma novidade para a área dos SACE – o SRI – Indicador da aptidão dos edifícios para tecnologias inteligentes. O SRI complementa os objetivos da EPBD ao fornecer uma ferramenta prática para avaliar e promover a digitalização dos edifícios, destacando o impacto positivo dos sistemas SACE na eficiência energética e no desempenho geral.

O Artigo 15º da nova EPBD define a Aptidão dos edifícios para tecnologias inteligentes e uma metodologia para o seu cálculo, nomeadamente através de “uma classificação que se baseia na avaliação das capacidades de um edifício ou de uma fração autónoma para adaptar o seu funcionamento às necessidades dos ocupantes, especialmente no que se refere à qualidade do ambiente interior, e à rede e para melhorar a sua eficiência energética e o seu desempenho global”.

Os SACE têm um papel crucial na obtenção de uma alta pontuação no SRI, pois estão diretamente relacionados com as funcionalidades avaliadas:

  • Capacidade de automação e controlo: os edifícios com sistemas SACE, ajustando automaticamente, a iluminação, a climatização e outros sistemas técnicos, respondem melhor às exigências do SRI.
  • Interação com a rede elétrica: os SACE facilitam a gestão da energia consumida e gerada, integrando as fontes renováveis e otimizando o uso em função da procura.
  • Contribuição para o conforto e bem-estar: o SRI também mede como as tecnologias inteligentes melhoram a qualidade do ambiente interior para os ocupantes, algo que os SACE proporcionam por meio de respostas personalizadas e adequadas a cada espaço.
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A adoção de sistemas SACE representa um passo fundamental para aumentar a eficiência energética, reduzir custos de operação e contribuir para a redução da pegada carbónica dos edifícios. A relação direta com a nova EPBD evidencia como estres sistemas são indispensáveis para cumprir as metas de eficiência energética e sustentabilidade no sector dos edifícios.

No Anexo IV da EPBD são apresentados os pressupostos da metodologia a implementar para o SRI:

1. A Comissão deve definir um indicador de aptidão para tecnologias inteligentes e estabelecer uma metodologia para avaliar as capacidades de um edifício ou de uma fração autónoma para adaptar o seu funcionamento às necessidades dos ocupantes e à rede e para melhorar a sua eficiência energética e o seu desempenho global. O indicador de aptidão para tecnologias inteligentes dos edifícios deve abranger elementos relativos à melhoria da poupança energética, à avaliação comparativa e à flexibilidade, bem como as funcionalidades e capacidades melhoradas resultantes de dispositivos inteligentes e mais interligados. A metodologia deve ter em conta características como a possível existência de um gémeo digital do edifício. A metodologia deve ter em conta elementos como os contadores inteligentes, os sistemas de automatização e controlo dos edifícios, os dispositivos autorregulados para a temperatura interior, os aparelhos eletrodomésticos encastrados, os pontos de carregamento para veículos elétricos, o armazenamento de energia e as funcionalidades específicas, bem como a interoperabilidade entre esses elementos, e ainda os benefícios para as condições climáticas de espaços interiores, a eficiência energética, os níveis de desempenho e a flexibilidade permitida.

2. A metodologia deve apoiar-se nas seguintes funcionalidades essenciais relacionadas com o edifício e os seus sistemas técnicos:

a) A capacidade de manter o desempenho energético e o funcionamento do edifício através da adaptação do consumo de energia, por exemplo mediante a utilização de energia proveniente de fontes renováveis;

b) A capacidade de adaptar o seu modo de funcionamento em resposta às necessidades dos ocupantes, dedicando a devida atenção à facilidade de utilização, à manutenção de condições climáticas saudáveis no espaço interior e à capacidade de comunicação da utilização de energia;

c) A flexibilidade da procura global de energia de um edifício, incluindo a sua capacidade para permitir a participação na resposta à procura ativa e passiva, assim como implícita e explícita, através do armazenamento da energia e da sua devolução à rede, por exemplo mediante flexibilidade e capacidades de transferência de carga; e

d) A capacidade de melhorar a sua eficiência energética e o seu desempenho global mediante a utilização de tecnologias de poupança de energia.

3. A metodologia pode ainda ter em conta:

a) A interoperabilidade entre sistemas (contadores inteligentes, sistemas de automatização e controlo dos edifícios, aparelhos eletrodomésticos encastrados, dispositivos autorregulados a fim de regular os níveis de temperatura interior do ar do edifício e sensores da qualidade do ar interior e ventilação); e

b) A influência positiva das atuais redes de comunicação, nomeadamente a existência de infraestruturas físicas no interior dos edifícios preparadas para débitos elevados, tais como o rótulo facultativo "apto para banda larga", e a existência de um ponto de acesso para os edifícios de frações autónomas residenciais múltiplas, em conformidade com o artigo 8.o da Diretiva 2014/61/UE do Parlamento Europeu e do Conselho (1).

4. A metodologia não pode afetar negativamente os sistemas nacionais de certificação de desempenho energético em vigor e deve tirar partido de iniciativas conexas existentes a nível nacional, tendo simultaneamente em conta os princípios da propriedade, proteção de dados, privacidade e segurança dos ocupantes, em conformidade com a legislação pertinente da União em matéria de proteção de dados e privacidade, bem como as melhores técnicas disponíveis no domínio da cibersegurança.

5. A metodologia deve definir o formato mais adequado do parâmetro do indicador de aptidão para tecnologias inteligentes e deve ser simples, transparente e facilmente compreensível para os consumidores, proprietários, investidores e participantes no mercado de resposta à procura.

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