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Em segurança se solda, corta e molda metais… [7] Espaços confinados – Deteção de gases

Manuel Martinho | Engenheiro de Segurança no Trabalho21/02/2025
…Continuação do número anterior…
Medição de gases
Medição de gases.

Num espaço confinado podemos agrupar em quatro as categorias de risco: os atmosféricos, os ambientais, os biológicos e os físicos. Pelo título do artigo vamos ocupar-nos dos atmosféricos do ambiente de trabalho, ou mais vulgarmente qualidade do ar. Porque pode representar a linha que separa de um acidente grave ou muito grave, a deteção de gases tóxicos, inflamáveis ou explosivos e asfixiantes, num espaço confinado é de capital importância para quem a eles acede.

Segundo a Occupational Safety and Health Administration (OSHA), a principal causa de acidentes em espaços confinados é a qualidade do ar aí respirável, daí que os riscos atmosféricos devam ser avaliados e eliminados ou monitorizados antes da entrada e durante a presença no seu interior.

São perigos atmosféricos mais comuns associados aos espaços confinados:

a) Atmosfera com insuficiência (pobre) em oxigénio - A concentração de oxigênio é de 19,5% a 22% em volume;

b) Atmosfera Inflamáveis - A concentração de vapor inflamável na atmosfera é inferior a 10% em volume de seu limite explosivo inferior (LIE).

c) Presença de gases tóxicos e asfixiantes químicos - Quaisquer materiais tóxicos na atmosfera, resíduos e produtos químicos estejam em função da concentração (risco imediato), do tempo de exposição (efeito cumulativo) e da severidade produzida, dentro das concentrações permitidas, e/ou são incapazes de produzir concentrações de materiais tóxicos acima do nível permitido;

d) Atmosfera rica em oxigénio - A concentração de oxigênio é de 23,5% em volume, podendo tornar-se acima de 28%.

Como gases tóxicos e perigosos destacam-se alguns compostos cujos níveis são mais críticos e até letais para os trabalhadores:

I. Gases Tóxicos – Substâncias e preparações que, quando inaladas, ingeridas ou absorvidas através da pele, mesmo em muito pequena quantidade (a medida utilizada é PPM, ou seja, partes por milhão), podem causar a morte ou riscos de afeções agudas ou crónicas.

II. Gases Inflamáveis – Os que, quando atingem a mistura ideal de oxigénio, gás e temperatura de ignição, entram em combustão. Nesse contexto, existem vários fatores a serem considerados, como Limite Inferior de inflamabilidade do gás, ponto de fulgor, ponto de ignição, etc.

III. Asfixiantes simples - São aqueles que, em pequenas quantidades, não reagem no organismo, mas, ao ganhar volume, causam asfixia, ou seja, o seu nível de presença no espaço determina a perigosidade para a vida humana ou não. Os gases mais comuns por essa reação são o Nitrogênio (N2) e 8[[Árgon (Ar).

 

Sinalização proibição de entrada em espaço confinado
Sinalização proibição de entrada em espaço confinado.

Quanto maior a concentração no ambiente, menor a concentração de oxigênio, que sendo menos de 18% em volume, tem como consequência a asfixia.

Nota: Em baixas concentrações os asfixiantes simples não são perigosos, desde que não sejam inflamáveis nem tóxicos.

IV. Asfixiantes químicos - São substâncias tóxicas que reduzem a capacidade de absorção do oxigênio que respiramos no organismo. No ambiente reduzem a sua concentração no ar, porém ao eu potencial de riscos situa-se na toxicidade ao interferir no transporte do oxigénio para os diversos órgãos e tecidos do corpo.

Entre os diversos asfixiantes químicos que podem estar presentes em espaço confinado em sistemas industriais, o monóxido de carbono (CO) e o sulfeto de hidrogénio (H2S) em que algumas características e valores limites de emissão geral veem expressas no Anexo IV da Portaria 286/93 de 12 de março).

i) Monóxido de carbono (CO) – É um gás tóxico, asfixiante bioquímico e inflamável, incolor com índice de absorção superior ao oxigénio, cuja concentração IPVS (IDLH), indicador de concentração considerada imediatamente perigosa à vida e saúde de 1000mg/m3N.

ii) Sulfeto de hidrogénio (H2S) ou gás sulfídrico – Gás tóxico, asfixiante bioquímico e Inflamável, inibe o olfato, cuja concentração IPVS (IDLH), indicador de concentração considerada imediatamente perigosa à vida e saúde de 50mg/m3N.

V. Compostos Orgânicos Voláteis (COV) - São produtos químicos orgânicos libertados sob a forma de gases a partir de sólidos ou líquidos que poluem o ar e podem ser prejudiciais à saúde, sendo mais comuns como COV’s, os produtos de limpeza, tintas, colas, purificadores de ar, produtos de higiene, entre outros, para além da presença na matéria prima de materiais de construção, como revestimentos, tintas, vernizes, desinfetantes, adesivos, fungicidas e germicidas, tecidos e cosméticos.

Possuem odor forte e irritante, são altamente inflamáveis e reativos. Uma das formas de evitá-los passa por escolher produtos que estejam testados e classificados em termos de redução de emissão de COV’s, e que tenham baixo impacto ambiental.

Para previamente garantir à entrada, mas também na saída antes de qualquer outra entrada, no espaço confinado importa avaliar se esse espaço possui uma atmosfera segura de concentração de gases perigosos, para o efeito é necessário confirmar por medição e teste a presença desses gases, sendo aspeto importante a considerar para a segurança do procedimento que a medição inicial se faça por amostragem remota, isto é, usando sondas ou varetas de comprimento variável, capazes de aceder a locais recônditos.

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A medição de gases

A medição de gases em espaços confinado deve atender às normas de segurança para trabalhos nesses ambientes, deve ser condição de acesso, em função da indicação da concentração de gases nocivos existentes nos ambientes, monitorizando leituras, cuja compilação e consolidação da informação num único lugar, assume características de proteção coletiva na gestão do risco.

A monitorização inicial e depois a contínua, sendo eficaz através da utilização de detetores de área, que cobrem uma zona determinada, que comunicam entre si por exemplo via 'Wireless', faculta informação sobre medição de concentrações, em tempo real, ao responsável de trabalhos, que saberá exatamente o que está a acontecer dentro do espaço confinado e, desta forma, pode gerir o trabalho e os meios com melhor e mais segurança proporcionam. Por exemplo, permite aviso de abandono a tempo se as condições iniciais se agravarem.

Para obter um teste com fiabilidade na medição de pré-entrada, deve esperar-se, pelo menos, dois a quatro minutos, tempo a que poderá ser acrescido em função dos metros de tubo flexível a usar, sem prejuízo da informação constante no manual de utilização do fabricante do equipamento. Deverá ser evitada a sucção de líquidos ou outros poluentes que desvirtuem o teste.

A obtenção de dados requer muita precisão, configuração alinhada, calibração, de forma a evitar informação distorcida ou fora dos limites pré-definidos.

Também podem ser necessários testes regulares durante toda uma intervenção, seja por determinação de frequência das entidades gestoras, ou se houver observação de alterações nas condições de concessão da Autorização de Trabalho (AT), ou por reporte do(s) trabalhador(es) intervenientes.

Um detetor de gases à distância portátil é um equipamento de medição com sensores de deteção multicanal, calibrados, bomba de aspiração integrada e tubo de sucção, para recolha de informação de concentração de gases nocivos no ar interior, deixando os intervenientes mais cientes dos riscos a que estão expostos.

Os instrumentos para deteção de gases a monitorizar devem ser adequados e devidamente calibrados antes de cada utilização, operados e testados por pessoa qualificada e treinada antes de qualquer intervenção, para validade da(s) leitura(s).

A(s) medição(ões) deverá(ão) ser conduzida(s) de tal forma que os resultados obtidos sejam representativos das condições existentes no local, dando especial atenção à distribuição de gases, que pelas suas diferentes densidades se poderão acumular em pontos diversos da configuração do espaço, como condutas, depressões, recantos, tetos, etc.

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Um sistema de deteção de gases fixo por posicionamento predefinido de detetores deve ser precedido de projeto específico, por técnico competente, cuja elaboração deve atender ao estudo prévio (avaliação de objetivos a atingir) de que suporta a decisão de o implementar. No início da autorização de acesso a medição realizada, será nela registada na AT.

Ainda assim, medições por detetores fixos podem não ser suficientes, uma vez que as condições atmosféricas podem ser variáveis até porque podem haver défice ou falha de cobertura dos detetores fixos, ou até alterações entre as medições inicial ou pré-definidas e as presentes durante a presença de operadores no interior.

Neste contexto, a monitorização pessoal portátil de concentração de gases contínua, feita por um detetor de gás de leitura direta sendo redundante, é instrumento capaz de confirmar se a atmosfera é segura, mas também quão segura é no 'just in time'.

A utilização de um medidor multigás para determinar os níveis de oxigénio, monóxido de carbono (CO), H2S e a concentração de gás combustível é normalmente uma opção versátil e válida. Outros tipos de medidores e sensores para detetar concentrações de gases específicos (cloro, dióxido de enxofre, etc.), podem ser requeridos em função do levantamento técnico prévio do espaço a analisar, devendo estar disponíveis se necessário.

Enquanto proteção coletiva ou individual, um detetor de gases e um equipamento de trabalho deve atender e cumprir com todas as Diretivas e Normas de Segurança para um trabalho, bem como possuir marcação CE, certificado de conformidade, manual de utilização, e informação, formação e treino aos utilizadores, cujo conhecimento e destreza necessários reduz os riscos decorrentes dum manuseamento e uso defeituoso.

Sem medição adequada e correta com parâmetros fiáveis, não será possível avaliar concentrações de oxigénio (alto e baixo), a presença de concentrações inflamáveis e a presença de gases tóxicos, asfixiantes simples ou químicos, cujos efeitos devem ser medidos e avaliados separadamente através do estudo de agentes passíveis de serem encontrados - riscos estáticos e durante a realização de tarefas ou do tipo "não perturbado" - riscos dinâmicos decorrentes do serviço a ser realizado.

Calibração dos detetores de gases

A calibração é o nome que se dá às operações que, sob condições específicas, comparam a exatidão entre os valores padrão de um instrumento de medição, medida materializada ou material de referência, e os valores que são indicados no instrumento de medida que se pretende operacionalizar. A norma NP EN ISO/IEC 17025:2018 estabelece os requisitos gerais de competência técnica para laboratórios que realizam ensaios e calibrações.

Na prática, este ato permite garantir a precisão da medição de um equipamento de medição, avaliando o seu desempenho, que a emissão do certificado de calibração torna comprovável, o funcionamento exato e confiável.

A calibração do equipamento de deteção de gás é crítica para a segurança (trabalhadores) e para a proteção da instalação a monitorizar, deve ocorrer periodicamente, única forma de garantir que o equipamento apresenta leituras fiáveis, até porque, com o tempo e o uso diário constante, é normal que se desgastem e apresentam desvios nos valores iniciais. No caso específico dos detetores de gases, a calibração periódica e regular garante que eventuais desvios na especificação dos sensores do(s) equipamento(s) serão rastreáveis e corrigidos.

A calibração inicial e regular deve ser feita por laboratório acreditado e reconhecido, que assegure a competência e os recursos para realizar calibrações ou ensaios de acordo com as normas e critérios estabelecidos.

Tipos e fatores a considera na escolha dos detetores

Não encontramos no mercado apenas um tipo de detetor de gás para todas as situações, pelo que será necessário que, cuidadosamente, sejam contextualizados os riscos e as medidas preventivas a implementar, em função das necessidades dos técnicos a proteger (trabalhadores), escolhendo então o detetor mais eficaz.

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Um detetor de gás pode ser projetado com um ou vários sensores para detetar gases específicos, dependendo do(s) tipo(s) de gás(es) considerado(s), porém são usuais:

I. Os de sensores eletroquímicos para gases como monóxido de carbono e o H2S (sulfureto de hidrogénio) devido à sua sensibilidade e seletividade.

II. Os de sensores infravermelhos para gases combustíveis, pois podem medir altas concentrações sem o risco para o sensor.

III. Os sensores de esferas catalíticas são também opção para detetar gases combustíveis, mas como são mais sensíveis a contaminação podem exigir mais manutenção.

Com uma grande variedade de produtos para escolher, podem considerar-se fatores de escolha;

I. Saber o que medir antes de poder decidir sobre um detetor e a partir do qual se identifica, de entre os sensores, os que melhor se adequam aos riscos conhecidos e presentes no espaço confinado (ex. um detetor de gás dar leitura de concentração no Oxigênio (O2). De IPVS para o monóxido de Carbono (CO) e Limite Inferior de Explosividade (LIE). para H2S.

II. Certificar-se da identificação da faixa de deteção, isto é, se o dispositivo deteta as concentrações mínimas e máximas de gás e o intervalo de deteção (muito estreito, podem perder-se concentrações de gás mais baixas, ou sendo muito amplas podem não fornecer a precisão necessária para detetar os níveis de gás);

III. Frequência de calibração e o processo envolvido, aqui detetores com calibração frequente, podem envolver muito tempo de inatividade e mais custos. Com autocalibração ou intervalos mais longos pode aumentar a eficiência e reduzir o tempo de inatividade, considerar se o dispositivo pode ser calibrado no local ou se precisa ser enviado ao fabricante, afetará a continuidade de utilização;

IV. Durabilidade e confiabilidade, importantes no suporte de condições adversas, como temperaturas extremas, poeiras, exposição à água e resistência a choques físicos, uma construção robusta garante desempenho e eficácia, mesmo em ambientes desafiadores. A confiabilidade é fundamental para obstar a alarmes falsos ou deteções perdidas com consequências catastróficas para os objetivos.

V. A facilidade ou uso é fundamental, especialmente em situações de emergência onde leituras rápidas e precisas são necessárias. Dispositivos com design e interfaces intuitivos, telas claras e operação direta minimiza a probabilidade de erros nas leituras pelo operador. O tamanho o peso e portabilidade facilita as tarefas dos utilizadores.

VI. A conformidade com a legislação de segurança e saúde ocupacional, normas em vigor e os padrões e regulamentos relevantes do setor dão a confiança de um equipamento seguro e eficaz e atende a certos padrões de segurança e desempenho para uso mesmo em ambientes perigosos.

Métodos de medição e monitorização

A medição deve ser feita a partir do lado de fora do local confinado, com o auxílio de uma sonda ou mangueira que deve estar conectada ao detetor a ser inserida no interior, de acordo com a densidade dos gases, será identificada a perigosidade. Poderá recomendar-se o teste da atmosfera com intervalo de um metro e meio na direção do caminho e lateralmente, a cada nível.

Existem duas maneiras de utilizar detetores de gases portáteis: monitorização remota (por transmissão de dados a um ponto distante) ou presencial (quando o trabalhador estiver com o detetor apenso ao seu equipamento de trabalho por exemplo no vestuário). Em ambos os casos, é preciso que os gases entrem em contato com os sensores do detetor por meio da difusão dos gases, de forma passiva.

Na monitorização remota são necessárias medidas adicionais ou redundantes de informação ao trabalhador no local de forma a este possa sempre adequar o seu comportamento ao risco do momento.

A monitorização também pode ser feita por meio de um conjunto contendo detetor, bomba de amostragem e flexível, sonda, e outros acessórios. o sistema proporciona o acesso dos gases aos sensores e força o contato gás/detetor, o alarme indica a obstrução do fluxo de ar coletado para amostragem. O conjunto equipado com os seus acessórios deve ser testado antes do uso e o detetor.

Caso sejam utilizados acessórios para realizar monitorização remota, a extremidade da linha de amostragem não deve entrar em contato com líquidos ou partículas, evitando medidas erradas e danos ao instrumento;

Utilizar somente linhas de amostragem e sondas aprovadas pelo fabricante ou fornecedor, conforme descrito no seu manual.

Equipamentos que para monitorizar o espaço confinado:

I. Explosímetro: Avalia e regista a concentração de gás inflamável no ar);

II. Insuficiência de oxigénio: Preparado para medir o conteúdo de oxigénio, tem por objetivo determinar se a presença de oxigénio é em quantidade suficiente para sustentar a vida humana e para controlar o conteúdo de oxigénio de uma atmosfera inerte.

III. Detetor de monóxido de carbono: Mede as concentrações de monóxido de carbono;

IV. Detetor de H2S - Sulfureto de hidrogénio: Equipamento munido de uma ampola detetora acoplada à extremidade de um fio (corda ou cordel) que se lança por uma boca de inspeção enquanto o trabalhador permanece no exterior, comparando-se depois a cor da ampola exposta com uma carta cromática.

Medidas preventivas para espaços confinados

As medidas preventivas em espaços confinados podem subdividir-se em:

a) Medidas de carater geral;

b) Medidas para o local;

c) Trabalhos com fogo

Destas medidas me ocuparei no próximo número.

…Continua no número seguinte…

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