Este é o primeiro de uma série de três relatórios que visam analisar a atual crise habitacional portuguesa, detalhando as suas características e avaliando o seu impacto na economia e na sociedade, identificando as causas por forma a tornar possível avançar com propostas de política pública que possam contribuir para solucionar o problema.
De acordo com um estudo publicado sob chancela da associação Causa Pública e coordenado pelo economista Guilherme Rodrigues, Portugal tem uma das maiores crises habitacionais da Europa, apresentando a pior relação entre rendimentos e preços da habitação desde que há dados.
Redigido por Ana Drago, João Reis, Guilherme Ferreira e Nuno Serra, o relatório refere que "Portugal tem atualmente a pior relação entre rendimentos e preços da habitação desde que há dados (1995). Na última década, o caso português foi o que mais piorou no universo de países da OCDE, organização que junta as principais economias desenvolvidas".
O documento refere que a atual crise da habitação afeta, de forma mais marcada, “as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e ainda o Algarve. Nestas regiões, os preços de compra mais que duplicaram nos últimos dez anos”. Ao contrário da maioria dos países, os preços da habitação em Portugal “continuaram a aumentar mais que os rendimentos em 2022 e 2023, apesar das subidas nas taxas de juro”.
Por outro lado, o “fortíssimo aumento de preços da habitação mina a igualdade de oportunidades entre pessoas de diferentes regiões e gerações, gerando novas tensões e conflitos na sociedade e criando dificuldades na captação de trabalhadores para a administração pública e as empresas”.
O estudo indica ainda que “Portugal tem um dos menores parques de habitação pública e social da OCDE“ e que "não se expandiu na última década”, o que dificulta “a capacidade de regular o mercado e responder à atual crise de habitação, expondo de forma particularmente crítica a população mais pobre às dinâmicas de mercado”.
Os autores sublinham que "o aumento do peso do imobiliário prejudica toda a economia, não só devido ao agravamento dos custos de produção diretos (com arrendamento e compra de espaço) como indiretos (atração de mão-de-obra qualificada). Conjugadas, estas dinâmicas dificultam o desenvolvimento dos setores mais produtivos e inovadores, essenciais para a melhoria da qualidade de vida da população".
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